Capítulo 1

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Anos atrás

Christian Silva

- Não... Por favor ! - o grito de mamãe ecoou junto com o barulho de coisas quebrando, logo seguido por um grito alto, me levanto e olho em direção as escadas confuso com tudo.

Mamãe estava feliz com o tal bebê que estáva em sua barriga e que eu teria que proteger e cuidar, então eu estava feliz também. Ela prometeu nunca deixar de me amar.

- Vamos fazer brigadeiro, Chris ? - O titio Menor me puxa e tampa minhas orelhas falando algo animado, e me levando para a cozinha e botando uma música no rádio e para começarmos a fazer o tal brigadeiro. Um grito alto ecoa e eu me encolho na cadeira.

- Papai tá bravo por causa do bebê ? - encaro meu tio e ele me olha surpreso por um minuto.

- Que bebê ? - sua expressão muda completamente.

- O que tá na barriga da mamã...- antes mesmo que eu termine de falar titio sai correndo e com isso fico ali na cadeira, mais gritos são ouvidos e tento descer mas acabo caindo.

DIAS ATUAIS

- Merda - levanto em um pulo da cama perdido com o que aconteceu, o suor gelado me fazendo arrepiar, não consigo me lembrar se isso é um sonho ou se meu cérebro está inventando. Já tem alguns anos que mamãe sumiu, quando eu tinha 6 anos ela mudou completamente, não sei o que aconteceu mas ela perdeu todo o brilho que carregava.

Melane foi perfeita como mãe, sabia que meu pai era Richard e que Bryan era somente um homem que ajudou a minha mãe e me criou como um filho de verdade. Me dando amor e me ensinando tudo que era necessário.

Me levanto e vou em direção ao banheiro tomando um banho  e deixando com que a água morna tire todo o sentimento estranho que me preenche. Pego uma toalha e me enrolo, saindo do banheiro e indo ao closet, pego somente uma cueca e indo ao pequeno criado mudo ao lado da cama, aperto o pequeno objeto em minha mão. A borboleta de diamantes que não saia do pescoço da minha mãe, era uma lembrança constate dela em minha vida e do seu amor. Jogado naquela cama me perco nos pensamentos, buscando também uma carta de anos atrás.

As 6 horas da manhã desisto de tentar dormir e me levanto, hoje era sábado e por mais que soubesse que não havia ninguém na biqueira por causa do Baile que acabou a alguns minutos, resolvo ir e resolver algumas coisas.

Ando até o closet e pego uma calça jeans e uma regata, passando um desodorante e perfume logo em seguida. Pego um gel e vou ao banheiro fazendo um topete bagunçando no cabelo e volto até o criado mudo para guarda o colar e pegar um relógio qualquer.

Me encaminho até a porta e saio logo em seguida me encaminhando até a cozinha. Abro a grande geladeira e observo todo o ambiente, mamãe mandou trocar tudo, desde as cerâmicas até mesmo as torneiras, não entendia bem o porquê ela gastava tanto  redecorando a casa, mas para ela nunca estava bom. Gastando e consumindo mais roupas e sapatos do que o necessário, mas mesmo assim eu via o quanto ela estava triste, mesmo sorrindo.Era raro os momentos que aqueles sorrisos eram sinceros.
Pego o leite e a caixa de cereais no armário, pegando logo também uma tigela para fazer a mistura, me sentando na bancada e comendo. Depois que ela sumiu papai não deixou trocar ou tirar qualquer coisa do lugar, sabia que ele a amava mas não entendia o que aconteceu.

Me levanto e levo as louças para a pia e as lavo, enxugando as mãos em um pano de prato assim que termino. Pego meus remédios e o tomo, arrumando no mesmo esquema de sempre. Dou mais uma olhada no cômodo e saio para a garagem. Observo todos os carros e motos que tem ali e opito pela CJ6, era meu bebê, fora que pilotar até a boca seria mais rápido e até mesmo para resolver algumas questões.

Subo nela e acelero, acenando para alguns vapores que vejo e seguindo entre os becos para lá mais rápido. Ainda não fiz os meus 17 anos mas BM me deu de presente a moto para que ficasse mais fácil o meu dia-a-dia.

(...)

Estacionando em frente a biqueira, comprimento alguns vapores e até mesmo paro para conversa com outros, todos me respeitam e isso é o mais importante para mim. Passo pela porta e vou direto para o escrito, encaro o cômodo; tem uma mesa grande no centro  com uma poltrona, do lado direito há um armário e uma porta na onde se guarda o acernal caso seja necessário o acesso rápido para as armas.

Me sento na poltrona de couro, pesco a chave na minha carteira e abro a segunda gaveta pegando os papéis com a contabilidade e separando os pagamentos para segunda. Tento me concentrar nos papéis mas a tatuagem em meu antebraço me fez para por um momento, quando tive a ideia de fazer uma tatuagem o certo seria o nome de mamãe mas me lembrei por um momento uma palavra que ela sempre me falava ; Maktub.

Uma vez perguntei a ela o porquê ela tinha essa tatuagem e até hoje as palavras delas ecoam em minha cabeça :
" Maktub vem do particípio passado do verbo kitab É a expressão característica do fatalismo muçulmano, meu amor!
Maktub significa: estava escrito
Ou melhor: tinha que acontecer
Essa expressiva palavra dita nos momentos de dor ou angústia
Não é um brado de revolta contra o destino
Mas sim a reafirmação do espírito plenamente resignado
Diante dos desígnios da vida. Sempre se lembre dela e nunca se esqueça do seu significado."

Tentei entender durante muitos anos o que ela queria dizer com isso, e de certo até hoje não entendo direito, talvez ela só queira dizer para esperar o futuro me dizer o que tem que acontecer em minha vida. Mas uso essa palavra como um bote salva vidas, como se ela fosse resolver tudo que ficou bagunçado.

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Sim, sim, sim meninas ! Primeiro capítulo já começou com o nosso Chris ♥️ Devo falar que amei escrever o capítulo narrado por ele, colocar uma perspectiva diferente foi uma ideia que tive e espero que vocês tenham gostado.

Atrás das Grades - Second seasonOnde histórias criam vida. Descubra agora