Capítulo Vinte e Dois

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Ryen Denver

Primeiro dia de aula e eu me sentia como uma criança quando vai para a escola pela primeira vez, assustada, com medo do desconhecido e não conseguir se encaixar.

Estar na Universidade com tio Joseph foi completamente diferente, ele estava vazio e quase sem alunos, hoje ele estaria lotado de alunos e a única coisa que desejava para esse período é não atrair atenção desnecessária, tanto eu quanto Aidan éramos fofoca antiga e queria que continuasse assim. Não queria brigas ou problemas, só focar nas aulas, trabalhos, provas e passar um tempo agradável com meus amigos e namorado, não é um desejo impossível de se realizar, mas, infelizmente, isso não dependia apenas de mim, Aidan, Julian ou Flora e sim, de outras pessoas que eu não desejava ver em minha frente.

Aidan dirigia tranquilamente ao meu lado com uma mão no volante e outra na minha perna, seus dedos batucavam a minha coxa no ritmo de uma de suas músicas, ele parecia leve e relaxado. Há alguns dias ele tinha ido tomar café com Elizabeth enquanto eu fui acompanhar Julian em seus exercícios, nos encontramos no final do dia em casa, a princípio um café virou uma visita no apartamento recém adquirido e decorado de sua mãe, eles estavam passando um bom tempo juntos, o que me deixava bem feliz e ao mesmo tempo com inveja. Porque eu sentia falta de minha mãe, por deus, como eu sentia. Sentia falta de mandar mensagem para ela falando sobre as aulas, acontecimentos e tudo que envolvia a vida universitária e ela ao invés de me responder por mensagem, me ligava para contar sobre o seu dia na floricultura, suas saídas com meu pai e as fofocas que circulavam pelo bairro. Sentia falta de sair com ela, ir ao shopping, cinema ou só ficar em casa de bobeira com ela e meu pai. Nunca mais teria isso.

Aidan, perdeu o pai, mas não precisava perder a mãe também, eu desejava que não, porque pior do que perder alguém para morte é perder para a vida, saber que ela está aqui e ao mesmo tempo não está. Elizabeth ainda é uma incógnita para mim, tivemos pouquíssimas interações e em momentos que estou distraída, me vem um pensamento de que posso colocar a perder toda a boa relação que Aidan está voltando a ter com a mãe. Quero tê-lo comigo, estar com Aidan me faz que feliz é como se meu corpo fosse energizado, as cores pareciam mais brilhantes, o céu mais azul, o vento mais intenso, o sol mais caloroso, tudo soava melhor com ele ao meu lado, podem dizer que começo de relacionamento é assim mesmo, tudo perfeito e com o passar do tempo os problemas vão aparecendo e a magia sumindo, porém eu cresci vendo meus pais vivendo um eterno começo de relacionamento, apesar das brigas, eles continuaram tão apaixonados um pelo outro quanto no dia que se conheceram. E desde pequena foi um amor parecido com o deles que desejei e agora, encontrei, contudo qual o custo de levar para frente esse amor se um dos lados pode perder a única família que restou?

Junto com todas as minhas inseguranças, as palavras de Taylor invadem minha mente, suas palavras se misturam com meus pensamentos e quando não tomo cuidado, eles viram uma espiral pela qual desço continuamente sem conseguir sair.

Queria ser mais egoísta e não dispensar nenhuma preocupação sobre Aidan e sua relação com Elizabeth, entretanto, é impossível não pensar que passamos por tantas fases desde o ódio até o amor e agora, que vencemos todas as barreiras que tinham se apresentado até então, correr o risco de perder o que temos.

— Ei, diaba, está aí? — Aidan me chama, afastando os pensamentos da minha cabeça, tiro os olhos da rua e o encaro. Sua pele está mais bronzeada pelo sol, os pequenos cachos estão crescendo, para minha alegria, e diferente de mim, ele parece animado com a volta das aulas, afinal é o seu último período.

— Estou, só um pouco distraída. — respondo, levando a mão até sua nuca e acariciando com a ponta dos dedos.

— Preocupada com a volta das aulas?

Não Conte a Nossa Verdade - Livro II [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora