Capítulo Trinta e Cinco

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Ryen Denver

Meus amigos estão estranhos e eu não sei dizer o motivo. Eles começaram me fazendo perguntas estranhas, tipo, qual a minha comida favorita, se eu preferia ouro ou prata, se eu gostava mais do sol ou do contorno de ondas. Fui respondendo as perguntas sem muita atenção. Comida favorita: pizza. Ouro ou prata: prata. Sol ou onda: sol.

Estou enrolada com as aulas, os trabalhos estão sendo jogados em cima dos alunos, meus professores iriam aplicar três esse semestre além de dois seminários, talvez por isso, eu não tenha dado muita atenção às suas perguntas. Porque eu estou fodida para dar conta de tudo isso e ainda lidar com toda a confusão que minha vida está.

Não podia deixar de me perguntar se iria precisar buscar outro apartamento para morar ou encontrar algum dormitório livre na Universidade, eu genuinamente esperava que não chegasse a esse ponto. Mas se chegasse, eu tinha o dinheiro para comprar um lugar só para mim, o dinheiro da venda da minha casa em Nova York e da Floricultura estavam rendendo no banco, porém, se fosse necessário, eu iria usar o dinheiro apesar de ter imaginado outro uso para ele. Como uma viagem para comemorar a formatura de Aidan na universidade, só que eu acho que agora eles seriam usados na compra de um apartamento do que de passagens aéreas e diárias de hotel.

Avisei Julian e Flora que não iria almoçar com eles, porque precisava terminar um resumo imunologia que junto com Aidan está tirando meu sono. Entrei na biblioteca e fui direto para a área de medicina, procurando por livros que tratavam de imunologia, peguei três deles recebendo um olhar raivoso de outro aluno de medicina, acho que seu nome era Greg e estudava comigo, assim como eu, ele também precisava dos livros, bom, pena para ele, eu cheguei primeiro. Dou um sorriso sem graça e aviso que não irei demorar com os livros, ele não acredita muito em mim, mas concorda.

Procuro uma mesa tranquila e um pouco distante dos outros, largo os livros em cima da mesa e sento na cadeira, tirando meu notebook, caderno e canetas da mochila, arrumo tudo em cima da mesa e me preparo para estudar, com o fone de ouvido plugado no notebook abro um vídeo de som ambiente e começo a estudar. Contudo, algo à minha direita me chama atenção, Kellan caminha tranquilamente entre as mesas procurando um lugar para sentar, ele escolhe uma mesa próxima a mim e finalmente parece perceber que estou ao seu lado, com uma cordialidade que não esperava vinda dele, ele ergue a mão num aceno rápido, um tanto surpresa, retribuo e volto minha atenção para meu resumo.

Não sei quanto tempo fico na biblioteca, mas Kellan fica ao meu lado estudando durante todo o tempo. Não me lembro qual o curso que ele faz, mas sei que nossos prédios são próximos, ele fica lá estudando, algumas vezes mexe no celular, olha na minha direção. Ignoro a sua atenção quando está voltada para mim, hoje, com certeza, está sendo um dia atípico. Quando enfim termino de estudar e o resumo, minhas costas estão doendo pelo tempo que passei encurvada e minha mão dói pelo tanto que escrevi, passo o olho novamente no resumo que depois de escrever a mão, passei para um documento no word, assim eu corria menos risco de perder um dos dois. Recolhi minhas coisas e guardei na mochila, procurei por Greg(?) na biblioteca, mas o encontrei, ele já deveria ter ido embora. Devolvo os livros no lugar e aceno em despedida para Kellan, ele devolve o aceno com um pequeno sorriso, me fazendo franzir levemente o cenho.

Definitivamente, um dia estranho.

Quando estou do lado de fora do prédio, sou obrigada a apertar os olhos devido a claridade, pequenos pontos pretos brilham a minha frente, eu tinha comido apenas uma maçã de manhã porque meu estômago estava embrulhado com as possibilidades de precisar comprar ou alugar um apartamento para mim. E depois disso, não comi mais nada, conseguia imaginar e ouvir o discurso que Aidan faria reclamando da minha falta de atenção com minha alimentação e como era perigoso ficar tantas horas sem comer, como eu poderia pegar uma moto sendo que fico horas sem comer, que isso poderia causar um acidente... Meu deus, como eu sentia falta dele, sentia falta de sua chatice e manias de organizações. Sentia até falta de suas reclamações comigo.

Não Conte a Nossa Verdade - Livro II [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora