Capítulo Um

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Aidan Denver

Eu sabia que estava sonhando. 

Não era a primeira vez que tinha aquele sonho, nem sabia que a mente humana tinha a capacidade de repetir o mesmo sonho várias vezes seguidas. Mas ela tinha. 

Porque, mesmo exausto dos treinos na academia, boxe e noites no The Hook, eu continuava sonhando com aquele maldito dia. Ele não sumiu das minhas lembranças, o cérebro humano tem a capacidade de bloquear memórias traumáticas, então porque ele não bloqueia as daquele dia? 

O sonho começava como todos os outros: chegava em casa após um dia longo na faculdade, a mochila e sapatos dela estavam espalhados pela sala, eu ria em negação com a sua falta total de organização, caminhava para o quarto, deixava as minhas próprias coisas no meu quarto. Voltava para a cozinha indo em direção da geladeira vendo o que poderia fazer para o jantar porque se dependesse dela pediríamos comida todos os dias, porque ela era simplesmente péssima na cozinha. Além de bagunçar tudo e sujar uma quantidade desnecessária de louça, queimava até um simples miojo. Vendo as opções dentro da geladeira, escolhi um filé de frango, talvez com molho, uma parmegiana mas sem a fritura… o barulho da porta de seu quarto sendo aberta ecoou pela casa, rio novamente, depois diz que não é barulhenta. Ryen aparece na sala vestida com a minha camiseta, que soasse imbecil, babaca ou qualquer outra porra, mas vê-la com a minha camiseta mexia de uma forma intensa comigo. 

Minha camiseta.

Minha gostosa.

Minha Ryen

Suas mãos suaves se infiltraram pela barra da camiseta que vestia, quentes, me abraçaram por trás e seu queixo veio de encontro ao meu ombro, ela deixou um beijo na minha bochecha. 

— Vai fazer de janta? — perguntou, espiando o que tinha na pia. 

— Meu dia foi ótimo, Ryen, obrigado por perguntar. — ignoro sua pergunta. Ela nunca deixava de ser uma folgada mesmo. 

— Fico feliz que seu dia tenha sido bom, mas o que teremos para jantar? — pergunta novamente enquanto se enfia no espaço entre eu e a pia. Quando a tenho na minha frente, agarro sua bunda colando seu corpo ainda mais no meu. 

— Vou parecer um cara idiota se responder que a minha janta será você? 

— Muito, Aidan. — ela ri aproximando seus lábios do meu. — Mas se fizer um bom jantar, posso pensar em ser a sua sobremesa. 

Foi a minha vez de rir. Seu nariz raspa no meu enquanto subo uma mão pelas suas costas, agarro uma parte dos fios em sua nuca fazendo sua boca colar na minha. Beijar Ryen era sempre uma experiência única e diferente. O meu corpo já reconhecia o dela de tantas formas, reconhecia seus contornos, curvas dos lábios, os movimentos da língua, seus sabores. E ao mesmo tempo, cada momento com ela era único, cada beijo com ela gerava uma sensação diferente em mim. Estremecia minhas pernas e dificultava minha respiração. 

— Você consegue ser tão pior quanto eu… — sussurrei contra a sua boca. 

 — É por isso que nos completamos, Aidan, porque eu sou tão pior quanto você. — o sorriso de canto, os olhos verdes elétricos. 

Era ali que tudo desandava. 

Não.

Não.

De novo, não. 

Ainda com Ryen em minha frente, noto um frasco de remédio em cima da bancada.

Não olhe, Aidan!

Ignore! 

Não olhe, por favor.

Não Conte a Nossa Verdade - Livro II [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora