Capítulo Dezesseis

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Ryen Denver

O sangue ainda fervia nas minhas veias quando entrei em casa.

Eu tentava o máximo possível esquecer a situação com Taylor no carro, na verdade, ainda não entendia direito o que havia dado na garota. Tudo parecia bem, Aidan mesmo sem ter ido nada parecia bem mais leve e relaxado na presença dos amigos, o que me deu a entender que eles conversaram e tudo estava bem. Mas por algum motivo Taylor resolveu agir como uma vaca e estragar o bom clima do carro.

Eu entendia sua preocupação com Aidan, eles eram amigos, melhores amigos, de longa data e não queria vê-lo triste de novo. Eu sabia que para ele foi difícil precisar ouvir tudo o que contei, sobre a ligação, sobre ter pedido para nosso pai ir me buscar porque estava bêbada demais para voltar para casa sozinha, sobre o meu medo de Andrew, os meus gritos e confissões... Aidan teve muitos pesos jogados sobre seus ombros e, agora, teria que contar para sua mãe sobre nós. Não era indiferente a o que isso significava para ele, porque nós dois podemos não ter culpa das escolhas do nosso pai, mas somos responsáveis pelas nossas próprias decisões.

Seria muito mais fácil se não tivesse me apaixonado por ele, seria mais fácil se tivesse me interessado por qualquer outra pessoa. Seria mais fácil se ele tivesse se apaixonado por outra garota. Uma que não fosse a filha da amante de seu pai, não fosse a responsável pela morte dele, eu tinha mais contras do que prós e mesmo assim, ele gostava de mim, mesmo com todos os problemas que nosso envolvimento representava para ele.

Ele teria uma relação muito mais tranquila com seus amigos e mãe se gostasse de outra pessoa. E eu não podia evitar os pensamentos de que seria melhor terminar tudo agora antes que tudo explodisse de novo e alguém terminasse machucado.

Mas eu era egoísta.

Egoísta demais para dar as costas para uma das únicas coisas boas que surgiu na minha vida depois da morte dos meus pais. Egoísta demais para abrir mão da pessoa que fazia meu coração bater forte e alto, minha respiração se alterar e todas as borboletas voarem por meu estômago.

Nunca tinha sentido por ninguém o que sentia por Aidan. Nem por Brian, que namorei do último ano do colégio até alguns meses atrás. Não, as sensações que Aidan me proporciona não eram nada parecidas com o que Brian me fazia sentir. Com Aidan, eu me sentia protegida, acolhida, ansiosa, contudo não era aquela ansiedade ruim, a ansiedade era porque queria estar com ele, ouvindo suas reclamações da minha bagunça, meu gosto musical, minha falta de habilidade na cozinha. A nossa relação era natural, cresceu de forma natural e intensa. Tão intensa que em poucas semanas saiu de nada para tudo.

Com Aidan, eu me sentia a Ryen. Não um acessório ou um troféu igual me sentia do lado dos meus antigos relacionamentos, talvez não fosse a intenção deles, mas nenhum tinha muita paciência para me ouvir falar as aulas e explicar sobre as especialidades médicas ou aguentar todos os meus comentários durante os filmes, porque não conseguia ficar quieta e focar apenas no que acontecia na tela. E Aidan ouvia cada um dos meus comentários, pausava o filme se necessário para ouvir meus comentários, grifava meus livros quando pedia...

Estar com ele era simples e complicado ao mesmo tempo. Simples porque o amor que sinto por ele cresceu fácil, fácil, apesar do ódio inicial e ressentimento, no nosso dia a dia, ele foi germinando devagar, sem pressa, no começo pode ter sido tesão e atração, afinal, Aidan é gostoso demais e estar perto dele mexia com meu corpo, com a minha imaginação e pode ter sido o tesão que nos uniu à princípio, mas, foram as outras pequenas coisas que me fizeram apaixonar por ele. O seu cuidado chato com a minha alimentação, suas manias de organização e como ele se esforçava para não ficar ajeitando minhas roupas por ordem de cor quando voltava da lavanderia, as suas implicâncias sobre as músicas que tocavam pela casa, suas tentativas de me levar para academia. A forma como ele me defendeu quando me ofenderam.

Não Conte a Nossa Verdade - Livro II [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora