Prólogo

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Era noite.

Cinco homens de ternos pretos e posturas alinhadas conduziam aquele que era conhecido como Don da Brat, o senhor de cinquenta e três anos: Armando Petrov.

Seus cabelos quase por inteiros grisalhos, que carregavam muitas experiências e aventuras, estavam penteados e endurecidos de gel para trás, de óculos escuros — embora fosse noite — e um terno super alinhado azul marinho, ele chamava atenção por onde passava. Em seus dentes haviam grills de ouro e em sua sobrancelha piercing de mesmo metal.

Armando Petrov, era um tremendo partido. Embora já fosse pai de filhos e filhas crescidos, e até mesmo avô.

O Don se dirigiu a um restaurante de seis estrelas acompanhado de seu Consigliere, Chefe e os outros cinco homens que no nível hierárquico estavam na posição de soldados. Preparados fisicamente e  psicologicamente para agir da maneira mais perversa e cruel possível, apenas para proteger o Don ou simplesmente obedecê-lo...

O restaurante era de um dos sócios dessa grandiosa máfia. Em seu andar privativo havia uma sala destinada apenas para os fins profissionais dos membros dessa organização.

Onde aconteciam reuniões que eram regadas de boas bebidas e comidas excepcionais.

E essa reunião definiria algumas coisas importantes.

Fazem apenas três dias que em uma reunião, a base da máfia russa Brat sofreu um grande e engenhoso ataque.

Dentre os mortos...  Augustos Petrov — Filho mais velho e sucessor de Armando —, teve em seu corpo perfurações de balas e sinais de multilações, como um aviso de que Brat mesmo que forte, organizada e antiga estava sendo ameaçada, e por isso se fazia necessário tomar duas atitudes:

A primeira: uma terrível peneira para descobrir qual boca se abriu e passou informações valiosas, informações essas que levaram o primogênito a sepultura.
Esta boca se fecharia perpetuamente, após receber a mesma quantidade de disparos que Augustos recebera em todo corpo.

A segunda: ainda mais força, ainda mais organização, mantendo a tradição...

— Don. — Uma mulher magra e alta, de cabelos presos e maquiagem perfeita se aproximou elegantemente com voz gentil. — Ele chegou.

Um sinal com o dedo indicador para cima do Don, foi o suficiente para que todos os soldados saíssem daquela sala deixando apenas os três maiores da organização: Don, Consigliere e Chefe.

— Vai nos dizer seu plano agora? — A mulher de cabelos pretos e aparência elegante falou com voz firme e ainda assim baixa.

— Querida Rosemary, não seja tão apressada. Boas surpresas sempre são acompanhadas de um bom suspense.

— Você quer me matar do coração, isso sim. — A Consigliere deixou seu último comentário antes que a mesma moça que outrora havia trazido uma notícia, trazia consigo desta vez, uma figura masculina, alta, de roupas pretas e chapéu que cobriam boa parte de seu rosto. Neste momento Rosemary e Alec se entre olharam, como quem fazia a pergunta mais óbvia do momento: quem era aquele homem?

— É um prazer finalmente conhecê-lo. — Don se colocou de pé e estendeu a mão para o homem que se aproximava. Em respeito Rosemary e Alec seguiram o gesto de seu líder e também se colocarem de pé embora não soubessem de quem se tratava. — Jhonatan Canom, obrigada por me encontrar.

— Não precisa de tanta formalidade. — O homem finalmente os olhou revelando assim seu rosto marcante e passivo, com um sorriso ladino e misterioso, apertou a mão de Armando, em seguida da mulher e do homem que estavam ao seu lado. — Os líderes da Brat, é ótimo finalmente conhecê-los. — Seus olhos passearem sob Alec o analisando,  mas pesaram ainda mais sob Rosemary, não era comum ter mulheres ocupando posições tão altas como esta. — Temos alguns negócios que deram certo, então estive curioso para saber a nova proposta.

Assim como Jhon, os outros dois também estavam curiosos.

— Sei que gosta das coisas claras e diretas. — Armando disse enquanto se sentava e os outros três repetiram seu gesto. — Não vou faze-lo perder tempo. — Jhon assentiu enquanto ainda o encarava atento. — Brat sofreu um ataque há três dias, vinte sete homens mortos e muitos outros feridos... Entre os mortos, Augustos meu filho se foi. — Ele hesitou, mas não era hora de dar para trás. — Brat ainda é a mesma mas eu não sou. — Rosemary e Alec encararam o homem enquanto ele continuava a falar. — Proponho uma aliança de famílias entre Brat e Caim.

— Senhor.. — Jhon não estava surpreso, quase nunca expressava reações.

— Não, escute: Eu não posso continuar, se não por irracionalidade comprarei briga com todas as máfias do mundo até que encontre quem e por que matou meu filho. — Ele estava desesperado e esperançoso. — Sei do seu histórico e confio no seu potencial, lhe darei a Brat, minha confiança e minha filha. Você é inteligente, forte e jovem, pode continuar com os negócios e revidar de maneira mais elegante do que eu, que já estou velho e agora emocionalmente abalado. — E isso era humilhante de falar em voz alta, mas Armando amava mais a máfia do que a própria família, e por isso sabia que estava na hora de sair de cena.

— Por que não um de seus filhos?

— Nenhum estava preparado como Augustos. — Ele foi cirúrgico.

— Também fiz minha tarefa de casa, senhor. — Jhon era sempre respeitoso embora a sua fama dissesse totalmente o contrário. — Todas suas filhas já são casadas.

— Há uma.. — Ele estendeu uma ficha. — Seu nome é Amélia Blake, e ela é nosso selo de união. Lhe entrego Brat, minha confiança e minha filha e em troca só te peço uma coisa: encontre quem matou meu filho, e entregue em minhas mãos.

(...)

A Face Do DisfarceOnde histórias criam vida. Descubra agora