Jhonatan Canom narrando.
A jovem mulher me encarava com a sombrancelha arqueada e uma expressão matadora. Ela não parecia ser a doce e ingênua moça que me foi apresentada em uma pasta marrom. Ela parecia ser traiçoeira e ardilosa o que dava o contraste perfeito com seu rosto quase que angelical. Joguei a pasta em cima da mesa e me sentei em sua frente, enquanto ela ainda com os olhos em mim, recolhia o documento.
— Um contrato? — Ela falou assim que bateu os olhos na primeira linha escrita daquele papel bem conservado.
— Isso, boneca. — Eu a encarei. — Um contrato, entre mim e você. — Eu suspirei. Embora fosse o Don de uma das maiores facções criminosas do mundo atualmente, fora dela eu era o advogado Jhonatan Canom, e por isso tomo cuidado com literalmente todas e quaisquer ligações que eu possa fazer seja profissional ou não, para que o Don não suje a imagem do Jhonatan.
— Sem palavrões?! — Então quer dizer que isso foi a primeira coisa que realmente incomodou ela neste contrato? Reprimi um riso e continuei a observando. — Acha que eu não sou boa o suficiente pra você, doutor? — Ela me provocou. Essa mulher parece ser impossível, puta que pariu.
— Você quem está dizendo. — Eu me levantei novamente. — Não sou como seu pai, Amélia. Tenho uma vida fora do crime e preciso zelar dela. — Ela me olhou atenta. — Tenho amigos e família que não são envolvidos com tudo isso, e sinceramente eu imaginava que minha esposa não fosse também. Mas cá estou eu. — Passei a mão nos cabelos e a encarei. — Este contrato é apenas para que fiquemos "kits" , eu sei que é horrível se casar a força, mas eu não poderia dizer não ao seu pai, afinal eu não tenho literalmente nada a perder, só a ganhar.
— Tsc. Você é só mais um ganancioso de merda. Ao menos então dê a vingança que meu pai espera.
— Eu sempre cumpro minha parte do acordo com excelência. — Sustentei meu olhar no seu e ela o desviou, pela primeira vez.
— Analisarei o contrato e te entrego com as modificações amanhã. — Ela se levantou e deu alguns passos lentos, passando por mim deixando seu cheiro que era doce, e como quem desfila saiu pela porta com aquele vestido branco que evidenciava sua bunda bem feita. Ela sabia que eu estava fitando-a.
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— Eu não tenho nada com isso, eu juro! — O homem com os olhos cheios de lágrimas se tremia, enquanto seu olhar desesperado fazia um belo contraste com suas mãos para cima. Ele estava chegando ao limite. — Por favor...
Cruzei os braços ainda sentado em frente ao homem, analisando cada micro expressão e gesto que seu corpo fadado a tortura poderia fazer. Relaxei a postura e sorri para ele.
— Se você confessar eu te deixo vivo. — Comecei falando enquanto olhava para meu relógio. — Se você não confessar eu te deixo meio vivo. — Levantei-me e coloquei as mãos nos bolsos enquanto dava alguns passos. — Então senhor, eu tenho um casamento para ir daqui umas horas e antes disso tenho uma reunião referente a um contrato importante. — Hesitei. — Então você vai abrir a porra da boca ou eu vou ter que te forçar a isso com um tiro nela? — Eu o encarei.
— Não... Eu não...
— Você não tem a opção de falar "não". — Eu estava perdendo a paciência e o tempo. — A todo não que sair da sua boca eu te dou um tiro em um lugar que eu sei que vai doer e não vai te matar. — O homem engoliu a seco enquanto seus olhos estavam vidrados em mim. — Então vamos começar de novo, Josué. — Fui gentil. — Me diga o que eu quero saber...
— Eu não... — Puxei o gatilho antes mesmo que ele terminasse a frase, e a bala perfurou seu pé. O homem soltou um grito estridente enquanto se tremia inda mais, vendo de seu próprio sangue correr pelo chão.
— Mais uma chance? — Eu sorri. — É meu casamento, e eu estou bonzinho hoje... Então eu vou te dar mais uma chance, Josué meu amigo. — Rick apareceu na porta e veio até mim, anunciando que minha noiva estava me esperando em minha casa. Assenti e encarei novamente o verme que estava a minha frente. — Vamos lá? O tempo está acabando e eu não gosto de me atrasar. — Me conte, o que você fez.
— Você vai me deixar vivo?
— Sim! — Eu gargalhei. — Se você me contar eu te deixo vivo, se você não me contar eu vou começar a arrancar seus membros e só então te deixarei livre. — Eu me aproximei. — Você está fazendo a escolha certa.. — O homem que estava ofegante e perdendo muito sangue baixou a cabeça.
— E-eu não sabia que ela era filha de um dos seus. — Cruzei os braços o ouvindo. — Ela estava na rua durante a noite e eu não sei por que fiz isso, eu só... Eu.. agarrei ela e...
— Cala a boca! — Eu gritei. — Eu mudei de ideia.
— Não.. não.. não... — Ele falou e eu disparei mais três vezes, uma em cada mão e a terceira em sua coxa... Mais gritos vinheram dele, que soavam agora como músicas para meus ouvidos.
— Chamem Emerson. — Eu ordenei e um dos soldados saiu a procura do meu homem que agora estava com uma filha machucada, traumatizada e assustada. — Vou te apresentar o pai da garota que você abusou, darei a ele a ordem de arrancar seus membros, um a um...
— Por favor, me mate!
— Eu ri. — Óbvio que não. — Eu peguei em seu rosto e o apertei. — Você vai viver todos os dias, pensando nas horas que passou na companhia de homens de verdade. — Eu o soltei. — Não foi divertido estuprar uma menina de onze anos que só estava passando pela calçada do prédio com o cachorrinho às cinco da tarde? — Eu o encarei. — Deixa eu te contar um segredo, também vai ser muito legal a cela que eu consegui pra você, com uns amigos que medem mais ou menos dois metros e querem muito alguém indefeso sem mãos ou pernas, para... Brincar. — Ele chorava descontroladamente na mesma medida em que sangrava. — Boa sorte Josué e muito obrigada por agilizar meu trabalho!
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A Face Do Disfarce
Ficção GeralAmélia Blake é uma jovem mulher que vive sua vida pacata em um bairro suburbano, sustentando-se a custas de aulas de músicas particulares e um negócio virtual promissor de vendas de livros de segunda mão. Quando uma tragédia acontece em meio a sua...