Capítulo 07 | O Grande Dia - II

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Faziam cinquenta minutos que eu estava ali.

A casa de Jhonatan era minimalista, com uma paleta de cores que intercalava entre cinza, preto e branco. Nada de fotos ou objetos decorativos. Um dos homens da Brat me deixou aqui e se foi, e agora estou sozinha analisando e conhecendo o ambiente. Diferente de outros Don, este mora em um apartamento no centro da cidade que não é de muito luxo e não coleciona carros ou quaisquer objetos milionários que somente mafiosos e políticos teriam — quase todos se encontram em posições nessas duas classes —.

A cozinha era de mármore branco e tinha os móveis de mesma cor, e era extremamente limpa e organizada. De repente me sobreveio uma pequena lembrança de como era meu cafofo no subúrbio e um pequeno aperto em meu coração se fez presente. Suspirei pesado. Eu daria tudo para ter uma vida normal.

Ao virar há um corredor e nele há algumas plantas de verdade. Quatro portas disponíveis, a primeira um escritório que eu julgo ser de advocacia já que ele não relaciona nada da máfia com a vida pessoal. E ironicamente estará se casando com uma soldado de outra facção. A segunda porta me apresentou um quarto normal, assim como a terceira, e finalmente estando na suite, encontrei algo de que me agrada.

— Ah.. Oi gatinho... — O gato preto pareceu não se importar com minha aproximação, após cheirar a pontinha de meus dedos, esfregou o rosto e virou a barriga para receber carinho. — Como você está quentinho... — A voz aguda e forçada era inevitável, eu mal conseguia perceber como mudava de personalidade ao lidar com gatos, cachorros e crianças.

— Você encontrou o Batman. — Me assustei com a presença daquela voz e saltei da cama no automático. Ele deu um riso fraco.

— Sorte sua que eu não estava armada. — Alertei.

— Se depender de mim você não pega mais em armas. — Eu o olhei. — A propósito como você mal chegou e já está na minha cama? — Eu ri. E o provoquei.

— Querido, não faça perguntas difíceis. — Olhei para o gatinho. — Como posso confessar isso? Ah.. tinha um gato me esperando. — Pela primeira vez ouvi e vi um riso genuíno vindo daquele homem.

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Desta vez estávamos no território dele, no escritório dele e eu era quem estava do outro lado da mesa. Ele tirou o palitó e arregaçou as mangas da blusa social branca que estava já surrada e com algumas gotas de sangue, denunciando que meu noivo se atrasou por questões profissionais — mafiosas mas ainda assim, profissionais —.

Eu joguei a pasta marrom da mesma forma que ele fez na noite anterior e ele sem me olhar, começou analisa-la.

— Você riscou e modificou muitas coisas...

— Esse não era o intuito de me dar um para que eu revisasse? Um acordo não deve ser bom para ambas as partes? — Ele me encarou e eu forcei um sorriso.

— Sim, e sim. — Ele respondeu. — Só não imaginava que você leria tudo minimamente. — Dei de ombros.

— Provavelmente queimaram os livros que eu estava prestes a ler, então só me restou essa merdinha de contrato. — Ele balançou a cabeça positivamente, enquanto seus olhos claros percorriam com atenção entre as linhas.


— Você não ganhou livros novos? — A pergunta me pegou desprevenida. Ele me olhou.

— Isso é importante? — Eu o encarei.

A Face Do DisfarceOnde histórias criam vida. Descubra agora