Eu estava exausto, o dia havia sido difícil. Trabalhar em um escritório de contabilidade rendia um salário consideravelmente bom para alguém que morava sozinho, como eu. Mas, por outro lado, parecia que o emprego sugava cada vez mais da minha energia, dando-me um nível de cansaço que, se bobear, poderia ser equiparado com o de um escravo.
- Boa noite, Alfred! - minha colega de trabalho, e por sinal a única que era gentil comigo, disse quando entrou no elevador. - Você não vem?
- Boa noite...eu vou pelas escadas.
- Ah... - ela parecia confusa com minha escolha. - Tudo bem então...até amanhã.
Tenho certeza que se eu dissesse que tenho medo de encontrar...algo que não deveria em um elevador, ela riria na mesma hora.
- Até.
Sem pressa, fui em direção à escadaria. Estava vazia como sempre esteve. Os sons do tráfego ainda estavam pertinentes naquele horário.
Ajeitando a blusa nos ombros, desci os primeiros degraus em seguida. De repente o barulho da rua começou a diminuir. A quietude pairou no ar, causando estranheza para os meus ouvidos. Minhas pálpebras pesavam por conta do sono.
Acelerei os passos. Só queria chegar em casa logo.
Então avistei uma mulher deitada no meio da escada. Seu corpo tremia como se estivesse congelando.
- O que aconteceu, Hannah? Você está bem?
Imediatamente segurei o braço dela, procurando ajudá-la a se levantar. Porém sua mão agarrou meu pulso, impedindo meu ato. Quando ela ergueu a cabeça, o assombro dominou meus sentidos, paralisando-me.
Seu rosto não tinha olhos...era uma face apenas com pele, boca e nariz, com exceção de uma coisa...
- Está atrás de você, Alfred...
No lugar onde deveria estar o par de olhos, havia dois cacos de espelho. Ambos refletindo uma sombra presente por sobre meu ombro.
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Contos Curtos Cabulosos
HorrorO terror jamais teve um formato tão pequeno e intrigante. Muitos dizem que os maiores monstros são os mais perigosos. Mas e se eles tiverem errado? Nunca se sabe o tamanho, e muito menos a força, do próximo que virá te assombrar... * Desenho da ca...