Contos Curtos Cabulosos

Obedeça a mamãe

"Fique escondido e não faça barulho.", a jovem mãe disse, enquanto segurava os pequenos ombros do menino, "Não abra antes de eu voltar pra cá!".

Havia se passado muito tempo desde que o garotinho foi deixado ali, dentro do armário de roupas de seus pais, encolhido como um rato assustado, bem no cantinho do móvel de madeira.

"Para onde mamãe foi?", o pequeno perguntava-se toda hora, ansioso para vê-la novamente.

Antes de todo aquele pesadelo se iniciar, a criança estava junto de sua mãe em um simples jantar de família, quando subitamente os dois ouviram barulhos estranhos vindo do telhado da casa. Aflita, a mulher rapidamente levou seu filho para o armário de seu quarto, onde o menino poderia se esconder entre os casacos e ficar mais seguro, e depois trancou a porta do cômodo.

Contudo já fazia um longo tempo que a mãe não voltava. E o medo do garotinho apenas aumentava.

De repente, após um longo e torturante silêncio, as luzes se apagaram. Lentamente o menino encolheu-se. Seus olhos permaneciam fixos na pequena brecha das portas do guarda-roupa. Em seguida, ele viu alguma coisa mover-se à sua esquerda, fazendo um rápido barulho de passos. O porta-retrato da mesinha de cabeceira subitamente espatifou-se no chão, espalhando pequenos cacos de vidro. A criança prendeu a respiração e começou a ter uma leve tremedeira. Depois de alguns segundos, deram rápidas batidas contra o móvel, fazendo o menino sentir seu corpo enrijecer. Um par de olhos apareceu em seguida e ficou olhando para ele através da estreita fenda.

- Sou eu, filho, pode abrir.

Com lágrimas nos olhos, a criança instantaneamente abriu as portas e pulou para os braços da mãe. A jovem mulher, aliviada, apertou suas mãos nas costas de seu filho, reconfortando-o enquanto ele chorava. A ameaça tinha finalmente ido embora e agora eles estavam seguros.

Até o garotinho ver que a criatura estava atrás de sua mãe.

E que a porta do quarto ainda estava trancada.