Companhia

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Acompanhada do médico, adentrei no quarto do hospital onde minha mãe e mais uma outra idosa estavam. O ar gelado do cômodo prontamente nos envolveu quando passamos pela porta branca. Após colocar meu filho no chão, que estava ansioso para dar um abraço na avó, cumprimentei a senhora com um aceno de cabeça que me retribuiu com um sorriso fraco. Em seguida avistei o doutor aproximar-se de sua paciente, com um semblante amigável.

- Como está se sentindo hoje, Cecile? Dormiu bem?

Minha mãe não olhou para o médico, apenas continuou a acariciar os cabelos negros de meu menino.

- Estou cansada. - essa foi sua resposta, alguns segundos depois.
- Entendo. Devem ser os remédios, suponho eu - o homem calmamente disse. - Mas eles são temporários, logo a senhora se sentirá melhor.

Assim que o médico terminou de falar, agachei-me de frente para ela, colocando a mão sobre seu joelho.

- Oi, mãe.

Com o olhar melancólico, ela voltou sua face para mim.

- Daniele?
- Sim, sou eu.
- Onde está a Diana?

Enquanto conversávamos, o médico examinava sua prancheta com ponderação.

- Ela foi para casa descansar e tomar um banho. Vou ficar no lugar dela por hoje.
- Mas ela está bem?

A pergunta me fez franzir a testa. Por que ela estava tão preocupada com aquilo?

- Sim, está. Ela não parecia estar mal.

Seguidamente, minha mãe não fez nenhum comentário, apenas desviou seu olhar de mim para outro canto do quarto. Meu filho estava brincando com o pingente de seu colar. E de frente para a janela, estava a outra idosa, que parecia atenta com o que ocorria no lado de fora do hospital.

- Eu não sei se isso vai soar como algo rude, mas quem é aquela senhora ali? - indaguei ao médico, quase sussurrando, após me levantar.

Com o semblante confuso, o doutor mirou seus olhos nos meus.

- De que senhora está falando? Ninguém mais está usando esse quarto além de sua mãe.

Contos Curtos CabulososOnde histórias criam vida. Descubra agora