Noite dos Pais

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Y / N

Como o combinado eu pedi pra que Mika dissesse que eu dormi em sua casa e fui pra casa do Bose só que não aconteceu muita coisa dessa vez. Eu tô determinada a acabar de vez o que a gente tinha porquê eu me importo de verdade com o bem estar dele e da família dele e eu me sentiria culpada se algo ruim acontecesse com eles por causa da minha mãe logo eu decidi que à partir de hoje Bose e eu não iremos mais nos beijar.

Assistimos alguns programas de televisão e tomamos sorvete e todas as vezes que ele tentava me beijar eu esquivava ou falava algo que cortasse seu clima, mesmo que aquilo doesse bastante em mim também. De manhã combinamos de nos encontrar no colégio já que eu tinha que passar em casa pra trocar de roupa e já sabia que se deixasse pra ver minha mãe só quando ela chegasse do trabalho as coisas seriam piores pra mim.

Quando cheguei em casa ela estava aparentemente vazia o que é estranho já que a mamãe não saí muito antes de mim. Procurei por Ricky ele já deve ter ido pro colégio. Já que não tinha ninguém eu fui pro meu quarto pra trocar minhas roupas. Escolhi algumas peças e fui pro banho só que assim que eu abri a porta pra sair do banheiro me assustei com minha mãe me olhando raivosa.

— Agora você vai viver assim né, Y/N? Saí e não me diz pra onde vai... — ela estava gritando o que fez meus ouvidos doerem.

— Sinto muito mãe, só que ontem eu dormi na casa da Mika.

— Para de mentir pra mim, eu sei muito bem que você fica de gracinha com os garotos da sua escola! — ela começou a falar em português, desde que viemos pros Estados Unidos ela só tem falado em inglês comigo pra que eu me acostumasse com a língua e com o tempo eu percebi que ela tinha vergonha da nossa cultura. Mas quando ela começa a falar em português é porquê a bronca é tão séria que ela não consegue se lembrar quais são as palavras ofensivas em outras línguas. — Aliás, você fica saindo com quantos? É um pra cada dia da semana agora?

— Aí, meu Deus! Só porquê eu beijei um garoto uma vez agora significa que eu saio com vários? — enfrentei ela falando no nosso idioma também.

Seu rosto ficou completamente vermelho, ela segurou meus braços e começou a me sacudir enquanto me falava o que achava sobre minhas atitudes mais recentes. Acho que nunca ouvi coisas tão ruins quanto essas que estou ouvindo agora, me deu muita vontade de chorar mas eu segurei e quando ela percebeu isso acertou meu rosto com um tapa. Eu fiquei sem palavras, simplesmente não sabia o que falar nessa situação. Ela nunca me bateu antes.

Ela me soltou e eu caí no chão, ainda com a boca aberta de tanto choque e o rosto ardendo. Eu engoli seco e respirei fundo pra não chorar, olhei ao redor do meu quarto antes de me levantar e deixar ela sozinha no cômodo, eu peguei minha bolsa que ficou na sala desde a hora que eu cheguei e saí pela porta da frente sem me importar com seus gritos me mandando voltar. Subi na minha bike e fui pedalando até a Swag, eu tinha noção de que meu rosto provavelmente estava marcado a essa altura e que todos perguntaram sobre a marca, principalmente Bosey.

( . . . )


— Eu vou pedir comida, vocês querem? — Ray perguntou, já discando o número de algum restaurante qualquer, todos concordamos e voltamos a assistir o filme que passava na televisão.

Eu particularmente não prestei atenção desde o início, ainda não consegui processar tudo o que houve então além de assutada eu estava em desespero. Minhas mãos não pararam de suar o dia todo e eu sentia que estava constantemente tremendo, aquela vontade de chorar me pegava todas as vezes que eu pensava demais sobre aquilo.

— Mika, papai tá pedindo pra voltarmos pra casa rápido. — Miles avisou a sua irmã gêmea. — A gente já volta galera, podem continuar o filme sem a gente.

One & Only - Bose O'BrianOnde histórias criam vida. Descubra agora