Terra Para Bose

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B O S E


Depois que a Y/N saiu eu corri na direção oposta mas pra longe da Swag. Eu não quero ver ninguém e nem falar com ninguém. Parte de mim sabe que ficar sozinho é pior porém a minha outra parte é burra e parece agir por impulso como eu costumo fazer sempre. Eu corri tanto e tão constantemente que não tinha mais nem noção de onde estava, talvez aqui seja Rivalton ou Distopia, eu nem ao menos sei se Distopia faz fronteira com Swellview mas eu andei tanto que não duvidaria ter atravessado o mundo.

Minha garganta já tava seca e finalmente parecia que eu não iria desabar em lágrimas então entrei no primeiro café aberto que encontrei. O lugar era simples e até que aconchegante só que parecia meu pior pesadelo, as cores eram suas favoritas, os quadros tinha aquela técnica específica de aquarela que ela amava, tocava seu gênero favorito de música e a decoração simplesmente me lembrava seu quarto e suas roupas. Ao redor não tinham outros cafés abertos, ou seria esse ou eu voltava pra Swellview correndo de novo.

Eu engoli seco aquela sensação e me sentei em uma mesa num local mais reservado, o cardápio já estava lá só que eu não iria pedir nada muito extravagante até porque eu só tenho sete dólares e vinte centavos na minha carteira e os preços dos doces aqui eram acima de dez. Fiquei cinco minutos repensando nos últimos meses e então senti aquela sensação desgraçada que me consome quase todos os dias: começando com a solidão e o medo de ficar sozinho e nunca ser amado, meus braços começaram a tremer e logo minhas pernas acompanharam o ritmo; minha garganta se fechou e ficou muito difícil de respirar, sem contar as gotas de lágrimas que se formavam no meu olho e me faziam perder o foco de tudo que estava na minha frente.

— Bem vindo ao You Coffee , eu sou... — uma das garçonete se aproximou com o procedimento padrão, eu não conseguia ver ela com clareza mas pelo seu silêncio era nítido saber que ela sabia o que estava acontecendo. — Hey, você tá bem? Ah, que pergunta besta, claro que não! Você quer que eu traga água pra você? — Eu não consegui responder. — Candace, um copo de água da casa pra mesa nove, por favor.

A atendente começou a conversar comigo e tentou me acalmar, ela estava se saindo muito bem em me distrair, quando eu já estava me sentindo melhor ela me levou até o banheiro dos funcionários pra lavar o rosto e dar uma esticada nas pernas.

— Obrigado pela ajuda... — fiquei esperando ela me dizer seu nome porém em seu crachá já estava escrito. — Trixie!

— Não há de quê. — ela sorriu e passou suas mãos no avental castanho claro com a logo do café no meio. — Então, você é novo na cidade ou algo do tipo? Nunca te vi por aqui. Acho que teria reparado em um garoto bonito de gravata.

Preferi ignorar esse comentários sobre a minha aparência.

— Na verdade o motivo de eu estar aqui é o mesmo motivo da minha crise agora pouco. — coçei a cabeça. — Foi uma noite longa com uma história mais longa ainda, sabe?

— Ah, tudo bem, eu tenho tempo. Na verdade, meu expediente já acabou, que ir no parque conversar?

— Claro, porquê não, né?! — Trixie deixou seu avental nos fundos e voltou com uma bolsa.

Fomos andando até o parque no final da rua nos conhecendo melhor. Eu descobri que seu nome é Trixie Wilson, ela também tem quinze anos como eu e tem ascendência italiana na sua família. O parque ainda estava meio movimentado já que a cidade aqui é grande e nunca dorme.

— Então, Bose, qual motivo de você estar no lado oeste de Clap Palms? — nos sentados em um dos banquinhos de madeira com iluminação da Lua.

— Minha ex namorada. — fui direto ao ponto. — Na verdade, eu não sei se já fomos namorados mas se éramos então já não somos mais.

One & Only - Bose O'BrianOnde histórias criam vida. Descubra agora