Olhos e Bocas

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penúltimo capítulo.

...anteriormente...


Fiquei em silêncio durante o tempo em que o homem mais velho chamou pelo meu namorado pelo interfone que anunciava em todas as salas. Não demorou pro outro chegar, assim que ele me viu veio em minha direção assustado pra me abraçar e perguntar o que houve e eu desabei em lágrimas, tremendo com a ponta do meu nariz encaixado na curva do seu pescoço longo aproveitando a sensação do seu cabelo longo. Ele era o único que eu queria me abrir, era o único que eu me sentia confortável em chorar na frente.

— Por que ela me odeia, Bosey? — foi tudo que saiu dos meus lábios abafados pelo casaco azul dele pressionando na minha boca. — Eu tentei tanto Bose, eu fiz de tudo pra ser perfeita pra ela. Por que ela não pode entender que eu amo você?

— Tá tudo bem, não precisa se preocupar agora. — ele já sabia exatamente de quem eu estava falando. — Ela já foi embora, eu estou aqui agora por você.

...agora...

Y / N


— Bose, eu quero ir embora, eu quero voltar pra casa. — afastei meu rosto do meu pescoço olhando no fundo de seus olhos castanhos hipnotizantes.

— Tudo bem, eu levo você até o Ninho do Man.

— Não, Bosey. — dei um sorriso curto com sua confusão. — Eu quero voltar pro Brasil. — seu nariz avermelhado pelo temp frio puxou mais ar e superou pesado, aquelas orbes castanhas ficaram mais escuras e começaram a lacrimejar, eu me senti culpada vendo ele naquela situação. — Não chora, por favor.

— Não quero que você vá embora. — ele voltou a me abraçar mas dessa vez era sua cabeça encostada no meu ombro.

Abracei seu torço controlando a minha força, se eu o abraçasse tão forte quanto eu queria acabaria matando ele sufocado ou quebrando as costelas dele, sendo assim, me segurei pra não me acabar de abraçar ele naquele momento. Suas mãos passaram pelo meu cabelo depois minhas costas, eu queria ficar assim com ele pra sempre, ficar com ele pra sempre.

— Não quero deixar você mas eu preciso ir, enquanto eu continuar aqui nenhum de nós vai ter paz. — seu choro silencioso ficou um pouco barulhento, molhando a barra da minha camisa de gola alta.

Ficamos abraçados por mais um tempinho até que alguns policiais vieram até mim para que eu pudesse esclarecer a situação. Também perguntaram se eu não gostaria de fazer um boletim de ocorrência ou acionar uma medida protetiva mas resolvi deixar isso pra lá, em alguns dias eu vou estar bem longe dela. Pensando agora, meu maior erro com a minha mãe, foi por não ter feito um boletim quando Ray me recomendou e se ofereceu pra me acompanhar, toda via, já era tarde demais.

( . . . )

Cheguei em frente aquela porta que eu tanto odiava. Girei as chaves dentro da fechadura da porta e a empurrei pra conseguir abrir-la, não queria voltar nessa casa sozinha então Bosey se ofereceu pra me fazer companhia porém nós dois estavam tão silenciosos quanto aquela casa. No chão haviam várias caixas, não tinha mais decoração e as luzes estavam apagadas, eu acendi procurando pela minha mãe ou Ricky pelos cômodos que eu podia ver desse ângulo, nada de nenhum dos dois.

— É, a barra tá limpa. Vamos lá ver como tá o meu quarto. — peguei em sua mão grande e o guiei até o meu quarto.

— Estranho pensar que eu já estive no seu quarto tantas vezes mas nunca passei por essa parte da sua casa. — ele se divertiu com essa curiosidade boba. — Não acha?

One & Only - Bose O'BrianOnde histórias criam vida. Descubra agora