05/08/22 - Corpo na praia

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Quando abri meus olhos, me vi em uma praia, deitada no chão. A areia branca se movia com o vento, e o mar, escondido pela neblina espessa, estava agitado.

Me levantei, sacudindo meu vestido preto e sentindo a areia morna em meus pés descalços. Olhei em volta, e não vi mais ninguém ali. A praia parecia infinita e solitária.

Me virei na direção do mar, e tive a sensação que ele me chamava. Sem eu nem perceber, meus pés começaram a andar. Enquanto cambaleava à frente, vi algo na beira da água. Bastou alguns segundos para identificar a forma: um corpo.

Arregalei os olhos e corri até ele. Fiz o máximo para o puxar até a areia seca, e me ajoelhei ao seu lado. Era uma pessoa de cabelos longos e escuros como breu, que cobriam seu rosto. Seu vestido branco florido estava completamente encharcado.

Com o coração acelerado, retirei cuidadosamente os cabelos da frente do rosto. Seus olhos estavam fechados, sua boca tinha uma coloração arroxeada e a pele estava pálida. Mas, principalmente, o rosto era inconfundível. O formato do nariz, as marcas de nascença… era como olhar para um espelho.

Automaticamente olhei para sua mão, e vi aquelas cicatrizes, exatamente iguais as minhas. Eu estava no meio da praia, encarando meu próprio cadáver.

A neblina começou a se fechar ao meu redor, e tudo pareceu desintegrar. Tentei gritar, mas nada saiu. Fiquei paralisada, não conseguia me mexer. Me senti sem ar, como se alguém estivesse me enforcando, e logo não conseguia ver mais nada.

Então, com um ruído indescritível, eu acordei. Suor grudava as roupas na minha pele e minha respiração estava agitada. Eu estava no meu quarto, deitada em minha cama. A janela ao lado dava visão para o sol nascendo atrás das docas, tampado por uma leve neblina. Foi apenas um sonho.

(306 palavras)

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