"Justiça?"
- Me responde, onde eles estão?- digo, tentando parecer calma, segura, e capaz. Mas estou me borrando inteira aqui, um soco desse homem e eu me desmancho.
O homem à minha frente sai do palanque onde se encontrava.
Começa a se aproximar de mim, em passos firmes e seguros. Logo se vê que ele é realmente alguém importante e só o sapato dele deve valer mais que a minha vida (e não estou brincando)
Ele para de frente para mim, levanto a cabeça para olhá-lo nos olhos, como a boa atrevida que sou.
Sem tirar os olhos de mim, ele aponta para uma coisa ao fundo da sala. Desvio sorrateiramente meu olhar do dele, e olho para o local onde ele aponta.
Trata-se de um cômodo com quatro cadeiras e uma mesa de centro, pretas. Achei um pouco diferente, dado todo o contexto, uma sala completamente branca, e aqueles móveis negros em destaque, me lembram xadrez.
- Sente-se, por favor.- Diz ele.
Pareceu educado da parte dele, dizer "por favor", mas é porque ninguém ouviu seu tom de voz, além de mim.
Caminho em passos largos, até o local indicado, ele puxa uma cadeira para mim, mas como sou uma menina muito boa, me sento em outro lugar, ele me encara por alguns segundos.
- E então, onde estão...- começo a falar, mas sou cortada pelo senhor gentileza.
- Café?- Estende um pequeno bule branco para mim. Decido ignorá-lo.
- Onde estão meus pais?- Pergunto, quase perdendo a paciência.
E é neste momento, que ele faz a pior sacanagem da vida dele.
Me irritar.
- Café?- Pergunta, estendendo novamente o bule, o meu sangue começa a ferver, levanto-me e acerto o bule com a mão. Jogando-o para longe, derramando todo o líquido preto no chão branco da sala.
- Por favor, senhor café, me diga...onde estão os meus pais?- falo lentamente, encarando-o. Ele não expressa emoção alguma, mantém sua pose, com classe.
- Eu peço que fique calma, eu farei o possível para que você tenha todas as respostas que precisa.- diz.
Eu acho que esse homem não é deste mundo, ou ele quer me irritar com essa calma e gentileza toda.
- Só me responde isso.- Peço sua clemência. Ele suspira.
- Eles estão bem, por enquanto.- diz, por fim, me deixando mais aliviada...espera "por enquanto"?
- Por enquanto? como assim?- tento argumentar, ele me olha com uma expressão de advertência, me contenho.
- Eu já respondi sua insistente pergunta, agora me responda, por que você não tem o chip?- porque não tenho celular.
Decido, ter uma conversa, civilizada com ele.
- Meus pais disseram que vocês fariam algo ruim. E estavam certos- digo. Ele sorri. O desgraçado é lindo sorrindo.
- Você acha a justiça, uma coisa ruim?- Ele tem a cara de pau, de falar "justiça"? Depois de todas as atrocidades que aconteceram neste país?
Bato na mesa de vidro, com força.
- Você chama isso de justiça? Pessoas morrem todos os dias, em Hell's City, pelas mãos dos seus Terminators e vocês vivem aqui, escondidos atrás das barreiras dos Estados Semelhantes e muito bem por sinal, como se nada estivesse acontecendo! - Ele me olha fixamente.- Eu não chamo isso de justiça, chamo de ditadura- Ele sorri, de novo.
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O Beijo de Sangue
VampireUma vida quase normal. Uma garota quase normal. Ela nunca gostou de controle, sempre independente. Mas tudo mudou... Ela não foi vendida. Ela não foi sequestrada. Ela não se apaixonou por ele, como em muitos filmes de romance. Ela apenas, foi ao enc...