VII

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"Controle"

Acordo com um pulo, cada partícula do meu corpo, treme.
Esse foi o sonho mais esquisito da minha vida.
Foi tão...real.

- Emily!- Escuto a voz desesperada de Jason, batendo na porta do quarto.
Levanto-me, vou até a porta e abro-a.
Jason me olha de cima para baixo. Noto que estou com a mesma roupa do sonho.
Até que ponto, aquilo foi real?

- Você está...bonita.- É tão fofo quando ele fica desconfortável.

- Alguma vez, eu já fui feia?- Pergunto, em busca de fazê-lo sorrir. E dá certo. Recebo um lindo sorriso, em retribuição.

Não consigo, imaginá-lo do jeito que o vi, naquele pesadelo.

- Você está bem?- ele pergunta. Eu não sei o que dizer, aquele pesadêlo foi, horrível.

- Estou.- Respondo-o, ele estende sua mão, para mim. Fico olhando.

- Você, deve estar com fome. Venha, pegue minha mão. Garanto que a sua não cairá.- Me dou por vencida. Agarro sua mão.

Ele me conduz, até uma sala, toda iluminada.

Como no meu sonho, há uma grande mesa no centro da sala.

Não há niguém, além de Jason e eu.

- Isso é tão incrível.- Digo, parecendo uma criança. Jason puxa uma cadeira para mim, sento-me.

- Onde estão seus irmãos?- pergunto, sem pensar. Jason me encara, como se eu fosse um ser de outro mundo.

- Pensei ter te apresentado, apenas a Thain, não ao Samien.- Congelo.

- Realmente, existe outro irmão?- pergunto atônita.

- Sim, mas ele não está aqui.- Assim que jason termina a frase, Thain aparece no meu campo de visão. Ela olha para mim e sorri.
Não por simpatia, mas uma risada irônica.

Ela realmente, está pedindo uns tapas.

- Vocês são tão fofos.- Ela diz. Jason fica vermelho. Hm, fofo é minha mão na sua cara.

Ela senta-se, ao lado de Jason, (Ainda bem) ou seja, de frente para mim.

Ficamos num silêncio desconfortável, durante um tempo.

- E então, você não disse, como conheceu a Emily, Jay.- Diz, Thain. Tomando um gole, de vinho, suco de uva, ou até quem sabe...sangue.
Não. Aquele sonho está me deixando maluca.

- A senhorita Dorothy, fez um sacrifício, entregando-se a mim, por sua família.- Ele diz, sem olhar nos olhos dela.

- Ah, imagino que deve ser um sacrifício enorme, viver aqui. Coitadinha.- Ela diz olhando para mim. Até que não seria sacrifício muito grande. Se você não estivesse aqui.
Para não acabar com raça da vaca. Decido optar por algo mais...digamos, sensato.

- Eu vou embora.- Digo levantando-me. Jason se levanta da cadeira.

- Sente-se.- Diz com autoridade. Odeio isso. Me sinto reduzida as cinzas.

- Não, eu não vou sentar, me desculpe.- Saio da mesa, e caminho sem rumo, pelos corredores da casa, parece um labirinto.

Sinto alguém agarrar meu braço. E me puxar, para seu encontro, sinto um calor, ele é tão bom, aquela barba arranhando minha testa, nossos corpos estão colados, minha respiração falha.

- Volte para a mesa, por favor.- Ele fala baixinho, arrepio-me. Mas não é por isso que vou obedecê-lo.

- Me desculpe Jason. Hoje, eu tive um dia de cão. Até meus sonhos resolveram me sacanear.- E como!

- Como assim?- Acho que ele não percebeu, que está me agarrando.

- Pode me...soltar?- Ele fica sem jeito, e lentamente retira suas mãos do meu corpo. Mas de uma forma estranha, eu não queria que ele parasse.
Emily a safadinha.

- Perdão, eu não queria. Agora, conte-me, sobre seu sonho.- Ele muda de assunto.

- Está mais para pesadelo. Acredita, que sonhei que você era um vampiro, e me matava?- Ele fica estático. Não fala absolutamente nada, durante minutos.

- E você acreditou?- Que droga de pergunta é essa?

- Claro que não! O que você acha que eu sou, pra acreditar numa besteira dessas?- Ele faz um sinal negativo com a cabeça, desaprovando, o meu jeito de pensar.

- Acreditar, não te faz ser anormal. Acreditar te faz ser humana.- Então ele quer, que eu acredite em sonhos malucos com vampiros. Ok. E depois, em que? No coelhinho da páscoa?

- Me faz ficar maluca. Olha, se não se importa, eu vou para minha prisão.- tento me afastar, mas novamente, ele segura meu braço.

- Eu não quero que você veja minha casa, como uma prisão. Aqui é seu novo lar.

- Lar? Um lar para mim, é onde meus pais possam estar.- Digo, e saio correndo como uma louca. Procurando não me perder.

Depois de quase uma hora, encontro a escadaria, que dá caminho para o quarto.

Começo a subir, subir e subir, paréce que nunca vou chegar.

De repente, começo a sentir uma tontura, tento me apoiar na escada, mas é em vão, tropeço num degrau, e caio.

Saio rolando escada abaixo. Sinto os degraus atingirem minhas costelas, barriga, e rosto.

Enfim, chego ao chão, tudo o que sinto, é dor. Posso ouvir uma briga, entre Jason e Thain.
Pode parecer, egoísta da minha parte: mas fiquei feliz. Ela é uma vaca.

Sorrio, antes de fechar os olhos, perder os sentidos, e cair num completo limbo escuro.


O Beijo de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora