"Medo"
Tenho medo de abrir os olhos, e acordar com Jesus querendo pegar minha mão, e me levar para o infinito. Ainda tenho muito o que viver. Não quero morrer agora.
Por ironia, sinto alguém pegar minha mão. Resolvo abrir os olhos, e encarar o inevitável.
- Jason.- Sussurro. Ele agarra minha mão, como se fosse o bem mais precioso do mundo.
- O que aconteceu? Quanto tempo faz, que estou aqui?- pergunto.
Estou na minha prisão, esperava acordar no céu, ou quem sabe num hospital.- Você caiu da escada. E ficou adormecida por dois dias. Um médico veio te ver, e...você vai ficar bem, eu prometo.- Estranhei a maneira dele, de falar.
Tento me levantar mas algo me apavora; não sinto minhas pernas.
- O que está acontecendo?- Pergunto desesperada. - Por que não sinto minhas pernas?- Noto a expressão carregada dele, me observando atentamente.
- Por favor se acalme, eu vou te curar, não importa quanto dinheiro, eu gaste.- Ele diz. Sinto lágrimas brotarem do fundo dos meus olhos.
- Você quer dizer...- Minha garganta dá um nó. - Que eu estou, aleijada?
- Paraplégica, sim.- Fecho os olhos absorvendo o choque. Minha sanidade se foi, perdi tudo. Estou vulnerável. - Mas eu prometo, que farei de tudo, para te deixar, normal de novo.- Não escutei direito o que ele disse, mas de uma coisa eu sei:
- Isso é culpa sua.- Sussurro, entre as lágrimas. - Você me trouxe para morar aqui, nesse lugar.
- Eu sei, eu sinto muito por isso.- Ele diz, com pesar na voz. Essa calma dele me irrita.
- Sente muito? Não. Eu sinto, por ter aceitado, essa sua ideia maluca, sem sentido.- Ele fecha os olhos. - Isso tudo, é culpa sua!- Deixo as lágrima fluírem. Verdadeiras cachoeiras desabam dos meus olhos. Droga! Detesto chorar.
- Queria, poder te curar, eu mesmo. Mas não posso. Não fique brava.- Me irrito, pego um copo cheio de água, que se encontra em cima de uma mesinha, ao lado da cama, e jogo em cima dele. Nunca tive uma pontaria tão ruim. Eu erro. O copo quebra ao entrar em contato com a parede.
- Me tira daqui! Me manda de volta, agora!- grito. Ele parece buscar forças, em algum lugar de seu corpo.
Jason vira-se de costas para mim. Vejo o quão tenso ele está.
Não tento me desculpar, de um modo a culpa é dele e de outro, a culpa é minha. Acho que passei muito tempo sem comer. Mas ele não têm porquê saber disso. Tenho que culpar alguém, então de outro modo, a culpa é dele de todo jeito.- Eu...vou sair daqui. Te deixar pensar.- Fala, ainda de costas, sua voz está estranha, um pouco rouca e forçada. Ele anda até a porta, abre rápido e sai praticamente correndo.
Por um lado foi bom, mas por outro, eu senti um vazio. -Meu Deus-. Passo as mãos pelos cabelos. - Ou estou muito certa, ou muito louca, mas sinto algo por ele, algo que não consigo explicar, algo doente, atrativo, sujo, e de uma certa maneira libertador.-
Tento a todo custo, movimentar minhas pernas, mas é em vão. Começo a chorar de novo. Isso não pode estar acontecendo comigo. Só pode ser mais um pesadelo.
Começo a bater no meu próprio rosto, com força.
- Acorda, acorda, acorda...- Meu ato de desespero, parece divertir uma pessoa. Pois escuto uma risada.Olho ao redor do quarto, e vejo quem é a pessoa, que estava se divertindo, com minha desgraça. Como ela entrou aqui?
Thain põe a mão sobre a boca, como um gesto de dissimulada, desculpa.
- Creio que agora, você não vai mais poder, pisar nas pedras no seu sapato, não é?- faz uma cara de pena. Não respondo a sua provocação. - Se eu tivesse planejado, isso não teria dado tão certo.- Por que ela me odeia tanto? - Você quis ser esperta, mas agora.- Sorri. - Está no seu devido lugar. Rastejando, pedindo por migalhas, e quando você estiver cansada de sofrer, eu vou pisar e te esmagar, como uma lesma.- Sua máscara, caiu totalmente. Agora posso ver o quão perigosa ela pode ser. Não entendo, o Jason me trata bem, sem motivos. Ela quer acabar comigo, também sem motivos. Mas ela não sabe de uma coisa: eu também sou perigosa.
Começo a puxar meus cabelos. - Para, por favor!- Grito. Rasgando minhas roupas, arranho e bato no meu próprio rosto.
- Você está maluca?- Thain, pergunta sem entender. Me arrasto pela cama, até chegar a beirada e cair no chão. Me machuco feio, sinto uma dor terrível, mas tem que valer a pena.
Thain, se ajoelha no chão. - Você ficou maluca?- Tenta me levantar, mas puxo-a para cima de mim.
- Para! Sai de cima de mim! Jason!- Grito, o mais alto que posso. Ele aparece, quase que imediatamente, acho que ele arrombou a porta.
- O que você está fazendo?- Ele fala alto, tirando Thain de cima de mim, e jogando-a do outro lado da cama, com uma só mão. Será que a vaca morreu?
Ele me pega nos braços, forço algumas lágrimas, mas algumas são de dor.
- Ela, ela me atacou.- Afundo a cabeça no seu ombro. - Me tira de perto dela. E-estou com medo. Muito medo.- Ele acaricia meus cabelos.
- Eu não vou deixar, ela chegar perto de você, de novo.- Me sinto, segura ao seu lado. De alguma forma, eu sei que ele sempre vai me proteger.
Mas sei que ele é culpado, pelo o que me aconteceu, mas para me livrar dessa vaca, eu faço qualquer coisa.
Ela se ergue do chão.
- Jay, ela é louca.- Aponta para mim. - Você sabe muito bem, que se eu à tivesse atacado, ela estaria morta.- Fala. Jason olha para mim, eu nego tristemente com a cabeça, ele desvia suas atenções para ela. - Ela é uma cobra! Um demônio, que está aqui para destruir tudo o que nós construímos.- Faço minha melhor cara de santa.- Eu vou cuidar, para que ela fique bem, e eu quero ver você no escritório.- Ele diz para Thain, saindo do quarto.
Me acolho em seus braços. E me pergunto se fui má, em fazer isso, ou se poderia ter feito melhor. - Vai ficar tudo bem. Eu já mandei buscar o melhor médico, dos Estados Semelhantes. Logo, logo você poderá, andar de novo.- Por que faz isso tudo por mim?- Pergunto, sei que talvez, ele não responda, mas eu jamais irei desistir. Ainda mais agora, que ele está emocionalmente quebrado.
- Eu gosto de você.- Ele me surpreende ao dizer. - Um dia, em breve, você entenderá.
- Mas, você nem me conhece.- Ele fica me encarando. Fico hipnotizada, com a profundidade do seu olhar, ele pede por algo. Mas não reconheço, o quê.
- Eu te conheço, você não imagina o quanto.- A emoção, impregnada em sua voz, me faz flutuar.
Ele entra num quarto, lindo. Maior que o meu.
É tudo tão discreto, e ao mesmo tempo, charmoso.
Ele caminha comigo, até a grande cama, que se encontra no centro, do quarto.
Me deposita, carinhosamente sobre o colchão macio.Nesse momento, -Eu não sei porquê.- Senti vontade de beijá-lo. Provar do seu gosto.
A raiva, a negação pelo o que aconteceu comigo, ainda estão aqui, martelando em minha cabeça. Mas não consigo resistir.
A tentação é o pior defeito, na vida do ser humano.Em menos de trinta minutos, estava querendo, matá-lo.
Mas agora, eu sei que ele fará de tudo, para me deixar segura, confortável.Puxo-o para perto de mim, num ato de loucura.
Deixando nossos lábios, a centímetros de distância.
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O Beijo de Sangue
VampireUma vida quase normal. Uma garota quase normal. Ela nunca gostou de controle, sempre independente. Mas tudo mudou... Ela não foi vendida. Ela não foi sequestrada. Ela não se apaixonou por ele, como em muitos filmes de romance. Ela apenas, foi ao enc...