Trégua

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O jantar correu naturalmente. Mais ou menos na hora em que costumávamos comer, os meninos apareceram. Aquele clima um tanto nostálgico típico dos últimos momentos de domingo ainda pairava no ar, mas não chegou a atrapalhar nossa reunião.

Zayn contava animado sobre uma nova composição em andamento, os olhos como sempre brilhantes ao falar de sua música. Eu sorria e perguntava mais a respeito, enquanto Liam apenas nos observava parecendo em paz.

— Ele não para de falar sobre essa música. — Lee me confidenciou quando deixei os pratos vazios na pia. Seu sussurro nem chegava a ser necessário, já que o alvo da fofoca estava na sala ouvindo áudios de uma de suas irmãs. Provavelmente o chamando de Mestre dos Magos pelo sumiço constante ou algo assim, eu apostava. — Acredita que nem para mim o vagabundo quis tocar? Diz que ainda falta um detalhe ou outro na letra. Acontece que para ele sempre falta um detalhe ou outro na letra. Eu devo ser um santo por aturá-lo.

Mesmo para mim, seu melhor amigo desde o primeiro dia de aula na faculdade, Liam teimava em fingir. Mas o orgulho em seu rosto era tão nítido nos olhares longos e ternos que lançava para Zayn, e mesmo no sorrisinho idiota que ele simplesmente não conseguia abandonar, que outras confissões não eram necessárias. Só sendo cego para não ver todo o cuidado e proteção que Payno tinha pelo outro até mesmo quando este o irritava. O que, convenhamos, acontecia com uma frequência pouco saudável. Mas preferi não tocar no assunto para evitar perguntas hostis sobre minha sanidade.

— Você é a pessoa que mais o ajuda com tudo, Lee. Se ele não quer mostrar a música ainda deve ser por causa do perfeccionismo que tem quando está genuinamente empolgado com algo. Mas tenho certeza que você será o primeiro a ouvir. Aposta quanto?

— Ah, Tommo, eu não sei... — Disse um pouco incerto, coçando a parte de trás da cabeça em nervosismo. Nem parecia o usual monte de músculos e autoconfiança de sempre. — Não gosto de pensar nessas coisas porque sempre existe a possibilidade de tudo sair totalmente o completo oposto. Criar expectativas é uma merda, mesmo quando é com algo inocente como a quem ele mostrará primeiro ou a próxima música ser a que o fará estourar. Vou continuar acreditando no talento daquele cabeça oca de qualquer maneira, mas você me entende, não é?

Eu o entendia. As palavras ditas, e principalmente, as não ditas. Expectativas eram uma merda, ele tinha razão. Como as controlar era a pergunta de um milhão de dólares.

— Mais do que pensa, amigo. — Respondi simplesmente. — Mas eu ainda tenho esperança que as coisas darão certo eventualmente. Logo, logo, alguma gravadora vai dar a sorte de lançar esse insuportável no cenário musical.

Isso foi o bastante para animá-lo. Alheio ao fato de ser nosso assunto, o insuportável em questão finalmente guardou o celular no bolso traseiro da calça. Azar de quem precisasse se comunicar com ele, pois era da natureza de Zayn sumir sempre que possível. Não sei como queria ser famoso daquele jeito. Seria no mínimo algo interessante de se ver.

— E os dois bonitos aí, já terminaram de falar mal de mim? — Zayn quis saber.

— E quem disse que nós estávamos falando de você, criatura? — Liam nem titubeou ao mentir. Afinal, eram anos de prática. — E para o seu governo, eu e Tommo nunca vamos terminar de falar todas as coisas más a seu respeito. Jamais. Elas são tantas.

As duas crianças mostraram as línguas em provocação, mas Zayn estava tão radiante que esqueceu a picuinha assim que Liam chegou perto o bastante. Como estava prestando atenção, consegui ouvir Zee falar alguns tons abaixo.

Get Out Of My Kitchen - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora