Capítulo 3

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Eu e o resto das raparigas estamos sentadas à beira daquela a que chamos "sala dos telefonemas", que como o nome indica, é a sala onde nos obrigam a telefonar para casa e dizer que está tudo bem.

A sala tem um aspeto bastante sinistro. Está toda empoeirada e a única coisa que a ilumina é uma pequena e fraca lâmpada no meio do compartimento e mesmo por baixo dela, está uma cadeira de madeira.

-Louise Hale.- Um homem com uma pistola na mão, chama... Era a minha vez.

Respirei fundo e caminhei até ao interior da sala.

Como sempre, Jax encontrava-se em frente à cadeira com um telemóvel na mão e em cada um dos lados dessa cadeira, um homem com uma pistola. Um dos homens era o que me foi chamar.

-Faça o favor de se sentar Mrs. Hale.- A voz de Jax ecoou pela sala.

E assim fiz. Sentei-me, e logo ambas as armas me foram apontadas à cabeça. Não me assustei, afinal já tinha vivido aquela situação muitas vezes.
Mas lembro-me da primeira vez, como se fosse hoje.

*Flashback on

-Largua-me seu monstro!- Berrei, mais uma vez, enquanto esperneava e batia com as minhas mãos nas costas do cabrão do me tinha colocado por cima do seu ombro.

O homem pousou-me no chão e encostou-me à parede, tapando-me a boca com uma mão.

-Ouve, eu estou só a cumprir ordens... E se não queres que ninguém saia magoado, aconselho-te a cumprir também.- No fim da frase, tirou lentamente a mão da minha boca

-Isso é uma ameaça?- Desafiei.

-Não.- Disse o homem, abanando a cabeça.- É um concelho de quem esta aqui à mais tempo que tu.

Não respondi... E após algum tempo, o homem decidiu quebrar o silêncio.

-Sou o David.

Decidi apresentar-me também.

-Sou a Louise, mas podes chamar-me Lou.

-Muito bem Lou, isto é o que vai acontecer agora. Vais ser obrigada a ligar para casa e garantir que esta tudo bem.

-E se não o fizer? Matam-me?- Perguntei, realmente curiosa.

-A ti não, mas magoam a tua familia.

Congelei.

-Vocês sabem quem é a minha familia?

-Vocês não, eles sabem. Como já te disse, eu simplesmente cumpro ordens. Eu estou aqui porque também me apanharam... E dizem que se não fizer tudo o que mandam, magoam o meu filho.

-Lamento muito...- Fiquei com muita pena do homem, mas também com pena de mim propria. Se eu não fizesse tudo o que eles quisessem, iriam magoar a minha família.

Decidi fazer a pergunta que mais me atormentava desde que me trouxeram para aqui, à cerca de uma hora.

-Porque é que estou aqui presa?

Os olhos de David arregalaram-se.

-Ainda não sabes?

Abanei a cabeça em negação.

Ele suspirou antes de falar.

-Prostituição.- A sua voz saiu num sussurro e a minha respiração ficou presa.

Prostituição? Eu agora sou prostituta?

-Não. Não, não, não.- Disse repetidamente, enquanto as lágrimas deslizavam pela minha cara a baixo.

David fez com que eu me acalmasse, e depois levou-me para a sala das chamadas.

Fiquei cheia de medo quando entrei e vi os homens com as armas, e tudo piorou quando me sentei na cadeira e me recusei a falar. Levei muitas bofetadas, até não aguentar mais e falar.

Quando escutei a voz da minha mãe do outro lado da linha, foi como levar mais mas quantas bofetadas. Comecei a chorar novamente.

-Filha, passa-se alguma coisa?- A voz da minha mãe era toda preocupação.

Jax aproximou-se da minha orelha e sussurrou:
- Abre o bico, e a mamã morre.

-Humm... São só as saudades mãe.- Disse rapidamente.

A conversa não durou muito mais tempo. Despedi-me rapidamente e David voltou para me ir buscar e me deixar com outras raparigas... Mas não sem antes me reconfortar.

*Flashback off

E lá estava eu, mais uma vez, naquela sala nojenta.

Jax meteu o telemóvel em alta voz, quando começou a chamar.

-Estou?- Disseram do outro lado.

-Pai? É a Lou.

-Ola filha! Que sausades.

-Também tenho muitas saudades tuas pai.

Jax fez um sinal com as mãos, que era para me despachar.

-Ainda bem que ligaste... Sabes, a tua mãe não anda muito bem. Agora meteu na cabeça que se passa alguma coisa contigo, porque nunca nos vieste visitar e também não nos queres aí. Quer ir à policia e tudo.

Os olhos de Jax arregalaram-se, e o meu pai continuou a falar.

-Acho que devias vir cá, pelo menos uma semana.

Jax tapou rapidamente o micro do telemóvel, com as mãos.

-Diz-lhe que vais lá na próxima semana.- Ordenou ele rapidamente.

Foi a vez de ia meus olhos se arregalarem.

-Sério?- Perguntei incrédula.

-Sim.- Disse ele com um revirar de olhos, destapando o micro do telemóvel.

-Papá? Eu vou passar a próxima semana com vocês.- Atirei, felicíssima.

-Nem sabes como me deixas contente, ao dizer isso!!

-Adoro-te pai, mas agora tenho mesmo que desligar.- Lamentei, pois Jax já estava a ficar chateado.

-Ate para a semana Lou. Beijinhos.

No fim da chamada, encarei Jax com seriedade.

-Vais mesmo deixar-me ir a casa?

-Parece que sim... Mas como é obvio, não vais sozinha. Agora, põe-te a andar daqui para fora. Vai ter com a Anne ao bar.

Saí da sala. David estava à beira da porta. Como é obvio, eu estava com um sorriso enorme.

-Vou visitar os meus pais.- Disse assim que cheguei a beira dele.

-O quê? Como?- Perguntou incrédulo.

-Depois explico-te. Agora tenho que ir ter com a Anne ao bar.

-Para quê?

-Provavelmente limpezas.- Respondi, fazendo uma careta.

-Que divertido!- Ironia na sua voz.

Mostrei-lhe o famoso dedo do meio e virei costas.

Para ser completamente honesta, não sei o que faria sem David. Ele e a minha família são o motivo da minha luta diária. Acho que noutras condiçőes eu me apaixonaria por ele, apesar da nossa grande diferença de idades... Não que isso me incomode, de todo. Acho que as pessoas devem ficar juntas independente da idade ou do sexo.

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Sei que estou atrasada, mas estive doente durante o fim de semana, e ainda não estou totalmente recuperada... E estou mmo triste por não ir ao concerto dos 5sos, mas enfim...
Vai haver, mais oportunidades =D

Bjoo

RuinedOnde histórias criam vida. Descubra agora