O anjo caído

capítulo 2

Clara ON

Acordo com meu despertador tocando e já me levanto para mais um dia entediante, as vezes tenho vontade de mudar tudo na minha vida para ver se algo bom acontece mas sou covarde de mais para isso, então continuo segundo a mesma rotina idiota de sempre e isso me irrita, mas tento sempre manter o sorriso no rosto e fingir que está tudo bem mesmo não estando.

Bom meu nome é Clara Medeiros, tenho dezessete anos e estou no último ano do ensino médio, meu sonho é entrar para uma universidade e de preferência uma que me deixe bem longe da minha família, pois só assim conseguirei recomeçar minha vida. Eu amo minha família mas me sinto presa com os costumes conservadores dos meus pais, sem falar que eu sempre vivi nas sombras da minha irmã mais velha que as olhos dos nossos pais é a filha perfeita.

Minha irmã é apenas um ano mais velha que eu e sempre escuto meus pais dizendo o quanto Lúcia é inteligente, dedicada, madura, que ela tem um futuro brilhante pela frente e muitas outras coisas. Já para mim meus nem sequer dão atenção, acho até que minha presença os incomoda e sempre que falam comigo é para dizer que estou fazendo algo errado ou para me pedir para ser mais como minha irmã, o que acho impossível afinal eu sempre fui o completo oposto de Lúcia e agradeço muito a deus por isso.

Apesar dos meus pais verem minha irmã como um anjinho ela não chega nem perto disso, Lúcia é uma garota mimada, arrogante, não gosta de estudar, na escola só tirava notas boas porque colava e obrigava as nerds a fazer os trabalhos dela, e sinceramente não sei nem como Lúcia consegui entrar na faculdade. Mais apesar da minha irmã ser tudo isso meus pais a idólatram, para eles ela é a filha perfeita, que se casará com Marcos filho do pastor, se formara com honras na faculdade e blá blá blá.

Eu sei que para quem ver de fora acha que tenho ciúmes da minha irmã, por conta dos meus pais amarem ela e nem sequer ligarem para minha existência, mais juro que não é isso pois apesar de tudo Lúcia é minha irmã e eu a amo, só que não acho justo que meus pais queiram me comparar a ela afinal nos duas somos suas filhas e temos personalidades diferentes.

Apesar de eu me sentir mal vivendo nas sombras da minha irmã prefiro ficar calada e viver minha vida do modo que já estou acostumada, afinal nada do que eu disser irá mudar a opinião dos meus pais, pois minha irmã é a filha que eles sempre quiseram, mamãe planejou cada segundo da gravidez para ter Lúcia que foi um bebê planejado por meus pais que sempre quiseram ter apenas um filho, já eu fui um acidente e só nasci pois a religião dos meus pais não permitem um aborto.

Claro que meus pais nunca me contaram essas coisas, mas uma vez acabei chegando mais cedo da escola e escutei minha mãe conversando sobre isso com uma amiga na qual ela não via a anos. Escutei quando sua amiga lhe perguntou se mamãe tinha tido filho e quando a mesma respondeu que teve duas filhas a outra mulher ficou surpresa, foi então que descobri que desde o início meus pais só queriam ter um filho, mais que por descuido mamãe acabou engravidado uma segunda vez e eu acabei nascendo pois séria pecado tirar o bebê.

Aos olhos dos vizinhos, amigos e igreja a minha família é perfeita, acho que foi por isso que não fui entregue para adoção, pois isso causaria muito falatório e arruinaria a fama de família perfeita que os Medeiros tem, mas agora deixa eu me arrumar antes de ficar atrasada para escola. Saio dos meus pensamentos e escolho uma roupa no meu armário, depois vou até o banheiro onde faço minhas higienes, tomo banho, em seguida me seco, penteio meus cabelos os deixando soltos e por último me visto.

Assim que termino de me vestir volto para meu quarto, pego minha mochila, meu celular depois desço até a sala de jantar onde encontro minha família tomando café da manhã, então dou bom dia para todos, pego uma maçã em cima da mesa e saio de casa pois já estou atrasada para a escola. Como estudo apenas três quadras de distância da minha casa vou caminhando até a escola e assim que chego no local vejo minha melhor amiga me esperando no portão.

Monique: até quem fim você chegou, eu já estava achando que não iria vir hoje - fala assim que chego até ela

Clara: quanto drama eu só estou um pouquinho atrasada - falo comendo o restante da minha maçã

Monique: um pouquinho o sinal já bateu a faz cinco minutos, nos estamos atrasadas - fala séria

Clara: então vamos entrar logo - falo a puxando para dentro da escola

Monique: vamos em uma festa comigo no sábado? - pergunta animada

Clara: não vai dar, no sábado tenho que ir ajudar na igreja com meus pais - fala a olhando

Monique: mais você não pode faltar um único dia na igreja? - pergunta parando na frente da sala

Clara: você sabe como meus pais são - falo e ela revira os olhos enquanto eu bato na porta

Depois de alguns segundos o professor abre a porta nos olhando com cara de bunda, em seguida ele começa a nos dar um sermão por termos chegado atrasadas o que levou uns dez minutos. Quando o senhor Meneses finalmente calou a boca fui com minha amiga até nossos lugares e nos sentamos então a papagaio em forma humana mais conhecido como meu professor de história começou a explicar a matéria.

[...]

Assim que o sinal toca saio da escola com minha amiga em seguida nos despedimos, então voltei para minha casa e assim que cheguei o local estava vazio pois a uma hora dessas meus pais ainda estão trabalhando. Subo até meu quarto e assim que entro no cômodo me jogo na cama, então fico olhando para o teto por alguns minutos até que descido ir tomar banho.

Vou até meu banheiro e tomo um longo banho quente, depois penteio meus cabelos e volto para o quarto e caminho até meu guarda roupas, em seguida pego um vestido soltinho para me vestir. Sério eu odeio minhas roupas mais nem isso posso descidir sozinha, por mim eu usaria uma calsa de couro preta bem colada e uma blusinha mostrando a barriga, eu até queria colocar um piercing no umbigo, mas se eu fizer essas mudanças capaz da minha mãe ter um infarto.

Assim que termino de me vestir desço até a cozinha e faço macarrão com queijo, quando o mesmo fica pronto almoço e depois lavo a louça que sujei. Quando saio da cozinha subo novamente para meu quarto e como não tenho mais nada para fazer pego alguns livros para estudar.