Em todo universo ou em qualquer universo, em um ou milhões de anos, pelo amanhecer ou anoitecer, aqueles que nasceram predestinados nunca deixam de contar suas histórias.
Seja algo mágico ou não, de um passado recente ou de uma vida passada, todos t...
Prefiro acreditar que não nos dissemos adeus, mas que nos separamos para que o destino nos dê um reencontro feliz
Raphael Bacellar❣
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"Maldita hora que resolvi voltar para a Tailândia."
Esse foi o último post de Vegas no twitter antes de embarcar no avião rumo a Veneza. Ele havia bloqueado Pete em todas as redes sociais e sua única lembrança do maior era uma foto dos dois no pôr do sol da praia de Phang Nga uma semana antes da sua decisão de partir, dessa vez por definitivo.
Ele não imaginava que ao voltar para casa depois de quase três anos morando no exterior, a primeira pessoa com a qual seu caminho se cruzaria seria com o do seu ex namorado, o qual ele não havia esquecido completamente, Pete Saengtham. Ele também não esperava a reação positiva do mais velho ao vê-lo, assim como não contava que sentiria tanta dor no coração ao ver esse completamente feliz ao lado de Tem, um amigo da época de faculdade.
Vegas entendeu que se machucaria se permanecesse ali por muito mais tempo, mas percebeu que Pete poderia sair ainda mais machucado se ele agisse com egoísmo, porque era exatamente isso que ele queria, ser egoísta.
Mas como ele poderia querer roubar Pete de um cara que o acolheu sem se importar com seu passado nada perfeito e que o ajudou no momento mais complicado de sua estadia em Bangkok? Ele não poderia fazer, mesmo que cada molécula de seu corpo desejasse consumir cada parte de Pete, ele não ousaria ultrapassar seus limites e por isso ele decidiu que partir seria a melhor e única solução viável naquele momento.
Foi em Veneza que ele se reencontrou, sentindo como se a chave da sua vida tivesse sido virada quase que completamente. Sua maior e mais grata surpresa foi Venice, um garotinho manhoso que havia sido abandonado na porta da sua casa e embora de início ele não soubesse o que fazer, no fim acabou cedendo ao desejo de proteger aquele ser tão pequeno, fofo e indefeso.
A escolha do nome foi proposital, ele queria lembrar da mudança que sofreu em sua vida desde que chegou ali, queria eternizar no menor sua gratidão pelo direito de recomeçar diferente.
Não tinha sido fácil no início e ainda não era. A quase um ano ele enfrentava um processo para conseguir a guarda definitiva de Venice na justiça e mesmo sabendo o quão difícil seria um pai solteiro — como se caracterizava nos autos — conseguir ganhar, ele estava disposto a tudo para não deixar o pequeno garotinho de lado. Só Vegas sabia o medo que ele sentia da criança ser arrancada de si e depois ser abandonada em um lugar qualquer e tal pensamento era o suficiente para o fazer virar noites e mais noites acordado pensando em soluções para cada ideia negativa que seu cérebro o enviava.
Mas além de tudo, mesmo depois de tanto tempo, ainda existia alguém que insistia em rondar seus pensamentos, Pete. Ele sempre recordava de alguns momentos ao lado do mais velho ao deitar a cabeça no travesseiro e algumas lágrimas ainda escapavam sempre que ele sentia a velha e tão conhecida sensação de vazio o preencher. Era automático.
