Te amar é um esquema
Onde camuflo nosso problema
E o transformo em poema▪Clarice Ozorio▪
Pete estava cansado de ter que viver uma vida regada a mentiras e sorrisos falsos, baseada unicamente no que a sociedade ditava. Seu coração sangrava toda vez que ele tinha de fingir gostar do seu pai ou dos amigos asquerosos dele. Viver na alta sociedade não tinha nada de glamoroso, apenas restrições e mais restrições.
Aquela era apenas mais uma noite ruim, entre tantas outras. Era seu aniversário, que como sempre seu pai transformara em um evento de negócios. No fim, ele apenas tinha que fingir e fingir. Nada de interessante realmente acontecia e ele sempre tinha as expectativas, que já eram baixas, transformadas em cinzas.
Sua mãe tentava a todo custo o fazer acreditar que seu progenitor só queria seu bem e mesmo que odiasse todo aquele discurso sobre um amor falso, Pete entendia que ela não tinha como pensar diferente. Ela era tão reduzida a nada por seu pai, que o mínimo de atenção que esse lhe dava era tida como algo supremo. No fundo, ela era tão quebrada quanto ele.
— Pete, promete pra mim que não vai aprontar nenhuma arte dessa vez. — a mulher, que tinha o cabelo preso em um coque no alto da cabeça e uma maquiagem leve, pediu em uma súplica.
— Mãe, não sou mais nenhuma criança e desde que o papai não me empurre para a filha do governador, ou seja, lá de quem for, eu ficarei na minha. — Disse se encarando no espelho e alinhando uma última vez seu terno azul-marinho no corpo.
Animado pelo resultado atingido, se virou na direção da mãe com um sorriso adornando em seu rosto. Em dois curtos passos ele se aproximou da mais velha, a envolvendo em um abraço apertado, enquanto acariciava o topo da sua cabeça. Se ele pudesse fazer um pedido especial naquele momento, seria que sua mãe voltasse a ser aquela mulher com pensamentos fortes e ideais únicos, aquela que o ensinou a não abaixar a cabeça pra ninguém e a correr atrás dos seus sonhos.
— Feliz aniversário. — a mulher falou em um sussurro antes de se afastar e afagar o rosto do filho com ternura, recebendo um beijo doce em sua mão. — Te vejo lá embaixo. — disse em meio a um suspiro.
Um sorriso triste tomou conta de seu rosto à medida que se aproximava da porta, sua mente e coração brigando entre si e embora em seu âmago ela sentisse a dor causada a Pete, se sentia fraca demais para lutar. Com o desejo silencioso de que tudo aquilo acabasse, ela se retirou do cômodo.
Pete suspirou aliviado quando, ao descer as escadas, não notou a presença do pai no salão. Ele cumprimentou educadamente alguns benfeitores ligados a empresa da família e seguiu na direção da cozinha a fim de conversar com os garçons e roubar alguns doces, mas teve seu corpo paralisado ao notar, próximo à entrada, um jovem rapaz que parecia tão perdido quanto ele.
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Infinitamente Nós↬Oneshot's VegasPete
Fiksi PenggemarEm todo universo ou em qualquer universo, em um ou milhões de anos, pelo amanhecer ou anoitecer, aqueles que nasceram predestinados nunca deixam de contar suas histórias. Seja algo mágico ou não, de um passado recente ou de uma vida passada, todos t...