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Maya Ballmer.
Tédio.
Sensação de enfado produzida por algo lento, prolixo ou temporalmente prolongado demais. Segundo o dicionário, esse seria o significado do sentimento que sinto após tantos anos levando esse casamento fadado ao fracasso.
Quando nos casamos pensamos que as coisas vão continuar a maravilha de todo começo de relacionamento, quando nos comprometemos em carregar o nome de alguém, idealizamos um mundo novo, este que um dia sonhei de inúmeras formas.
Merda.
Viro o líquido presente no copo em minha boca e pouso o mesmo vazio na mesa a minha frente sentindo a cabeça latejar depois de ingerir algumas doses seguidas de tequila. Observo todos ao longe e me pego julgando a mim mesma como uma mulher infeliz e cheia de tédio durante uma grande festa proporcionada pelo grupo Mercedes. Pena. Acho que esse é um sentimento que sinto de mim mesma e ele aumenta quando preciso assumir a pose de família perfeita para outras pessoas.
Eu deveria estar aproveitando as maravilhas proporcionadas por ser uma esposa troféu, como também deveria não aceitar conviver com constantes traições do meu companheiro que me fazem perder o brilho do que é viver uma história de amor. Mas as coisas não são como queremos, também queria viver um casamento como os da Disney e hoje o que tenho é apenas a realidade das nossas frustrações.
Há 6 anos atrás me casei com Bernard Ballmer no auge da minha juventude, nós nos conhecemos em resort, onde eu passava férias com a minha família, e nos apaixonamos perdidamente. Nós dizíamos que o nosso encontro foi algo marcado pelo destino, porque ambos possuíam motivos suficientes para não estar presente naquele lugar e tudo caminhou para que nossos caminhos se cruzassem.
Cresci frequentando lugares considerados sofisticados por vir de uma família que estava inclusa no meio de grandes eventos e que convivia com pessoas importantes. Ter homens como Bernard presentes em minha vida era algo rotineiro e que nunca dei importância.
Meus pais sempre fizeram questão de dar a melhor educação aos seus filhos. Eu como filha mais nova, fui cobrada pela excelência e isso se estendia a todos os sentidos da minha vida. Sempre ouvia da minha mãe que deveria casar com um homem que fosse capaz de me dar o mundo e que se deitasse aos meus pés, ao conhecer Bernard e atingir o ponto mais alto da paixão, me tornei Maya Ballmer após 1 ano de relacionamento.
Mas nem tudo é um conto de fadas. Precisei ver com meus próprios olhos e viver minhas próprias experiências para comprovar.
Uma vez me contaram que para levar um relacionamento adiante é necessário perder partes fundamentais de quem você é por um novo propósito. Eu confiava fielmente na hipótese de que meu propósito fosse viver as melhores coisas da vida ao lado de alguém que me fizesse sentir ser a mulher mais sensacional do planeta. Eu acreditava que poderia entregar minha vida nas mãos da primeira pessoa que me fizesse sentir viva, e foi o que fiz.
