XVI. Pane

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Cérebro? Oi? Você ainda está aí?

Claro que não, senão você nunca deixaria seu ex subir aqui. Mas que merda que eu tinha feito agora? A Manu ainda brincava com as suas bonecas no tapete da sala e cantarolava uma música de algum desenho.

Merda! Merda! Merda!

Nem sei porque tinha mandado ele subir, tudo bem que eu concordei em apresentar ele pra minha filha, mas não pensei que ia ser tão cedo. Mas que droga. E que merda foi essa de deixar ele subir? Tive um derrame?

A campainha toca a eu olho apreensiva pra minha filha. O que eu estou fazendo? O almoço veio na minha garganta e as palmas das minhas mãos suam como nunca. Ela olha pra porta e depois para mim.

- Quem é mamãe? - ela me pergunta com os olhos iguais aos do dele, que estavam ali detrás daquela porta. E sinceramente demorei um pouco para pensar em alguma coisa.

- Um amigo meu minha filha. Um amigo bem antigo - foi o máximo que consegui falar para ela agora. - Mas pode ficar aí sentadinha, ou melhor, que tal brincar com as suas princesas lá no quarto?

- A senhora vai conversar conversa de gente grande com o seu amigo?

- Menina esperta - dou uma piscadela para ele e torci muito para que ela não desconfiasse do meu nervosismo.

- Certo mamãe.

- Obrigada minha princesa - jogo um beijinho para ela e só abro a porta quando escuto a porta do quarto dela fechando.

Nem percebi que estava segurando a minha respiração. Então a solto a respiração e abro a porta.

E lá estava o meu passado, o fantasma que não sei se um dia ia me acostumar a olhar o seu rosto.

Seu cabelo perfeitamente despenteado caía em seu rosto e seus olhos azuis me atingiram em cheio. Não de novo Deus! Desviei o olhar e olhei bem para ele. Ricardo estava vestido bem informal, um bermudão, uma camisa simples e um tênis. Ele ficava bem assim.

Não! Sentimento volte pras profundezes que eu enterrei todos vocês, ou senão vou afogar todo mundo com muito álcool.

- Oi Alice - ele fala com meio sorriso.

- Ricardo.

- Como vai?

- O que faz aqui? - reconheço que a minha educação voa pela janela quando eu estou falando com ele.

- Bem, er eu... - Ricardo estava nervoso?

Dou um longo suspiro e dou espaço para ele passar por mim.

- Entra Ricardo. Vamos conversar na sala, que é melhor. Pela sua cara parece que você quer conversar muito e não estou afim de ficar duas horas em pé na porta da minha casa.

- Obrigado.

Ele entra e passa os olhos pelo meu apartamento ele fica de pé na sala, olhando onde sentar. Aponto para o sofá e ele senta. Ele não fala nada. Mas que merda! Parece até o dia que ele apareceu no meu escritório. Não vai falar nada?

- Então?

- Bonito apartamento Alice.

- Ricardo, duvido muito que você tenha se dado ao trabalho de descobrir onde eu moro somente para elogiar a minha mobília, o que você quer falar comigo?

- Alice. Eu li seu e-mail... Por isso estou aqui.

- E-mail? - pergunto confusa, eu não tinha enviado nenhum e-mail pra ele... Ah não ser que... Cacete!

- Sim, você não lembra? - ele fala.

- Lembro é que... Eu, ah, nada não, esquece.

Eu tinha escrito um e-mail para ele, ontem, antes de ir pro Samuel, dizendo que tinha pensado muito sobre a relação dele com a minha filha, e que tinha que ter uma conversa com ele, pra expor os meus termos e condições. Mas como não sabia como ia fazer isso não enviei.

Amor na Segunda VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora