XXVIII. Um beijo

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- Alice, você pode me ajudar a trazer as travessas com o almoço aqui para fora? - a avó do Samuel me pede com um sorriso.

- Mas é claro, um prazer - levanto da mesa e vou ajudá-la.

- Também posso ajudar - minha mãe fala secando suas mãos no guardanapo e nos acompanhando até a cozinha.

Finalmente toda a nossa família estava reunida. Meus pais, a avó do Samuel, Carol e a sua namorada, Cauê e a sua. Todos numa tarde de domingo ensolarada e bonita. Tinha dado trabalho organizar um dia que todos estivessem dispostos, mas valeu muito à pena.

Minha mãe e a avó do Samuel tinham se dado bem logo de cara e logo já estavam conversando e trocando figurinhas e histórias constrangedoras sobre as nossas infâncias.

Meu pai estava feliz conversando com os meus amigos, namorado e a minha filha. Até agora não me caibo em felicidade por minha relação com meu pai está voltando ao normal, ele estava se esforçando tanto, e minha mãe estava nas nuvens com a nossa reconciliação.

Só precisamos de uma viagem até lá fora para levarmos tudo. Espalhamos as travessas com comida na mesa e todos se serviram até se fartar. Samuel e a avó se levantam para pegar a sobremesa e ficamos ali fora somente aproveitando a brisa e a sombra fornecida pela árvore em seu quintal.

Quando terminamos de comer a sobremesa, eu me levanto antes que alguém possa falar alguma coisa e vou para a cozinha, levando a louça suja.

- Mas você não é uma moça rápida? Tirando vantagem de uma velha que não tem mais toda a sua velocidade - a avó dele aparece atrás de mim.

- Ah, me desculpe senhor Pinheiro, mas é vocês foram mais rápidos com a louça do almoço, que eu tinha que fazer alguma coisa antes de vocês...

- Mas não é necessário minha filha. Samuel tem alguma coisa para lavar louça e eu tenho uma moça que me ajuda nos serviços domésticos...

- Mesmo assim, eu não fiz nada. Pelo menos a louça para a pia eu levo - dou um sorriso.

- Mas por favor só leve mesmo essa louça para lá. Prometo que não vou lavá-la... Tenho que deixar pelo menos um pouco de trabalho para a minha diarista...

- Certo então... - coloco a louça em cima da pia e volto para onde a avó dele estava em pé.

- Alice, eu tenho que lhe agradecer...

- Me agradecer? Mas eu não fiz nada... Não vejo motivos para que você me agradeça.

- Claro que eu tenho motivos para lhe agradecer... Tenho que agradecer por colocar um sorriso no rosto do meu neto.

- Acho que foi ele que colocou um sorriso em meu rosto.

- Mas você o fez pensar em outra pessoa além de mim minha filha. Depois que o avô dele faleceu, ele tem dedicado muito do tempo dele para me fazer companhia, para me fazer esquecer um pouco sobre o vazio que ficou um mim quando ele se foi.

- Eu não fiz nada...

- Claro que fez Alice. Quando ele te conheceu passou a cuidar mais dele, parou de se preocupar tanto comigo e passou a dedicar a atenção dele para você...

- Eu não tinha intenção eu...

- Não Alice! Não estou reclamando que você fez isso. Eu queria que ele saísse do meu pé há um tempo, mas não sabia como dizer sem magoar os sentimentos dele.

- Oh! Entendo... Mas eu que deveria estar lhe agradecendo por criar o Samuel para ele se tornar esse homem que é agora.

- Não fiz nada mais do que a minha obrigação. Você sabe do que eu estou falando. Sabe que você quer acima de tudo que o seu filho seja uma pessoa do bem e que seja feliz nessa vida. Fico feliz por ele ter encontrado você. Você e a sua filha. Fizeram ele amadurecer a abrir os olhos dele para o mundo.

Amor na Segunda VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora