II. Um monte de caixas

8.4K 523 155
                                    

O despertador toca no mesmo horário de sempre e eu levanto. Carol ainda dorme ao meu lado, agarrada no meu travesseiro como se fosse uma pessoa. Dou um beijo em sua cabeça, a cubro e vou direto para a cozinha.

Faço tudo em modo automático, faço o café, preparo o suco da minha filha, algumas torradas e vou procurar alguma coisa para ela levar de lanche. Eu acabo optando por cortar algumas frutas e coloco tudo num depósito médio. O cheiro do café começa a subir, pois a minha amiga chega na cozinha.

- Bom dia Lice.

- Bom dia Carol. Dormiu bem?

- Melhor do que eu esperava. Obrigada por me deixar ficar aqui amiga.

Ela vai direto para geladeira e bebe uma garrafa inteira de água. É, pela quantidade de vinho que ela tomou ontem deve estar de ressaca.

- Sempre que precisar amiga.

- Ainda está de pé os planos de hoje não é?

- Você quer carregar um monte de caixas pesadas hoje? Mesmo de ressaca?

- Claro que sim. Sabe-se lá quando é que você vai poder me ajudar novamente e eu preciso da sua ajuda com a arrumação do apartamento.

- Então tá. Amiga, você pode colocar esses ovos em cima da mesa, vou acordar a Manu.

- Claro, pode deixar que eu arrumo a mesa.

Vou para o quarto da minha pequena e ela ainda estava dormindo. Fiquei olhando para ela um pouco. Fico um pouco chateada por ela me lembrar tanto o pai canalha dela. Ela tem o mesmo tipo de rosto dele. Ela é a maior alegria da minha vida não se enganem, mas ela constantemente me lembra do Ricardo. Ela dorme exatamente igual a ele.

Sacudo a minha cabeça e me recuso a lembrar daquele filho de uma mãe desalmado.

- Bom dia Manu - falo baixinho, acariciando seus cabelos loiros encaracolados.

- Bom dia mamãe - ela fala abrindo seus olhos azuis, iguais aos dele, jogando na minha cara que ela também é uma parte dele.

- Vamos acordar, já está na hora de se arrumar e ir pra aula.

- Tudo bem mamãe - ela fala ficando sentada na cama e coçando os olhos. Ela levanta da cama e vai para o banheiro. E escova os dentes sem nem eu precisar mandar mais.

Ela coloca a sua pantufinha de urso e vai de mão dada comigo até a cozinha. Carol já estava sentada na mesa posta, nos esperando.

- Tia Carol - ela solta a minha mão e dá um pulo no colo dela. - Não sabia que a tia tinha dormido aqui. Bom dia.

- Bom dia Katrininha. Sua mãe disse que não tinha problemas em eu dormir aqui.

- Não tem mesmo não. Mas a tia devia ter dormido comigo no meu quarto assim, poderíamos ter passado a noite conversando, assim como a senhora faz com a mamãe.

- E como você pretendia acordar hoje hein mocinha? - Carol fala, batendo um dedo de leve no pequeno nariz da minha filha.

- Do mesmo jeito que a mamãe faz, ela toma esse suco preto e acorda.

- Você promete que vai se comportar na casa da sua avó esse final de semana meu amor?

- Vou sim mamãe. A vovó já disse que ia me levar para brincar na praia, que ia me levar para tomar sorvete...

- Me parece muito divertido...

- Não sei porque a senhora não vai? A vovó não vai se incomodar se você for, afinal, ela é sua mamãe, ela tem espaço pra você... Qualquer coisa, eu divido a minha cama com a senhora...

Amor na Segunda VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora