Parte 1

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 A Casa soturna. O nome em si parecia sinistro, mas a sombria fazenda da Vila da Folha simbolizava os primeiros passos sérios de Sakura Haruno em direção à liberdade. Reunindo coragem, Sakura saiu do carro, a apreensão acompanhando cada passo seu, enquanto ela andava para a longa varanda. Nem mesmo o sussurro de um vento movia as folhas e apenas o canto ocasional de uma cigarra perturbava o silêncio.

Grandes carvalhos antigos se estendiam pelo gramado como sentinelas sinistras espantando intrusos. A grama alta estava repleta de ervas daninhas e não havia flores adornando os canteiros alinhados com a cerca-viva.

Ela parou a alguns metros da varanda para analisar a casa, que parecia ter sido abandonada também. Em muitos aspectos, tinha sido, pelo menos aparentemente. A fachada amarela-clara da mansão grega mostrava sinais de envelhecimento, assim como as persianas e as seis colunas enormes sustentando a estrutura... Todas estranhamente pintadas de preto.

Ela esperava que o interior estivesse melhor do que o exterior, do contrário, nem mesmo a pessoa mais curiosa ousaria pôr os pés neste lugar. Na verdade, virar-se e voltar para a segurança foi o instinto inicial de Sakura. Não desta vez. A segurança também tinha um preço.

Quando ela começou a subir a escada de madeira que levava à entrada, esta rangeu, como se fosse quebrar. Todavia, o ataque abrupto em sua mente provou ser muito mais perturbador.

Olhos. Olhos negros vibrantes. Olhos intensos. Sakura afastou a imagem da mente e fechou bem os olhos até fazê-la desaparecer. Mas quando galgou o segundo degrau, a visão voltou, roubando seu fôlego e sua confiança. Recusava-se a deixar isso acontecer. Não convidaria isso para seu mundo, não quando tentara tão arduamente, por tantos anos, manter aquilo reprimido. Ela respirou fundo e ergueu um escudo mental invisível que desenvolveu para autoproteção, aliviada ao descobrir que este não a decepcionou enquanto ela subia o resto da escada e pisava na varanda.

Após breve hesitação, bateu à porta preta, então alisou o vestido vermelho sem mangas. Embora o tecido fosse leve, ela sentia como se estivesse usando um casaco de inverno. Prendera os cabelos na altura da nuca, entretanto, isso oferecia pouco alívio do calor imperdoável de junho. É claro, o nervosismo contribuía para seu desconforto, assim como o fato de que ninguém atendia às batidas à porta.

Ela bateu mais uma vez, sentindo-se tanto aliviada quanto ansiosa quando ouviu o som de passos se aproximando. Não tinha ideia de quem podia estar do outro lado da porta. Não tinha a menor ideia se encontraria um amigo ou um inimigo... ou, talvez, até mesmo o dono dos olhos perturbadores. A porta finalmente se abriu para surgir uma mulher de olhos claros, na casa dos sessenta anos, com cabelos loiros grisalhos num estilo curto e clássico. Ela apresentava uma expressão reservada, porém não parecia ser ameaçadora.

– Posso ajudá-la? – perguntou ela numa voz suave que contrastava com as feições sérias.

– Você é a sra. Senju? – perguntou Sakura

– Sim. E você é...?

Pelo menos, Sakura estava no lugar certo, mesmo se a mulher não parecesse saber por que ela estava lá.

– Sakura Haruno. Eu estou aqui para a restauração.

– Eu estava esperando você amanhã.

Quando elas tinham se falado, na última sexta-feira, Sakura era capaz de jurar que elas haviam combinado que ela seria entrevistada para o trabalho na segunda-feira. Talvez ela devesse voltar para a hospedaria local, onde estava residindo pelos últimos dez dias, desde a fuga espontânea da Europa. Talvez devesse entender esse mal-entendido como um sinal de "não entre".

– Se não é um bom momento, posso voltar amanhã.

– Imagine – disse a mulher, dando um passo ao lado e gesticulando para Sakura entrar. –Bem-vinda à Mansão Soturna... É sra. Haruno, certo?

Incontrolável - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora