Parte 2

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Sakura virou para sua direita e encontrou uma figura morena sentada numa cadeira de madeira na ponta da varanda, a poucos metros de distância. Ela arfou, uma das mãos descansando no peito, acima do decote da camisola, a outra agarrando a grade com mais força.

– Você me assustou.

– É claro. – O tom dele era cheio de sarcasmo.

Que maravilha. Um encontro à meia-noite com um idiota.

– Presumo que você seja o sr. Uchiha.

– Correto.

Aquilo aliviou Sakura de alguma maneira. Pelo menos, ele era um homem de verdade, não um fantasma. E agora? Ela poderia desejar-lhe boa-noite e voltar para seu quarto. Ou poderia se apresentar oficialmente, antes de ir dormir. Reunindo coragem, aproximou-se, a luz da lua oferecendo iluminação suficiente para que ela distinguisse alguns detalhes. Como a evidência de que ele não podia ter mais do que uns 35 anos e que não era o velho rabugento que ela imaginara.

Os cabelos escuros levemente desalinhados chegavam abaixo do queixo dele, os lábios formavam uma linha dura e o maxilar estava coberto por uma barba por fazer. Então, ela fitou-lhe os olhos. Eram os mesmos olhos que haviam surgido em sua mente no momento que chegara lá... Olhos predadores muito pretos. Ela também podia ver que ele estava sem camisa, enquanto ela estava usando uma camisola de algodão que oferecia pouca cobertura. Não um traje adequado para um primeiro encontro com o chefe, mas era melhor acabar logo com aquilo.

Ela estendeu a mão.

– Eu sou sua nova funcionária, Sakura Haruno.

– Eu sei quem você é. – O olhar dele viajou lentamente pelo corpo dela, antes de focar na mão estendida. Após breve hesitação, ele pegou a mão dela e apertou, envolvendo os dedos dela com os dele. Sakura cambaleou diante da sensação, sentindo a dor emanar dele. Uma dor profunda.

Ela rapidamente baixou a mão e deu um passo atrás, como se tivesse tomado um choque elétrico. Na realidade, tinha. Vinha convivendo com o "dom" desde que se entendia por gente, escondendo-o do mundo. Garotas bem-criadas não liam mentes; liam as colunas sociais. Mas em toda a sua vida, nunca antes ela experimentou empatia. Tinha sido capaz de discernir pensamentos alheios por meio de imagens e, às vezes, palavras, mas nunca fora capaz de canalizar sentimentos. Até conhecê-lo.

– Prazer em conhecê-lo – murmurou ela quando recuperou o controle sobre a voz. Ele não retribuiu o cumprimento, todavia, continuou encarando-a, fazendo-a querer se contorcer. Fazendo-a querer fugir, embora ela se sentisse estranhamente atraída para ele. Para a aura dele. Para a dor dele. Ela procurou alguma coisa para falar.

– Eu gostaria que você me orientasse como quer que eu lide com as restaurações. Não agora, é claro, uma vez que preciso escrever isso em algum lugar. Talvez, amanhã. Ou depois de amanhã, se você preferir. – Oh, ela estava tagarelando como uma idiota.

Houve um longo silêncio, antes que ele finalmente respondesse:

– Só há uma coisa que você precisa saber. Eu espero perfeição.

Sakura sabia tudo sobre perfeição. Vivera a vida perfeita com a família perfeita. Tinha frequentado as escolas perfeitas e se casado com o homem perfeito. O perfeito patife mentiroso, corrigiu.

– Eu farei o possível para agradá-lo.

Ele cruzou as mãos sobre a barriga desnuda.

– Veremos. Eu não sou fácil de agradar.

Aquilo não surpreendeu Sakura, considerando o que Tsunade lhe dissera sobre Sasuke Uchiha.

– Você tem algumas preferências em particular?

Incontrolável - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora