Capitulo 3

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No dia seguinte Roger estava no mesmo lugar do costume a minha espera, cumprimentei-o e segui meu caminho, repetindo uma vez mais o ritual estabelecido no dia anterior ao sair da empresa.

Desta vez cheguei ao escritório com dez minutos de antecedência, orgulhosa de mim comecei logo a trabalhar. O dia passou-se igual aos anteriores. Os rapazes continuavam a entrar a toda a hora no escritório alegando coisas que beiravam o absurdo e que pouco a pouco me estavam a deixar exasperada. Não conseguia trabalhar meia hora seguida sem que tivesse pelo menos duas interrupções. Tentava mostrar-me simpática com todos, mas estava a ficar cada vez mais difícil.

O mais insistente era o Adam, que embora lindo e charmoso estava também a revelar-se um chato, só esta manhã tinha ligado duas vezes, a primeira para me dar bom dia e a segunda para perguntar-me porque é que não estava responder-lhe aos torpedos que me mandava através do skype, ferramenta que usávamos internamente para comunicar com os colegas dos outros departamentos.

No começo da tarde já estava cansada desta brincadeira e informei-o de que não lhe poderia responder durante o resto da tarde porque tinha de fazer um importante relatório e que não me podia distrair.

Tinha acabado de digitar essa mensagem quando o telefone tocou. Já estava pronta para saltar na garganta de alguém quando vi, com alívio, que era uma chamada externa.

- ConectCoop boa tarde, gabinete da direção, Leandra Lima ao telefona.

- Boa tarde Leandra, era mesmo contigo que eu queria falar.- A voz dele não tinha o tom agradável da nossa ultima conversa, deduzi logo que o devia ter chateado com alguma coisa, só não sabia era com quê, e apressei-me a responder.

- Boa Tarde Sr. Santos, diga por favor.

- Posso saber porque não aceita a boleia que pus a sua disposição? - Perguntou zangado.

Senti um alívio instantâneo, era só isso. Podia falar a vontade porque Raquel não estava. Não sabia se ela estava a par que eu morava na casa do nosso patrão e não queria causar com isso nenhum alarido.

- Pode sim, a primeira das razões é que não terei sempre o carro a disposição e tenho de aprender a me desenvencilhar sozinha em Londres. A segunda razão é não querer que nenhum dos meus colegas me veja chegar e partir todos os dias no carro da empresa. Não quero falatórios, e o que menos desejo é ter de dar explicações que podem ser evitadas, como por exemplo porque é que morro na casa do patrão.- Calei-me porque o assunto já estava a irritar-me.

Passaram-se alguns segundos antes de ouvir a sua surpreendente resposta.

- Compreendo o teu ponto de vista e acho que efetivamente tens razão. - Reconheceu já mais calmo, deixando-me de boca aberta.- Quando coloquei o carro a tua disposição só estava a pensar na tua segurança. Sinto-me responsável por ti desde que prometi ao teu pai que nada te aconteceria, mas a verdade é que não tinha pensado no que os outros poderiam pensar a teu respeito. Vou dizer a Roger que continua a tua disposição mas que terá sempre que esperar que requisitas os seus serviços, está bem assim.

- Ótimo. - Disse sorrindo, sentindo-me uma vencedora.- Mas ainda há uma coisa que me está a incomodar.

- Diz, acredito que poderemos arranjar uma solução juntos. - O seu tom de voz tinha mudado completamente, estava mais suave, conciliador.

- Pode parar de me chamar Leandra, sempre detestei esse nome. Não sei se reparou mas o meu pai chama-me por Lea, e é precisamente por causa disso e gostaria que fizesse o mesmo.

- Sem problema. E antes de me despedir quero parabenizar-te pelo bom trabalho que tens feito, a Raquel não te tem poupado elogios. Outra coisa, ainda não sei quando volto mas acredito que a Ana deve andar preocupada, desde ontem que tento ligar-lhe e não a tenho conseguido apanhar em casa, e ela não tem telemóvel. Dá-lhe um beijo por mim e por favor cuida dela.

o meu para sempre (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora