Chegamos a festa com mais de meia hora de atraso.
A nossa entrada foi acompanhada pelo som do clik das máquinas fotográficas e dos apelos dos jornalistas para comentar o nosso namoro. As questões eram recorrentes e diziam-me todas respeito, sabia que no dia seguinte já não teria nenhum segredo por desvendar, em vez disso teria a minha vida toda exposta ao mundo.
Karl habituado a toda essa azáfama apresentou-me como sua noiva sem no entanto divulgar o meu nome, eu pelo contrário nada disse tentando apenas entrar no edifício.
O prédio onde o evento estava a ter lugar era lindo e antigo, depois de entrar fomos encaminhados para um salão enorme onde se encontravam dispostas mesas redondas que podiam acomodar dez pessoas cada. Karl cumprimentou todos os que estavam na mesa que nos tinha sido atribuída apresentando-me como sua noiva sem acrescentar mais nada a meu respeito.
Fiquei sentada ao lado de uma senhora distinta mas um tanto ou quanto afectada demais para o meu gosto e ao seu lado encontrava-se o seu companheiro. Estes foram-me apresentados como sendo Lady e Lord Austin, ele cirurgião, ela decoradora.
Essas informações básicas foram trocadas logo no início do jantar e quando os informei de que era a secretária de Karl, eles trocaram um olhar que eu reconheci como sendo qualquer coisa do género "clássico, uma caçadora de dotes". Decidi não os elucidar, não mereciam tanta consideração da minha parte. Que pensassem o que quisessem.
Mas o tom do jantar estava marcado e não posso dizer que tenha sido agradável. Fui desprezada toda a noite por estes indivíduos esnobes e emproados.
A comida era óptima, mas sabia-me a palha. Geralmente era bem recebida nestes jantares de alta sociedade, mas isso era no Brasil. No meu país era reconhecida como sendo a filha de um dos homens mais ricos do país.
Aqui não era ninguém, ou pelo menos ninguém me conhecia, e o desprezo que estava a sentir vinda de todas as partes era pesado. Encontrava conforto nos olhos e nas palavras carinhosas do meu amor que logo percebeu o que acontecia e decidiu intervir.
- Anton, ainda satisfeito com o teu portátil?- Perguntou a Lorde Austin.
- Nem me fales, um maquinão. Foi caríssimo mas é fantástico.
- Ainda bem. – E pegando na minha mão por cima da mesa e olhando-me carinhosamente disse.- Se não estivesses podias reclamar aqui com o meu bebé.
- Reclamar com ela porquê?- Estranhou Lorde Austin e junto da sua esposa olharam-me interrogativos, compelindo-me a responder.
- O que Karl quer dizer é que o meu pai é Dono da Primax.
- O quê! – Soltaram os dois ao mesmo tempo. O que suscitou o interesse das outras pessoas da mesa.
- O meu pai é Eduardo Pires de Lima, CEO e fundador da Primax a empresa numero um mundial de hardware, não sei que mais vos ei-de dizer?- Continuei, entre mortificada por me ver forçada a falar o que não queria para me defender e feliz por apagar a impressão errada que todos tinham a meu respeito de alpinista social.
- Mas...Mas...- Eles estavam no mínimo estupefactos pela revelação que tinha acabado de fazer.
- Mas...?- incentivei.
- Mas não nos disse que era secretária de Karl?- Perguntou Lady Austin.
- Disse sim, e disse a verdade, trabalho há cerca de um mês para ele, não é amor?- Perguntei a Karl para confirmar o lapso de tempo.
- Mais dia, menos dia.
- Mas...- Esta parecia ser a única palavra que os meus interlocutores sabiam dizer, desde que lhes tinha revelado a minha filiação. E resolvi mais uma vez ajuda-los formulando a pergunta que os intrigava.
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o meu para sempre (completo)
RomanceKarl é recrutado pelo pai de Leandra para tomar conta dela. Em tempos o velho amigo ajudou-o a sair de uma situação delicada e impulsionou-o na construção do seu império. Passado muitos anos, Karl atende ao pedido do seu benfeitor de abrir as port...