Capítulo 7

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O resto da semana passou depressa e a sexta-feira chegou num piscar de olhos.

Durante os últimos dias tinha-se desenvolvido no gabinete da direcção uma atmosfera brincalhona e saudável, impregnada de uma grande cumplicidade. A porta do "patrãozinho" título agora utilizado por mim e pela Raquel, de vez em quando fechava-se depois de minha entrada. Beijos roubados, caricias e abraços furtivos, tornaram-se práticas comuns por detrás das paredes da sua sala e todas elas encobertas pela nossa fiel companheira e cúmplice.

Esta situação era estimulante, pelo menos para mim, para Karl nem tanto. Este continuava a reclamar que não tinha necessidade de se esconder, acrescentando nas últimas vezes o fato de estar muito velho para estas coisas.

Para compensa-lo mimava-o sem parar, tínhamos dormido juntos todos os dias, fazendo amor até a exaustão. Amava cada momento que passávamos juntos, estar com ele estava a tornar-se tão natural como respirar. E o nosso desejo um pelo outro aumentava em vez de diminuir. Hoje, tinha-lhe feito um miminho extra, tinha acordado mais cedo e levei-lhe o pequeno-almoço a cama, o que ele adorou.

Ana fingia não ver as alterações na casa, a minha cama nos últimos dois dias não tinha sido desfeita e a minha casa de banho só era usada para me pintar e pentear. Mas hoje quando íamos a sair, ela segurou-me na mão e baixinho agradeceu-me pela felicidade que tinha trazido ao seu menino. Disfarcei as lágrimas de emoção que me assaltaram e segui para o trabalho feliz, ao som da música de Pablo Alboran "perdoname" que saia dos fones do meu Ipod. Era uma música suave de um romantismo pungente que me levou quase as lágrimas novamente antes mesmo de chegar a estação de metro.

No final do expediente, não querendo perder tempo porque tinha combinado apanhar Raquel as sete e meia na casa dela, fui a boleia com o Roger, que voltaria depois para apanhar e levar Karl.

Chegando a casa apressei-me para tomar um banho e trocar a roupa formal que tinha levado para o escritório por outra, bem mais descontraída.

Tinha-me decidido por uma calça legging pretas que colavam ao meu corpo como se de uma segunda pele se tratasse, e por isso ,não deixavam nada a imaginação. Por cima tinha colocado uma camisa rosa vibrante de mangas compridas e bufantes, de golinha branca , que abotoava nas costas com uns botões redondinhos e dourados e caia solta até a altura das ancas. Para completar o traje tinha colocado um par de sapatos pretos de plataforma decorados com tachas douradas e uma pochete a combinar. No último segundo decidi pegar um blazer porque as noites de Londres começavam a ficar muito frias e preferia não arriscar.

O carro estacionou em frente ao prédio de Raquel às sete e meia em ponto, senti-me orgulhosa, sabia que a pontualidade, para a minha amiga, era um dos barómetros do carácter de uma pessoa.

O prédio era muito agradável, ficava na zona sul de Kensington. Sabia que ela partilhava o apartamento  com mais quatro meninas por ser muito caro . Por se localizar numa zona com imensos restaurantes, pubs e a Fulham Broadway era uma zona das mais populares da cidade, e óptima para se sair a noite. Pena que ela não o fizesse mais vezes. Dei-lhe um toque do meu celular, para que ela descesse e fiquei a espera.

Tínhamos reservas para as oito horas no Oxo Tower Restaurante, um restaurante moderno e de renome que ficava na Oxo Tower na Southbank.

O restaurante ficava no ultimo andar da torre o que lhe permitia uma vista panorâmica sobre o Rio Tamisa e a zona da "City".

Já lá tinha estado várias vezes com o meu pai, e de todas as vezes sai de lá maravilhada com a qualidade de tudo o que me era dado a comer. Poderia estar enganada, mas tinha a impressão, de que para Raquel esta seria sua primeira ida a um restaurante desta qualidade. Este tipo de local devia estar bem longe daquilo que ela estava habituada. Não tinha duvida que era muito caro para uma simples secretária, mesmo uma bem paga como ela.

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