Capítulo 10

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Sai do hospital dois dias depois com a recomendação expressa de que só poderia voltar a trabalhar dali a uma semana.

D. Ana estava eufórica quando cheguei a casa e pairou sobre mim o dia todo atenta a todas as minhas necessidades.

O meu pai ficou ainda mais dois dias antes de ser chamado para uma reunião urgente e inadiável. Karl por outro lado vivia agora no escritório, de onde controlava o seu vasto império, não querendo se afastar de mim nem por um segundo. Ele não voltou a perguntar-me o que eu pretendia fazer com Laura mas sabia que morria de curiosidade.

Raquel tinha ido visitar-me ao hospital com John e este orgulhoso disse-me que tinha sido a única a ganhar a aposta, o que não me surpreendeu. O dinheiro iria servir para ajudar a pagar as bodas deles, o que me deixou muito feliz. Sabia que tanto um como o outro estavam cansados de esperar e que aos olhos de muitos esta decisão iria parecer inesperada e talvez até mesmo precipitada, mas eu sabia que era a acertada. Eles mereciam-se e amavam-se a muitos anos e não havia necessidade de esperarem mais tempo.

A empresa estava toda em alvoroço. Ninguém conseguia acreditar que eu namorava com o patrãozinho e que iríamos casar.

Adam era o que mais se opunha a ideia e tinha feito uma nova aposta em como a nossa relação não seria para durar, as meninas da contabilidade por outro lado apostaram em sentido contrario, apostaram no conto de fadas no "para todo o sempre", estava para ver quem ganharia a aposta desta vez.

Aproveitei a visita de Raquel para pedir-lhe de uma forma confidencial que recolhesse algumas informações acerca de Laura e do pai para melhor me orientar na minha tomada de decisão.

E o que ela me disse foi surpreendente.

A família estava desmembrada, a cerca de dois anos, os pais de Laura se tinham separado. A mãe saiu de casa com os seus irmãos gémeos pequenos deixando a filha mais velha com o pai. Mas pior ainda, era o fato de estarem falidos.

Eles conseguiam ainda manter uma aparência de pessoas abastadas, mas esta fachada cairia em pouco tempo. Esta informação criava-me um grande dilema. Se eu levasse a público o que tinha acontecido isto equivaleria a ruína da família Davis e nunca poderia suportar viver com isso.

E a minha decisão foi tomada ali naquele momento, liguei para o meu pai e contei-lhe o que ia fazer e pedi a Karl para marcar uma reunião na casa deles exigindo a presença dos dois. Pai e filha.


Toda a situação era desconfortável.

Estava prestes a enfrentar a única pessoa que algum dia me tinha agredido fisicamente e apesar de me mostrar corajosa aos olhos do meu amor, estava a tremer intensamente por dentro.

Neste momento estava de pé no salão do "inimigo" aguardando a chegada deles, e o meu estômago revirava-se de ansiedade, para me distrair até a chegada deles aproximei-me da janela e fiquei parada a olhar para o deslumbrante jardim que se mostrava através do vidro, Karl abraçou-me e ali encontrei um pouco da segurança que tanto necessitava.

A porta atrás de nós abriu-se e deixou passar um senhor distinto com seus sessenta anos e a loira agressora, já minha conhecida "Laura". Detestei a maneira como eles se apresentaram a nós, empertigados e sem um pingo de humildade.

Lorde Davis convidou-nos a sentar o que fizemos,Karl e eu sentámos-nos lado-a-lado no sofá de três lugares passando este último o seu braço por cima do meu ombro num sinal claro de protecção. Eles por sua vez acomodaram-se nas poltronas que se encontravam directamente a nossa frente. Depois desse pequeno ritual ter lugar Lorde Davis tomou logo a palavra.

o meu para sempre (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora