DOCUMENTO 004: TODO PROGRESSO TEM SEU TEMPO

13 0 0
                                    

Bom dia príncipe encantado. Parece que finalmente voltou a dormir o sono da beleza. Henry ironizou Gabriel, que acabara de entrar no ônibus.

- Acho que ele foi dormir na fortaleza dos rebeldes, isso sim. Ligamos para você a noite toda, e não nos atendeu. Se não estivéssemos tão cansados iríamos te procurar na sua casa. – Cortou Nicolas, segurando no ombro do amigo sentado ao seu lado.

- Passei o dia na biblioteca estudando. Quando cheguei em casa fui direto para o meu quarto dormir. – Gabriel respondeu aos amigos um tanto quanto inseguro.

- Sasha me falou que te encontrou quando você estava indo embora. Ela disse que te achou... estranho. Aconteceu alguma coisa?

- Já disse que não aconteceu nada. Apenas estava exausto do dia. Eu precisava era dormir, e agora estou novo. – Disse o amigo, retrucando.

- Espero que esteja mesmo, porque vamos ter chamada oral na aula de Geografia Política. – Gabriel mal teve tempo de falar, quando notou que ônibus acabara de chegar ao colégio. Após estacionar, os estudantes se dirigiram aos vários portões da escola a passos acelerados. Aquela pressa em chegar logo às salas evidenciava o período em que todos se encontravam: os temidos exames.

Os três amigos se misturam à multidão de alunos naquela procissão a caminho da rotina matinal. No corredor central, logo se dirigiram aos seus armários, onde guardavam os mais variados objetos.

De materiais e livros até roupas e bolas de basquete.

Chegando ao seu armário, Gabriel tirou a chave do bolso de sua calça para abri-lo. Entretanto, ele não se lembrava do estado em que o havia deixado nos últimos dias.

Para seu infortúnio, aconteceu o que ele jamais esperava.

Ao abri-lo, uma avalanche de livros e sapatos desabou em cima dele.

Assustado, Gabriel agiu por reflexo empurrando tudo de volta ao armário, gerando uma onda de choque com o movimento de suas mãos.

Mesmo agindo em poucos segundos, o forte impacto junto com a atitude desengonçada do amigo chamou a atenção de Nicolas que viu, assombrado, a porta do armário sendo fechada sem que Gabriel a tocasse.

Ele piscou duas vezes imaginando ter tido uma alucinação, embora tivesse certeza do que havia presenciado.

- Como você fez isso? – Perguntou Nicolas, assustado.

- O que? – Respondeu Gabriel, apreensivo, imaginando se o amigo havia realmente testemunhado o que acontecera.

- Fechar o armário sem tocá-lo. – Nicolas tropeçava nas próprias palavras, quase gaguejando. – Eu vi o que você fez Gabriel...

- Isso se chama reflexo, idiota. – Respondeu Henry, caçoando de Nicolas, voltado desde o início para seu armário. – Ele apenas... 

-... Bati a mão na porta com força. – Disse Gabriel, ainda se recuperando daquele fenômeno inesperado, tentando se justificar em meio a tropeços.

Para seu alívio, a sirene do Colégio soou, ecoando o toque de recolher e encerrando de vez aquela polêmica.

– Vamos. Não quero levar bronca do nosso professor. – Gabriel entrou de imediato na sala, deixando Nicolas e Henry sozinhos no corredor.

- Cara, eu juro. Eu sei o que vi. Ele sequer encostou naquela porta! – Nicolas se virou para Henry com uma expressão que variava entre o espanto e a sinceridade. – Não sei como ele fez aquilo, mas eu vi...

- Esqueça isso... Você está ficando tão perturbado quanto ele. Relaxe, vamos nos divertir um pouco com essa chamada oral. – Henry chamou Nicolas para dentro da sala, dando-lhe uma tapa no ombro. Nicolas o seguiu, desnorteado.

Harashi - Os Mestres da Luz - Livro 1: A Guerra do PrincípioOnde histórias criam vida. Descubra agora