01 Implacável

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Dia quente... calor insuportável. Nem mesmo o ar condicionado do meu amplo escritório amenizava o calor fora de época. E pensar que eu teria uma longa noite pela frente. Não que eu não estivesse acostumado. Assim que meu pai percebeu o quanto eu era mais rígido e durão que ele, me colocou a frente dos negócios. Eu era implacável, às vezes.
E temido. Nem sei como fiquei assim. Talvez já tenha nascido assim, quase sem sentimentos. Comandava nossos serviços com mãos de ferro. E me irritava facilmente com esse bando de molengas que às vezes colocavam para ficar ao meu lado. Eu era chamado de O capo, ou seja o líder, o chefão de tudo isso. Olhei para a placa reluzente de ouro em minha mesa: Christopher Berllucci Evans. Perigosa mistura entre ingleses e italianos. Há anos minha família dominava a máfia na Sicília. Eu era o último do clã. Por isso mesmo sempre me via em discussões com o meu pai. Eu precisava de um herdeiro. Sim, eu precisava. Mas mulher nenhuma até hoje se mostrou digna de ter um filho meu. Nem mesmo Sharon, minha atual amante.
Uma batida na porta e meu irmão adentrou. Apesar de bem mais forte
que eu, Jeremy era um crianção. Coração de manteiga às vezes. Por isso não foi escolhido para ocupar o lugar do meu pai.

- Christopher? Está na hora.

- O homem já está lá?

- Sim. Só estamos esperando por você.

- Já estou indo. E quanto ao carregamento?

- Já chegou e armazenamos tudo.

- Ótimo. Excelente.

Levantei e ajeitei novamente a gravata saindo em direção ao galpão mal iluminado. Estava cercado pelos meus homens e lá dentro mais alguns.
Entre eles Jeremy e meu outro irmão Robert. Esse era um problema sério pra mim. Definitivamente não nasceu pra isso. Olhei para o homem corpulento a minha frente, os pés sobre o caixote. Sentia o cheiro do medo no ar.

- Então........

-Senhor Evans ... eu já devolvi tudo, cada grão daquela droga, não me restou nada. Isso não é necessário.

- Cale a boca. Não me venha dizer o que devo fazer. Você me desafiou Johansson... Sabe que eu não perdôo isso.

- Sim....mas....

- Jeremy ... a corda.

Vi o rosto do homem empalidecer e o terror tomar conta dele.

- Não. Pelo amor de Deus....eu tenho família.

- Pensasse nela antes de tentar me roubar. Isso é só um aviso para que ninguém da sua família atravesse o meu caminho. Ou será bem pior.

- Eu tenho uma filha.

Sorri.

- Eu sei que tem... e um filho tão vagabundo quanto você. Agora chega de conversa.

- Jeremy.

Fiz sinal com a cabeça e ele ajustou a corda no pescoço do homem.

Ele tremia visivelmente.

- Algum pedido Johansson?
Cuide....cuide da minha filha.

Eu ri alto.

- Depende. Que tipo de cuidado quer que eu tenha com ela?

- Não se atreva a encostar nela, seu ordinário.

O poderoso EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora