CINCO

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— Pronta para ir? — Ellen perguntara.

— Sim, estou.

Eve, e a mãe iam fazer uma caminhada pelo parque com Blake. Sunshinne estava exausta, parecia que não dormia há dias.
Decidiram deixá-la descansar, e passar um tempo a sós com o marido. Eve entendia o que a mãe estava fazendo, com a presença delas na casa o casal não tinha a mesma liberdade de antes.

Chegaram ao parque, Ellen acomodou Blake em seu colo. O menino estava entretido com algumas flores que caíam da árvore.

— Já pensou em se mudar da casa de Tristan? — Eve indagou de repente.

— Oh, não. Nunca pensei na... possibilidade. — Ellen ficara surpresa com a pergunta.

— Entendo.

— Quer ir embora?

— Talvez.

— Não gosta de viver aqui?

— Eu adoro, mas sinto que estou incomodando. Que estou invadindo o espaço deles.

— Acha que seu irmão não nos quer lá?

— Eu não disse isso. Ele gosta de nos ter por perto, só que mesmo assim não consigo perder tal sentimento.

— Está confusa.

— Talvez.

— Na américa era apenas nós duas, aqui... temos uma família completa.

— Sei disso.

— O que lhe aflige?

— Não me entenda mal, eu os amo. Apenas, sinto que deveria viver em outro lugar.

— Para onde quer ir?

— O campo me agrada.

— Seu irmão tem uma propriedade no campo, poderíamos ir.

— A senhora irá comigo?

— Mas é claro que sim, jamais irei deixá-la sozinha.

— Mas... aqui está perto dos seus netos e de Tristan. O que sempre desejou!

— Mas você não pode partir sozinha, minha filha.

— Eu... jamais faria a senhora ir embora daqui, sabendo que estará infeliz em outro lugar. O seu lugar é aqui, então ficarei ao seu lado.

Eve sentia seus sonhos indo embora.

— Mas viverá infeliz. Não pode desistir de tudo por mim, filha.

— Não estou desistindo, apenas adiando.

— Deveria encontrar um companheiro.

— Não comece com isso novamente.

— Sempre quis vê-la casada.

— Talvez nunca veja.

— Porque não veria?

— Olhe bem para mim, não sou interessante. Estamos aqui três meses e não apareceu nenhum pretendente.

— Três meses é pouco tempo, espere mais um pouco e logo apareceram vários pretendentes.

— Mamãe, pare. Sabemos que não irá acontecer, nem na américa isso aconteceu. 

— Não perca as esperanças.

Eve não respondera, não poderia falar nada sem chorar.

Enquanto Ellen havia ido para a beirada do lado com o neto, Eve permaneceu sentada no banco que estava com a mãe.
Não queria ir para perto dela com medo que começasse com a conversa sobre casamento novamente.

— Olá, Lady Eve.

Às batidas do coração da jovem começaram a acelerar.

— Milorde. — encarava-o com surpresa.

— Não sabia que fazia caminhadas pelo parque.

— Digo o mesmo, o senhor não parece um homem que tira tempo para caminhadas.

— Me pegou... não faço mesmo. Porém, hoje quis mudar um pouco.

— E, está gostando do seu passeio?

— Muito mais agora.

Eve sentiu o rosto corar violentamente. Ele era um galanteador.

— Está sozinha?

— Não, minha mãe está no lago com meu sobrinho.

— Apenas às duas?

— Sim, viemos passear com o pequeno.

— Gosta de crianças?

— Sim, muito.

— Do que mais gosta, senhorita?

— Antes de responder, seja sincero comigo. Porque quer saber sobre mim?

— Talvez, eu queira ser seu amigo.

— Soube que não tem boa reputação, se me virem com o senhor posso ficar mal falada.

— Pelo visto, Andrew não perdeu tempo. Foi logo fazendo mexericos sobre minha pessoa.

— Ele se preocupa comigo.

— Se desse tanta importância para sua reputação não andaria com Lucius e a esposa, nem com o irmão dele. Paxton também não é dos melhores. — sua voz era totalmente sarcástica. — Pensando bem, nem com seu irmão deveria ser vista. Nenhum deles é melhor que eu.

Eve estava perplexa.
Thornton estava sendo totalmente grosseiro.

— Não pode falar assim deles!

— Os conheço muito bem.

— Os odeia?

— Porque faria tal coisa? Não sinto nada a respeito deles. Apenas estou deixando meu ponto de vista, nenhum deles têm boa reputação.

— E, por que não teriam?

— Ora essa, não sabe?

— Seja claro.

— Lucius casou-se com uma empregada, o irmão com a ex esposa do pai.

— Se eles se amam, não vejo problema.

— Paxton e seu querido irmão tinham uma casa para cavalheiros.

— Que largaram após se apaixonarem.

— A senhorita acha que o amor pode transformar uma pessoa?

— O senhor não?

— Estou de frente para uma romântica incurável?

— Apenas uma moça que acredita em finais felizes.

— E quanto ao seu?

— Meu o quê?

— Onde está o seu final feliz?

— Acredito que não seja da conta do senhor.

— Não tem alguém esperando-a na América?

— Não há nenhum.

— Porque não?

— Deveria perguntar aos cavalheiros de lá.

Thornton encarava-a intensamente, parecia querer ler seus pensamentos.

— Acho melhor o senhor ir embora, estamos começando a chamar atenção.

— Virá ao parque amanhã?

— Não sei, talvez.

— Estarei esperando-a aqui.

— Mas não sabe se irei aparecer.

— Não é elegante deixar um cavalheiro esperando.

— Senhor, não combinamos nada. Então, não serei deselegante.

— Quero conhecê-la melhor.

— Talvez, seja melhor se manter afastado.

— E, se eu quiser fazer o cortejo?

— Pode arrumar outra.

Eve sentia que o coração pararia a qualquer momento, Thornton estava brincando com ela só podia ser.

— Mas foi a senhorita que despertou meus interesses.

— Oh, não. Eu... milorde fico lisonjeada mas devo recusar quaisquer aproximação.

— Tem medo?

— Um pouco, talvez.

— Jamais machucaria a senhorita.

— Fará, eu tenho certeza.

Já fazia na verdade, quando brincava com ela daquele jeito.

— Senhorita, Eve...

— Escute-me, não deixarei que brinque assim comigo. Não é certo! Passar bem, lorde Thornton.

Eve queria ir embora, correr para seu quarto. Não contaria nada para sua mãe, ela não entenderia. Pensaria que era um cortejo verdadeiro.
Só que a jovem sabia que não passava de uma brincadeira de mal gosto. Já havia acontecido antes com ela.
Eve pensara que havia conseguido atenção do cavalheiro mais cobiçado da única temporada que participou. Na verdade, o rapaz não queria-a. Apenas fizera uma brincadeira.
Ela ficara arrasada, nunca contara para ninguém.
Todos consideravam-na o patinho feio, Eve mesmo pensava o mesmo sobre si.
Manteria distância de lorde Thornton, pois não queria ser humilhada novamente.


Um Amor para Lady EveOnde histórias criam vida. Descubra agora