— Que susto Ruggero! — Levei a mão ao peito por impulso constatando o meu coração acelerado — Porque chegou assim?
Sem me responder, Ruggero encarava Emílio com um olhar feroz. Os punhos cerrados ao lado do corpo e a respiração pesada e acelerada me faziam acreditar que ele voaria em cima do garoto a qualquer momento.
Contrariando tudo, ele deu a volta entrando no pequeno cubículo que me cercava e veio para cima de mim. Dei dois passos para trás batendo no limite da barraca. Ruggero colocou uma mão em cada lado do meu corpo me prendendo entre ele e a bancada lateral. As mãos apertavam com força a madeira improvisada, e seus olhos tempestuosos olhavam profundamente e diretamente dentro dos meus.
— Sai — Rosnou entre dentes sem desviar os olhos de mim. Mas eu sabia que não era comigo que ele falava.
Sem saber o que fazer Emílio permaneceu parado onde estava, encarando aquela cena nada comum que protagonizávamos.
Medo não era algo que ele teria de Ruggero, afinal ele era treinado para enfrentar inimigos muito piores e armados.
Tentando evitar uma confusão maior, desviei minha atenção para ele e assenti confirmando que estava tudo bem. Os segundos que ele demorou para sair pareciam eternos. Mesmo contrariado ele deu meia volta e foi embora sumindo em meio à multidão, me permitindo finalmente soltar o ar aliviada.
Quando olhei novamente para Ruggero ele parecia igualmente aliviado, mas ainda tinha algo a mais que eu não conseguia identificar.
— Tá tudo bem aqui? — Tia Antonella perguntou por trás do filho — Ruggero se você já trouxe as caixas que te pedi, já pode voltar, a Leslie deve estar te esperando.
Ainda parado na mesma posição. Ruggero fechou os olhos e respirou profundamente e alto ao ouvir o nome da garota que carregava seu filho.
Sem responder a mãe, ele me segurou pela mão e saiu me arrastando entre as pessoas. Tentei protestar e questionar o que ele estava fazendo ou para onde estava me levando, mas foi em vão.O Sol já havia sumido quase que por completo, e algumas nuvens começavam a encobrir o céu.
Fui arrastada até a frente do pequeno palco montado no meio do evento, onde alguns cantores locais se apresentavam. Ruggero largou minha mão e sumiu para detrás da estrutura sem falar nada. Sem saber o que fazer, me virei para voltar ao meu lugar quando a musica animada que tocava parou, dando lugar para um solo de violão.
Virei novamente e Ruggero estava em cima do palco dedilhando uma musica dando base para o resto da banda o acompanhar.
Meu coração acelerou tanto que parecia que ia sair pela boca. A chuva começava a se mostrar e aos poucos as pessoas a minha volta foram se recolhendo para se proteger das gotas geladas. Mas eu permaneci alí, com um olhar curioso para entender o que estava acontecendo.
Sem tirar os olhos de mim, Ruggero começou a cantar:
Hubo una foto en la pared
Houve uma foto na paredeQue arrancaste de tu vida
Que arrancou da tua vidaRecordar lo que un día fue
Lembrar o que um dia foiMe duele todavía
Me dói aindaSe que perdonar no es fácil
Sei que perdoar não é fácilPero el tiempo sana heridas
Mas o tempo cura feridasY para que tú regreses
E para que você volteOtra vez me beses, yo te esperaría
Outra vez me beije, eu te esperariaSi tú vuelves, estoy aquí
Se você voltar, estou aquiDejo to lo que un día fui
Deixo tudo o que um dia fuiYa nada es lo mismo
Já nada é o mesmoTú apagas el ruido con tu voz
Tu apaga o barulho com tua vozSi tú no estás
Se tu não estáBaby, cada día te pienso más
Baby, cada dia penso mais em tiSi no estás
Se não estáTú recuerdo quedará, el dolor no se irá
Tua lembrança ficará, a dor não vai irSi no estás
Se não estáBaby, cada día te pienso más
Baby, cada dia penso mais em tiSi no estás
Se não estáSi tú no estás, si tú no estás
Se tu não está, Se tu não estáBaby, es que no me di cuenta
Baby, é que não me dei contaQue perdí la cuenta de cuánto te he herido
Que perdi a conta do quanto te feríTan fácil hacerme el ciego, caí en mi propio juego
Tão fácil me fazer de cego, caí em meu proprio jogoDame otra oportunidad, te pido
Me dê outra oportunidade, te peçoQuizá somos una causa perdida
Talvez sejamos uma causa perdidaY no hay na que dure pa' toda la vida
E não há nada que dure para toda a vidaPero fue temprano pa' una despedida
Porém foi cedo pra uma despedidaPor eso te pido que vuelvas aunque
sea una noche más
Por isso te peço que volte ainda que seja uma noite maisSi tú no estás
Se tu não está[...]
O ultimo acorde foi solto sem que seus olhos desviassem de mim e sem que os meus desviassem dos dele.
Os aplausos foram audíveis, mas nem eu nem ele ligávamos para o que estava à nossa volta. Nem mesmo a chuva torrencial que caía fez com que eu arredasse o pé de onde eu estava.
Ruggero também pareceu não se importar quando desceu rapidamente as escadas do pequeno palco e veio até mim, segurando meu rosto com as duas mãos e colando sua boca na minha sem pedir nenhuma permissão. Ele sabia que não precisava.Mais aplausos foram ouvidos e dessa vez me senti incomodada com a atenção que nos era dirigida. Me afastei do seus lábios e me encolhi em seus braços apoiando a cabeça próximo ao seu coração, que pulsava de forma acelerada.
— Vem, vamos sair daqui.
♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡
Ah como ansiei por soltar esse capítulo pra vocês 😍
Se vcs leram esse capítulo sem escutar a musica do Rugge, voltem e leiam de novo pq vcs leram errado kkk
É sério gente, esse capítulo nem existia na primeira versão, mas essa musica dele se encaixou tanto que não descansei enquanto não escrevi.
Agora comentem muuuito, votem, engagem que é pra eu soltar logo o próximo.
😘
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Seu Lado - Ruggarol
FanfictionApós perder a mãe, Karol se vê obrigada a mudar sua vida e ir morar com a madrinha na pequena cidade de Green Valley no interior do Arizona. O que ela não imaginava é que o destino lhe preparava um reencontro com alguém que ela nem lembrava conhecer...