Quando acordei no dia seguinte, não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto. As lembranças da noite anterior não saíam da minha mente e deixavam o meu coração acelerado.
Ao chegar na cozinha para tomar café, tia Antonella já estava sentada à mesa.
- Bom dia tia linda - Dei um beijo em seu rosto e me sentei também.
- Bom dia querida. Pelo jeito teve bons sonhos essa noite.
- Perfeitos - Respondi.
Alguns segundos depois Rugge entrou na cozinha e deu um beijo estalado no rosto da mãe lhe dando bom dia, e se sentou na minha frente abrindo um sorriso em minha direção. Sorri de volta e desviei minha atenção para o meu copo de suco sentindo as bochechas corarem.
- Bom... Parece que todos tivemos bons sonhos essa noite - Estranhamente o sorriso no rosto dela era como se já soubesse de algo que somente nós ainda não havíamos descoberto. Mas ainda sim eu me sentia como se estivesse pisando em nuvens.
O caminho até o ponto de ônibus foi silencioso, mas confortável. Estranhamente confortável. Não era algo ruim, era um silêncio que dizia tudo que queríamos compartilhar naquele instante sem dizer apenas uma palavra.
Quando o ônibus chegou subi primeiro e fui me sentar no meu lugar de sempre. Rugge então parou no corredor e fez sinal para que eu sentasse ao seu lado. Ou melhor, deixe-me reformular. Ele me chamou para sentar no lugar dele, na janela, onde ninguém sentava até mesmo quando ele não ia para o colégio. O lugar " intocável" até aquele momento. Me sentei e ele deslizou para o meu lado me passando um de seus fones. Sorri o ajustando no meu ouvido e uma versão acústica e diferente de "Talking to the Moon" do Bruno Mars começou a tocar. Olhei para Ruggero que tinha um sorriso envergonhado no rosto. Era ele cantando. Ia falar algo mas o ônibus parou no ponto seguinte ao nosso e mais alguns alunos entraram. Entre eles Leslie Mc'Cullers que não deixou de demonstrar sua surpresa ao nos ver juntos. Sentou no seu lugar no banco oposto ao nosso e me olhava como se fosse me matar no segundo seguinte. A Ignorei e me recostei no banco apoiando a cabeça no ombro de Rugge. Achei que ele se afastaria, afinal não ficou esclarecido ainda exatamente o que somos. Mas ele pareceu gostar do meu gesto se abaixando mais no assento para que eu me apoiasse melhor e deitou a cabeça em cima da minha.
Fechei meus olhos e ignorei qualquer outro olhar pelo resto da viagem. Só notei que havíamos chegado à escola porque Rugge me chamou.
- Nos vemos no almoço? - Perguntou quando descemos do ônibus.
- Claro - Respondi e ele me deu um beijo no rosto antes de entrar na escola enquanto eu ficava parada onde estava com uma cara de boba o observando.
Senti meu braço ser puxado e quase fui ao chão quando Valentina saiu me arrastando até um canto mais afastado da multidão que entrava apressada pelo portão.
- Aii - reclamei - O que tá fazendo Valu? - Consegui me soltar e fazê-la parar onde estava.
- Não meu bem, quem pergunta aqui sou eu - Pôs as duas mãos na cintura de forma autoritária - O que você tá fazendo?
- Tá falando do que?
- De você com seu primo!
- Ele não é meu primo Valu! Sabe disso...
- Eu posso saber mas as outras pessoas não. Já viu como todos estão olhando para vocês?
- Primeiro, eu não me importo nem um pouco com que os outros pensam. E segundo que não estamos fazendo nada demais apenas concordamos em ser amigos por enquanto.
- Por enquanto? Então quer dizer que pretendem evoluir isso entre vocês?
- Eu não sei, talvez sim... E o que tem isso Valentina? Se em algum momento, nos dois decidirmos ser mais que amigos ninguém tem nada que ver!
- Karol você não tá pensando direito...
- Não Valentina! Eu já pensei muito bem, você que tá sendo intrometida!
Ajustei minha mochila no ombro novamente e caminhei a passos firmes e apressados para dentro da escola, deixando-a para trás.
Podíamos ser amigas, mas isso não dá o direito à ela de se meter na minha vida. Ela me conheceu há poucas semana e por mais que a nossa conexão tenha sido forte desde o primeiro dia, ela não sabe o suficiente sobre meus sentimentos para poder falar sobre eles.
Mas e se ela estiver certa? Todos nessa escola sabem que eu moro com a Tia Antonella, e a maioria pensa mesmo que somos primos de verdade.
E se pensarem que estarmos juntos é errado? Eu ligo mesmo para a opinião deles? Claro que não! Mas... E se o Ruggero não me beijou porque também pensa assim? E se realmente for errado? Quer dizer, não somos primos de sangue mas estamos sendo criados como se fossemos.
Ó céus, acho que vou enlouquecer!
- Senhorita Sevilla, está prestando atenção? -A voz grave e séria do professor ecoou pela sala. Voltei do universo paralelo para o qual eu havia viajado e olhei para o homem magro e grisalho parado na minha frente - Está prestando atenção na aula? - Perguntou novamente.
- Claro, Senhor Harrison, eu só estava pensando na equação - apertei os lábios forçando um falso sorriso sem mostrar os dentes.
- Melhor deixar para pensar nisso na aula da Senhora Martín. Agora você está na minha, e a não ser que eu esteja louco, até onde sei leciono literatura.
Meu "Sorriso" murchou no rosto e ouvi risadinhas abafadas do restante da turma. Mal consegui sussurrar um "Sim senhor" e baixei minha cabeça envergonhada. Pelo calor que senti no meu rosto, tinha certeza que estava vermelha. Pelo restante do tempo permaci em silêncio no meu canto e tentei prestar atenção na aula. O que não era difícil já que a unica pessoa conhecida que fazia essa aula comigo era o Agus e ele sentava com os amigos no fundo da sala, enquanto eu preferia a proximidade com o quadro negro.
Quando o sinal do fim da aula tocou, saí o mais rápido que pude dalí. Pelo menos até chegar aos armários e me lembrar que a próxima aula era de química avançada, na qual eu fazia dupla com Valentina.
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Ultima vez que posto só um capítulo na semana!
After Rain está chegando ao fim e os capítulos de A Seu Lado Vão começar a ser postado com mas frequência à partir da próxima semana. Quem gostou toca aqui
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A Seu Lado - Ruggarol
FanfictionApós perder a mãe, Karol se vê obrigada a mudar sua vida e ir morar com a madrinha na pequena cidade de Green Valley no interior do Arizona. O que ela não imaginava é que o destino lhe preparava um reencontro com alguém que ela nem lembrava conhecer...