Capítulo 21

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Uma semana.

Esse era o tempo que Leslie estava morando com a gente. Também era o tempo que fazia que eu não falava mais com Ruggero. Não que ele não tenha tentado, isso ele fez milhares de vezes em qualquer momento que tinha oportunidade.

Era difícil para mim também aguentar. Meu coração perdia o compasso cada vez que o via, o que
acontecia muitas vezes, afinal, moramos sob o mesmo teto e estudamos na mesma escola. Mas eu
havia perdido a confiança e isso era algo que dificilmente seria recuperado.

- Sabia que foi aqui que eu decidi?

A voz rouca e um pouco hesitante ressoou ao meu lado.

Lá vai meu coração saltitar outra vez. Se estivessemos em um desenho animado com toda certeza
teria aquela cena do coraçãozinho saltando longe.

Olhei para o lado e lá estava ele. O homem que me fez ir do céu ao inferno em poucas semanas.

Dessa vez não o repelí. Já estava cansada de falar, pedir pra ele ir embora, empurrar e falar que
preciso de tempo. Talvez apenas ignora-lo fosse a melhor opção, então virei a cabeça para o lado e
fechei meus olhos.

Uma péssima ideia, já que ao ver que eu não o responderia, decidiu continuar.

- Foi exatamente aqui, em cima dessa pilha de feno, sob aquele céu cheio de estrelas, que eu decidi
que queria você.

Ai... coração traidor, aquieta aí.

- Quando prometemos esperar e ir com calma eu meio que surtei internamente - Continuou - Eu
ficava pensando "Seu idiota, o que você está fazendo?", Então eu tive toda a ideia de arriscar e te
fazer a surpresa. Mesmo que isso arriscasse te perder pra sempre.

Meus olhos começavam a marejar. Ainda que eu tentasse ignora-lo, tudo o que ele estava falando atingia meus sentimentos como uma flecha em chamas, queimando por dentro.

Senti a ponta de seus dedos tocarem a minha mão e um choque percorreu por todo o meu corpo me
deixando em alerta. Só então me dei conta do quão próximo ele estava. Me virei em sua direção e notei que ele havia deitado ao meu lado.

Seu rosto a poucos centímetros do meu, nossas respirações ofegantes e cruzadas, o cheiro da loção pós barba dele me inebriando. Seu olhar intercalava entre minha boca e meus olhos. A distância entre nós foi diminuindo gradativamente, e eu sentia que se o beijasse tudo estaria perdido. Ainda assim eu não conseguia evita-lo.

Quando nossos lábios se roçaram, Ruggero sussurrou meu nome. Não que ele tivesse a intenção, mas isso foi o suficiente para que eu voltasse para a realidade e me afastasse.

Pigarrei disfarçando e me sentei o mais longe possível.

- Pensei que você tinha saído com sua mãe.

Eu sei... Estava quebrando o meu "voto 'não oficial' de silêncio", mas tudo o que importava agora era
sair daquele momento constrangedor.

Ruggero também se sentou mas dessa vez não se aproximou.

- Eu ia, mas a mãe da Leslie mandou dinheiro para comprar coisas para o bebê, então minha mãe a levou na cidade para fazer compras. Fiquei sem carro.

- Podia ter ido junto, ajudado a comprar, afinal é o seu... - Hesitei. Falar aquilo em voz alta doía, e
muito. - Filho.

- Compras não são a minha praia. Além do mais eu não poderia te deixar sozinha.

E lá vem ele com aquele olhar outra vez.

Sem responder mais nada, descí num salto do feno e fui em direção à casa. Não dava. Eu não sou capaz de suportar a presençã dele tão perto de mim, mas ao mesmo tempo não consigo esquecer tudo o que aconteceu. É uma luta interna que só o tempo talvez (e muito talvez) seja capaz de resolver.

Mas ele também não era o tipo que desistia. E assim como eu, ele também saltou de onde estava e
passou a caminhar atrás de mim.

- Karol por favor... Conversa comigo, Karol... - Continuou chamando - Você não pode ficar assim pra sempre. Quer brigar? A gente briga, quer gritar? Quer xingar, me bater? Eu to aqui!

Parei bruscamente e me virei. As lágrimas já caindo sem controle, banhando meu rosto e turvando
minha visão.

- O que você quer que eu fale? - Perguntei com a voz engasgada pelo choro - Quer que eu grite? Eu posso fazer isso. Quer discutir? Podemos também. Mas de que isso vai resolver? Nada do que fizer vai mudar o fato de eu ter perdido a confiança em você!

- Você tem que entender que eu não tenho culpa de nada! O que aconteceu entre eu e ela foi antes de você chegar. Eu não posso mudar o que aconteceu, mas eu prometo pra você meu amor que quando você
chegou tudo mudou, você virou minha vida de pernas pro ar, você tomou meu coração de um jeito
que ninguém jamais foi capaz.

- Você fez, você sempre deu a entender que o namoro com ela não havia passado de algo superficial. Eu só fiquei sabendo da história toda porque outras pessoas me contaram. Mas agora... - Suspirei, tentando buscar forças para falar - Vocês vão ter um filho. Isso é um elo que jamais poderá ser rompido e eu não sei se posso lidar com isso, ainda mais com
ela morando aqui e dando em cima de você em qualquer oportunidade.

Ele deu mais dois passos na minha direção, encurtando nossa distancia.

- Você está com ciúmes? - Perguntou com uma risadinha presunçosa no canto da boca.

- Ta vendo? Por isso que é impossível conversar com você!

Irritada, dei as costas para ele novamente e subi rapidamente as escadas de acesso à varanda dos
fundos.

Antes mesmo que eu alcançasse a porta, a mão firme de Ruggero segurou meu antebraço e me puxou, fazendo-me virar abruptamente.

Mal tive tempo de raciocinar. Quando dei por mim sua boca já estava colada na minha, nossas
línguas envolvidas em um beijo cheio de saudade e desejo. A mão dele repousada na minha cintura
me apertava cada vez mais contra seu corpo enquanto a outra puxava meu cabelo, inclinando minha
cabeça e expondo meu pescoço para que os beijos descessem por alí e voltassem para meus lábios.

Mesmo que involuntariamente, meu corpo se envolvia e se entregava ao desejo de te-lo, arranhando
sua nuca e quase rasgando a camisa de tanto puxar.

Um barulho de motor e portas batendo nos despertou. Permanecemos de olhos fechados e bocas coladas ainda por um tempo.

- Eu te amo e te desejo mais que tudo nessa vida Karol - Ruggero sussurrou entre meus lábios -
Eu não vou desistir de você assim tão facilmente.

E tão rápido quanto começou, nos afastamos. A camisa dele estava amassada onde eu a havia puxado, e os cabelos encaracolados estavam um completo desastre. Os lábios estavam inchados e a respiração permanecia ofegante. Não que eu estivesse muito diferente daquilo, por certo deveria estar bem pior.

A voz de tia Antonella ecoou vinda de dentro de casa chamando pelo filho, que entrou logo em seguida, impedindo que minha madrinha saísse e me visse naquele estado.

Na minha cabeça, apenas uma pergunta:

O que foi que aconteceu aqui?

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Presentinho pra vocês ❤

Não esqueçam de votar e comentarem muito. Quanto mais comentários, mais empolgada a escritora que aqui vos fala fica, e mais capítulos são postados.

Aah e quem quiser e puder, repondam lá o recadinho que deixei no mural lá no meu perfil.

Bjinhos e boa semana para todas

A Seu Lado - RuggarolOnde histórias criam vida. Descubra agora