Epílogo

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Ruggero

7 anos depois

        Em toda a minha vida, nunca imaginei que estaria onde estou agora. Meu sonho sempre foi levar minha musica e minha voz para o mundo, mas ao invés disso, seguí trabalhando na fazenda com a minha mãe até que assumi os negócios no seu lugar. Minha musica ainda chega para o mundo mas não é pela minha voz, e sim pelas minhas composições que vendi há alguns anos porque precisava de dinheiro. O que começou como uma necessidade, se tornou minha renda extra. O que não deixa de ser uma necessidade na verdade com os altos custos do tratamento de Ethan.

        Ethan...

        O nome dele significa forte, resistente. O que se encaixa perfeitamente para ele. Meu menino guerreiro.

        Isso foi outra coisa que nunca imaginei quando sonhava como seria meu futuro: Ser um jovem pai de 25 anos.

        Não que me arrependa de ter assumido meu filho. Ele é meu maior amor e não trocaria ter ele na minha vida por nada no mundo.

        Uma batida na porta me chama a atenção tirando-me dos meus devaneios. A porta se abre e minha mãe coloca a cabeça pelo espaço aberto, abrindo um sorriso em minha direção.

        — Está quase na hora querido.

        — Estou quase pronto — Afirmo terminando de arrumar a flor em minha lapela. Me virei para ela e abri os braços mostrando o terno alinhado — Como estou?

       O sorriso orgulhoso em seu rosto já dizia o suficiente, mas ainda assim completou:

        — Tão deslumbrante quanto um noivo.

        Gargalhei com sua afirmação. Minha mãe era minha maior fã e apoiadora, era óbvio que seu elogio não seria nada menos que "deslumbrante".

         Tão rápida quanto entrou, minha mãe saiu me deixando sozinho novamente com meus pensamentos.
Dei mais uma conferida no espelho e saí do meu quarto em direção aos fundos de nossa casa.

            Nosso quintal estava arrumado como nunca visto antes. Um imenso tapete azul se estendia, atravessando o enfileirado de cadeiras, já preenchidas por boa parte da nossa vizinhança, e terminando no gazebo colocado alí e ornado com flores azuis e brancas que em breve serviria de altar.

          Alguns de nossos conhecidos e amigos passavam por mim e parabenizavam. Me sentia estranho com esse tipo de cumprimento, para mim todas as felicitações deveriam ser direcionadas à noiva.

          Após algumas breves conversas, passei meus olhos por todo o lugar procurando por meu filho.

         Passei por Morgan, filha de Jeff e Mary que agora já estava com 17 anos e sempre que eu precisava ficava de babá de Ethan. Perguntei se ela sabia onde meu filho estava e ela me apontou o amontoado de feno em frente ao celeiro.

         Meu filho estava sentado no colo de uma estranha, ria e conversava animadamente. Algo que raramente vi acontecer, principalmente com pessoas que ele não era acostumado. Geralmente esse tipo de contato faria ele entrar em crise, mas não era isso que acontecia alí.

         Me aproximei cautelosamente, tentando entender o que estava acontecendo. A moça em questão estava com a cabeça abaixada em direção ao meu filho. A cabeleira castanha com mechas cor-de-rosa caía sobre seu rosto impossibilitando o contato visual. Nas mãos segurava uma câmera fotogáafica e mostrava algo para Ethan que soltava mais uma de suas raras gargalhadas e balançava o corpinho para trás e para frente, sua costumeira estereotipia. A risada que o acompanhou ecoou por todo o meu corpo e me fez estremecer.

A Seu Lado - RuggarolOnde histórias criam vida. Descubra agora