Trivia: Love

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RainbowTU: Quem é vivo sempre aparece, né não?

Algumas coisas não podiam ser explicadas de forma lógica

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Algumas coisas não podiam ser explicadas de forma lógica. Elas simplesmente aconteciam e não eram entendidas ou contextualizadas de um jeito científico ou minimamente condizente com as necessidades da razão humana. Para Namjoon e Seokjin era assim que o tempo passava desde o primeiro dia em que estiveram juntos. Não sabiam o que ocorria, não tinham como colocar em palavras, sequer tinham ideia de que algo estava acontecendo, mas seus corações notavam que havia algo na presença do outro que tomava contornos extravagantes e assumia formas capazes de complementar em parte, dentro de cada um, o que estava faltando. Desde o dia em que se conheceram e começaram a conversar, a passagem dos dias na Pousada Wintersweet tinha ganhado um ritmo próprio, como se o tempo ali corresse numa constante particular. Ambos sentiam algo diverso no ar, uma aura de conexão e cumplicidade que pousava em cada canto físico ou etéreo do local que ocupavam, mas de maneira alguma davam nome ou um conceito para isso. Nem mesmo percebiam, só viviam o que os levava de um dia para o outro, sem maiores questionamentos. 

Antes de ir para lá, Namjoon achou que morreria de tédio e talvez esse fosse um dos maiores motivos para ter aceitado a proposta de Hoseok. Não contava que encontraria alguém como Seokjin, uma pessoa absurdamente tranquila, capaz de apaziguar os seus ânimos e realinhar seus pensamentos com sua simples existência. Não esperava que seria escolhido como o humano preferido de Chingu, que com sua atitude o fez entender o quanto era gostoso ser responsável por alguém além de si próprio, alguém que não exigia sua alma como oferta num altar. Não podia ter previsto que as duas situações aliadas fariam seus dias de isolamento voarem tão livremente. Uma semana tinha se transformado em duas num piscar de olhos e seguiriam contando sem que sentisse a menor inclinação para ir embora. 

Não queria perder a ligação que tinha construído com seu anfitrião, seu gato de estimação e com aquele lugar. Não desejava sair de onde, finalmente, tinha conseguido se reencontrar, de onde tinha voltado a se sentir quem tinha deixado de ser tantos anos atrás. Não tinha ainda reencontrado todos os seus pedaços, contudo o que tinha em mãos naquele momento era muito mais do que vinha possuindo por anos. Queria ficar em Wintersweet por muito mais tempo, muitos outros dias, semanas, meses, anos que fossem. Tinha grandes esperanças de que, se tivesse tempo suficiente, acharia todos os seus cacos e, com o auxílio — não tão voluntário assim — de Seokjin e Chingu, teria como montar o quebra-cabeças de peças faltosas que tinha se tornado. Refugiava-se nesse desejo e não o questionava, porque em eras não se sentia tão à vontade com sua própria existência. A sensação não era plena, por certo, mas era bem mais do que poderia sonhar. E isso, na atual vida que levava, era tudo.

Para Seokjin não era muito diferente. A situação tinha contornos mais pessoais, que iam de acordo com suas vivências, porém era, por natureza, bastante similar e recíproco. Se Seokjin fosse tão bom em se expressar pessoalmente como o fazia quando segurava uma caneta, teria como fazer Namjoon saber que, de certa forma, ele também tinha virado uma chavinha muito importante em sua vida. Namjoon tinha quebrado a rotina de eterno marasmo e comiseração em que Seokjin viveu por anos a fio. Não tinha eliminado toda a dor, mas tinha amenizado os danos e feito com que criasse forças para, enfim, pensar em encarar seus próprios transtornos. E ainda o tinha ajudado, quase sem querer, a realizar o antigo sonho de ter um bichinho em casa. Chingu não era seu, mas cuidava dele como se também fosse, e o gato exercia nele os mesmos efeitos que faria se fosse seu tutor.

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