Aos trinta e dois anos, Namjoon conquistou exatamente o que queria desde criança, mas algo o impede de se sentir feliz. Seokjin, aos trinta e cinco anos, tinha se acostumado aos rumos que sua vida tinha tomado, mas, vez ou outra, ainda sente falta d...
RainbowTU: E eis aqui o último capítulo! Boa leitura!
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_ Tempos depois _
— Dois... Três... Quatro! Um!
Seokjin gritou na sala acústica, ao mesmo tempo em que mexia em botões, uns para cima, outros para baixo, uns tantos para os lados. Estalou os dedos no fim da contagem fora de ordem e, como se estivesse fazendo mágica, a voz de Taehyung começou a ressoar em seus ouvidos, em seu tom grave e específico que Seokjin conhecia desde a época em que eram adolescentes com grandes sonhos. Dentro da área de gravação, do outro lado do vidro, seu amigo dava voz e espaço para Vante, permitindo que ele assumisse o controle de seu corpo e deixasse os versos rolarem. Enquanto Taehyung se apagava para que Vante brilhasse, Seokjin observava o processo sorrindo. Conhecia bem a transformação que estava acontecendo naquele estúdio. Tinha sido o protagonista dela muitas vezes no passado, em cima de palcos e diante de alguns microfones de estúdio igualmente. Agora, atuando como uma espécie de coprotagonista, participava da magnitude daquilo de outra maneira. Poder estar ali participando da gravação das faixas do novo álbum do Vante tinha um sabor delicioso, uma nostalgia mágica que se misturava ao seu presente e o deixava em paz, num outro plano. Era uma das melhores sensações do mundo.
Se alguém tivesse lhe perguntado se em algum momento tinha imaginado estar ocupando tal lugar, a resposta teria variação de acordo com a época de sua vida. Na adolescência e no começo de sua vida como adulto, responderia que sim, que quando tivesse seus quarenta e tantos anos estaria nos estúdios como produtor musical, usando a fama do Nin-J para atrair os melhores rappers de seu país para o seu selo recém lançado, no qual todos depositariam as maiores expectativas — e estariam certos ao fazê-lo. Se fosse perguntado uns meses depois de ter se retirado do cenário musical para cuidar do pai, teriam recebido como resposta um "talvez, quem sabe, seria muito bom poder fazer isso". Quando o pai morreu, a pessoa escutaria que nunca, jamais, que não havia a menor possibilidade. E depois de Namjoon... Depois de Namjoon, a resposta estava ali, no fato de que finalmente tinha aceitado o pedido de Taehyung para ser um dos seus compositores e produtores. E estava feliz. Podia dizer, com toda a certeza, de que era felicidade o que sentia. Naquele momento já podia discernir bem.
Muita coisa aconteceu depois de Namjoon aparecer em sua vida. Os quarenta dias que viveram juntos em Wintersweet fizeram com que vários compartimentos de sua mente e de seu coração fossem reabertos, limpos e reorganizados. Sentir-se seguro pela primeira vez em anos para falar de seus sentimentos mais profundos com alguém que não o julgava — pelo contrário, parecia o compreender — fez maravilhas para seu estado mental. Saber que não era o único que tinha sentimentos contraditórios e às vezes contrários à moral, que mesmo uma pessoa bem sucedida como Namjoon poderia se deixar levar pelos horrores de um estado depressivo, o ajudou a entender em que ponto estava, e que era preciso fazer alguma coisa. Quando se despediram e o ator foi embora levando Chingu consigo — um momento muito doloroso para ele, não pensou que seria tão difícil —, Seokjin decidiu que daria um jeito na própria vida, que faria algo que o levasse a acreditar que ainda valia a pena continuar vivendo. Demorou, entretanto, para que tomasse atitudes a esse respeito.
