RainbowTU: Voltamos! Boa leitura!
Seokjin acordou na mesma posição em que tinha se ajeitado para assistir ao filme, com o notebook em modo hibernação no colo. Por sorte, o aparelho tinha ficado intacto durante todo o seu sono.
Não conseguia se lembrar se tinha terminado de ver o filme ou se tinha pegado no sono no meio da película. O que conseguia lembrar era de ter achado Namjoon muito bom no papel, e de ter se surpreendido com algumas cenas um pouco mais ousadas, protagonizadas por ele e a atriz que vivia a outra personagem principal. Não eram cenas tão fortes, mas eram fora do padrão das produções sul-coreanas que já tinha assistido. Parecia, sob algum aspecto, um produto criado com o intuito de ser exportado. Fato era que não podia dizer com perfeita clareza; se tinha chegado ao final da trama não se recordava, e isso tirava dele a oportunidade de fazer um julgamento. Talvez um dia visse o filme de novo, com mais atenção, de preferência sem adormecer no processo, e então estaria apto a ter uma opinião.
Naquele momento, o que podia afirmar era que Namjoon parecia ser um bom ator. Seokjin, ao menos, comprou as emoções transmitidas por aquele rei antigo, dividido entre as escolhas do coração e da razão. Além disso, Namjoon tinha convencido quando se botou a lutar com punho e espadas. Deixava na mente do espectador a dúvida sobre ele ter ou não algum treinamento verdadeiro. Podia ser o caso de ter aprendido para interpretar. Seokjin conhecia pouco acerca da arte da atuação, mas conhecia o suficiente para saber que alguns atores faziam aulas de assuntos variados, e bem podia ser o caso de Namjoon. Quem sabe viesse a perguntar? Mas para questionar, teria que falar sobre o filme, e isso implicava em confessar que dormira no meio da exibição.
Hoseok lhe dissera que Namjoon era tranquilo e pela pouca interação que tiveram, parecia verdade. O ator era um pouquinho esquisito, mas o ego era normal, o que não casava com a imagem de grandes estrelas da TV e cinema que Seokjin tinha na cabeça. Em seu mundinho particular de percepções, grandes estrelas eram, necessariamente, egocêntricas. Nem sempre isso acontecia de forma ruim, porém, em todas as vezes, tudo era sobre aquele serzinho especial que angariava para si todas as atenções. Muitas vezes era um movimento natural, mas em tantas outras, o próprio artista forçava a situação. No meio do hip hop, ainda na percepção de Seokjin, era bastante fácil ver essa diferença. Preconceitos à parte — ou nem tão à parte assim —, era fácil distinguir um rapper de coração e um rapper de ego: os de coração se mantinham no underground, e os de ego iam para o mainstream. Algumas joias do underground alcançavam o mainstream, mas se mantinham fiéis às suas origens, nunca as deturpava. Um rapper deslumbrado, em sua opinião, era um rapper perdido. Essa era a configuração em que Seokjin acreditava.
Quando se tratava de outros tipos de artistas, em especial idols e atores, Seokjin pensava que essa diferença se tornava ainda mais nítida, bem exposta a olhos nus. Essa categoria de artistas, por serem facilmente mais mimados por público e mídia, costumava ser onde os mais deslumbrados se concentravam. Era o resultado mais provável de uma equação simples, mas nada regular. Por isso, achou que lidaria com alguém que flutuava ao invés de andar, mas essa ideia se desfez bem rápido. Namjoon era meio egocêntrico, com seu jeito próprio de tratar com ele, mas era natural. Era de um egocentrismo um tanto humilde, de quem sabia que era importante, mas fazia pouco caso disso. O que, em si, tornava Namjoon bastante peculiar e um artigo incitador de curiosidade, por fugir à regra que ele mesmo criara.
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Wintersweet days
Fiksi PenggemarAos trinta e dois anos, Namjoon conquistou exatamente o que queria desde criança, mas algo o impede de se sentir feliz. Seokjin, aos trinta e cinco anos, tinha se acostumado aos rumos que sua vida tinha tomado, mas, vez ou outra, ainda sente falta d...