O começo

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Capítulo 7 – O começo

Harry teve certeza de que Snape estava certo no momento em que o quadro fechou e ele subiu para o dormitório. A hostilidade dos colegas era quase palpável, principalmente vindo de Rony que não acreditava em si. O Grifinório imaginou que o dia seguinte poderia ser um pouco melhor, mas se enganou.

Fazia tempo que não sentia aquela pressão enquanto caminhava pelos corredores da escola. Todos os olhares eram acusatórios, muitos viravam o rosto quando chegava perto. Parecia que tinha voltado para o segundo ano quando pensavam que tinha aberto a câmera secreta e era algum bruxo das trevas querendo eliminar os alunos. Mas agora nem mesmo seu melhor amigo estava ao seu lado. Não ter o ruivo o apoiando era a pior coisa, tudo parecia muito maior do que realmente era quando não se dava risadas dos insultos ouvidos pelos sonserinos e até mesmo por alguns lufanos.

- Não ligue para eles, Harry. – Disse Hermione enquanto se encaminhavam para o almoço.

Para a amiga era muito fácil falar isso, não era ela quem ficava ouvindo os insultos e indagações dos outros sobre como ele fez o que fez, nesse caso o que não fez. A exceção de Hermione, toda a escola parecia acreditar que colocara o nome no cálice, que conseguira burlar as regras e agora estava em busca da glória, sendo que a verdade era que se pudesse daria todo o ouro em seu cofre em Gringotes para que pudesse desfazer o contrato mágico e ser apenas Harry, apesar de que ser Harry já lhe trazia um desprazer enorme. Tudo que sempre quis foi ser apenas um garoto comum e nada mais.

Enquanto mexia a comida com o garfo e olhava para os alunos ao seu redor pensava em o quanto estava cercado de pessoas e se sentia sozinho. Sirius estava longe e não podia se comunicar com ele a todo momento, Rony não estava nem mesmo sentado perto e Hermione possivelmente não o entenderia.

Será que alguém seria de fato capaz de entendê-lo?

Enquanto olhava o rosto dos estudantes ao redor sentia que a resposta seria sempre não.

Como poderia saber? Eles não era Harry Potter, não eram o salvador do mundo bruxo que perdeu os pais quando bebê e tiveram que viver com parentes que os odiavam e por isso batiam neles. Não. Esse destino foi reservado apenas a ele.

O restante do dia se arrastou feito a neve que se prende ao chão no inverno e demora para querer ir embora na primavera. As horas pareciam querer castigá-lo com a lentidão de seus ponteiros. Quando finalmente o sinal para o fim das aulas bateu, Harry recolheu seu material e ao invés de rumar imediatamente para o salão principal foi em direção as escadas, tudo que queria era um tempo sem todos aqueles olhares acusatórios. Por isso se adiantou rapidamente para uma sala vazia onde sentou em uma carteira e ficou encarando o lado de fora onde se via o pôr do sol, em sua mente vinham muitas dúvidas sobre o fato do seu nome ter saído no Cálice de Fogo. Queria que Sirius respondesse a carta que mandara mais cedo para assim poder acalmar sua ansiedade, o padrinho provavelmente saberia o que estava acontecendo.

Em pensar que Rony estava bravo consigo por algo que não fez e nem mesmo percebera que tudo o que mais queria era não ser ele mesmo. As vezes ficava pensando "E se não fosse Harry Potter?" Será que teria os dois pais vivos? Estaria seu pai agora vivendo tranquilamente achando que seu filho estava em segurança?

- Seria legal. – Disse para si mesmo.

- O que seria legal, senhor Potter?

Ao ouvir aquela voz Harry olhou para traz e encontrou Snape parado à porta o olhando.

- Nada demais, professor. – Disse saindo de cima da carteira. – Estava pensando alto apenas.

- Por que não está jantando no grande salão com os outros?

Paternidade surpresa (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora