Luto

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Capítulo 16 - Luto

- Harry?

Harry abriu os olhos que nem ao menos havia percebido ter fechado. A sua frente estava Snape adormecido, sua respiração leve, a mão ainda segurando a sua. Não havia mais suor em sua testa, os olhos descansavam atrás das pálpebras. O menino, que estivera com a cabeça apoiada na cama, ergueu-se olhando para os ferimentos que agora estavam secos e quase fechados. Com um suspiro encostou as costas na cadeira que usara para velar o sono de Snape e esfregou o rosto com a mão livre enquanto a outra seguia segurando a do professor.

- Harry.

O grifinório deu um mini pulo na cadeira com o susto que levou ao ouvir o chamado atrás de si. A princípio imaginou ser algo em um sonho que o despertara, mas ao virar-se encontrou-se com Dumbledore o olhando.

- Diretor?

- Não queria te acordar. - Disse Dumbledore indo para o pé da cama e observando Snape. - Vim ver como Severus estava e te encontrei aqui, imagino que Pomfrey não deva saber que seu paciente saiu da ala antes da alta.

- Por que ele está assim? - Perguntou Harry ignorando o pequeno puxão de orelha do diretor por não estar na ala hospitalar internado como deveria.

- O professor Snape presta um grande e perigoso serviço para o mundo bruxo. Já prestou antes e se voluntariou para prestar novamente.

Harry franziu a testa pensando no que o mestre de poções poderia fazer para que ficasse daquela forma. A princípio a resposta não veio à mente, mas quando levou a mão pelo braço esquerdo tocando a marca negra agora muito visível sentiu uma dor horrível em sua cicatriz e imagens de Snape recebendo feitiços sem nem mesmo revidar vieram à tona. Quando as imagens passaram Harry ficou parado apenas olhando para seu professor enquanto tentava regular sua respiração, as imagens ainda muito nítidas em sua mente. Conhecia muito bem aquela mão esquelética que segurava a varinha branca.

- O mestre dele é o Voldemort. - Sussurrou e então olhou para o diretor sentindo uma onda de raiva subir por seu corpo. - Ele está assim porque está trabalhando com Voldemort.

- Lord Voldemort tem uma paciência muito curta com súditos que se atrasam quando o mesmo chama. Severus demorou mais de duas horas para ir vê-lo ontem, isso teve consequências.

- Consequências? Ele foi retalhado! - Gritou Harry fazendo Snape se mexer na cama. - Isso é errado, ele não pode ser usado dessa forma.

- Severus é um homem determinado, Harry, muito mais forte e poderoso do que pensa. O único com que podemos contar para uma tarefa como essa.

- Mas é errado. Não deveria permitir que ele fizesse isso, não deveria pedir isso a ele. É suicídio.

- Harry. - Chamou Dumbledore indo até próximo ao menino e olhando firmemente em seus olhos. - Se eu te dissesse que a única forma de vencer Lord Voldemort era você se entregar a ele de livre e espontânea vontade e que se não fizesse isso as pessoas que mais ama no mundo morreriam, você faria?

Havia uma sombra por trás dos óculos de meia lua do diretor, algo perigoso que Harry jamais imaginou ver naqueles olhos azuis profundos. Entendera o que o diretor queria dizer com aquela pergunta, possivelmente era o mesmo tipo de cilada que o bruxo usara com Snape para que o mestre de poções fizesse o que desejava. Se fosse Harry a escolher algo assim provavelmente o faria, mas ao olhar para Snape mais uma vez e perceber que aqueles ferimentos se transformariam em novas cicatrizes juntando-se a outras que haviam em seu corpo sabia que ele jamais permitiria, que arranjaria outra forma, a mais difícil que tivesse, ele não permitiria.

- Tem que ter outra forma. Não permitirei que ele se sacrifique novamente por mim.

- Severus não é um homem a ser parado facilmente.

Paternidade surpresa (Severitus)Onde histórias criam vida. Descubra agora