Sabe quando poucas coisas na vida te fazem parar, respirar fundo e admirar a dádiva que é viver?
Todos os dias eu abri meus olhos esperando que algo me tirasse o torpor de a cada momento só existir.
Nos escondemos em tantas camadas do que não somo...
O sono acabou me vencendo, e literalmente os sonhos vieram me atormentar. Eu acordei suada, ofegando enquanto o telefone tocava em minha cabeceira. O número de Octavia brilhava na tela.
- Droga, Octavia...
Murmurei e atendi o telefone dizendo antes que ela começasse a despejar informações sobre mim.
- Eu estou terminando de me arrumar, estou quase descendo.
- Lexa, qual é, você esqueceu de novo! Dessa vez não vou desistir, até mesmo preciso da sua carona.
- Já estou indo O!
Gritei e atirei o telefone sobre a cama enquanto me enfiava no banheiro. Tomei um banho rápido tirando os vestígios do sono do meu rosto, e esfregando meu rosto na expectativa de me livrar das imagens.
Quando desci Octavia batia o pé no chão estava de braços cruzados, escorada na lataria do meu carro.
Eu me aproximei e abri a porta do passageiro e ela entrou de mal humor murmurando sobre eu ser irresponsável.
- Satisfeita?
Falei dando partida no carro.
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Eu dei a ré e sai cantando pneu em direção ao pub no centro.
- Raven quase nunca volta para a cidade, você sabe. Ela não conseguiu se transferir...
Ela se inclinou na janela deitando a cabeça sobre o vidro dramaticamente.
- É uma pena.
Respondi enquanto olhava as luzes da cidade surgirem. A pouca movimentação nas calçadas de pessoas que voltavam de seus trabalhos, ou passeavam e noite tranquila de sexta feira. Virando uma rua os sons e as luzes fortes já indicavam que chegávamos a parte mais "movimentada" da cidade. Os carros conhecidos dos alunos do campus se espalhavam pelas ruas e as jaquetas de arkadia tornavam a área muito mais colegial do que os habitantes da cidade gostariam que fosse.
Quando parei o carro próximo a entrada do Rocks. A fachada chamativa brilhava em fontes neon cor de rosa, Octavia se virou para mim e disse:
- Quando você se apaixonar de verdade vai entender.
Eu ri ironicamente abrindo a porta do carro, e desci respondendo:
- Eu espero que isso demore muito, ou não aconteça. Prefiro não ficar aloprada dessa forma aí
Octavia desceu e bateu a porta do carro mostrando que não havia gostado da resposta. Eu lancei um olhar em sua direção estreitando os olhos, e ela sorriu nervosamente e então correu dando a volta no carro e me puxando pelo braço em direção a entrada aglomerada do pub.
