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Ele tocou seu pé ligeiramente inchado e o acariciou com cuidado, o que a fez sentir coisas diferentes com esse simples toque. Mais uma vez, ela tentou afastar o pé de suas mão, mas um gemido escapou quando a dor se intensificou.

- Se não ficar quieta, vai piorar - Ele a advertiu mais uma vez.


Candela providenciou uma bolsa térmica e, seguindo suas instruções, Victoriano deu a Inês um relaxante muscular.

As crianças, que haviam passado o dia na casa da avó, voltaram cheias de energia, e assim que souberam o que aconteceu correram até Inês, cobrindo-a de beijos e carinhos. No entanto, a pedido de Victoriano, deram espaço para que ela pudesse descansar. Enquanto ele massageava seus pés, Inês acabou adormecendo, com a pequena Conny deitada ao seu lado, como de costume, já que não gostava de se afastar dela.

Naquela mesma noite, Deborah se arrumou e preparou tudo para uma noite especial com Victoriano, mas ele sequer ligou para avisar que não iria. No dia seguinte, ao perceber que Victoriano não tinha ido trabalhar, ela foi até a fazenda e o encontrou ajudando Inês a descer as escadas, já que Inês era teimosa demais para ficar o dia todo trancada no quarto.

Deborah tentou disfarçar o ciúme que sentia em relação à empregada, mas quando estavam a sós, não poupou críticas.

...

Os dias passavam e se tornava cada vez mais difícil negar e esconder o que sentiam um pelo outro. Embora tentassem evitar, o ciúme, o brilho nos olhos e o sorriso fácil que surgia sempre que estavam perto acabavam os denunciando. Sempre que seus olhares se encontravam, pareciam estar carregados de palavras não ditas.

Victoriano passava cada vez mais tempo em casa, e, sempre que podia, trabalhava da fazenda. Pelo menos duas vezes por semana, levava Inês e as crianças para passeios a cavalo. Momentos esses que passaram a ser esperados ansiosamente pelos dois.

Deborah, que não era tola, sempre que tinha a chance inventava uma desculpa para ir até a fazenda e, claro, fazia questão de exibir seu relacionamento na frente de Inês. Ainda que lhe custasse muito acreditar que um homem como Victoriano pudesse se interessar por Inês, considerando a diferença entre elas.

Enquanto Deborah era jovem, bonita e elegante, Inês era 10 anos mais velha, tinha um filho e levava um estilo de vida simples. Suas roupas eram discretas, ela quase nunca usava maquiagem e seu cabelo estava frequentemente preso em um coque alto ou rabo de cavalo. Mas, apesar de seu estilo modesto, Inês tinha um ar meigo e um olhar gentil que cativavam e atraíam a atenção de todos ao seu redor, deixando Deborah em alerta.

Porém, após alguns dias em que a tranquilidade e a harmonia entre eles puderam se estabelecer gradualmente, Deborah preparou uma surpresa especial para seu amado e para a governanta.

No final do dia, Deborah dirigiu até a fazenda e, ao chegar, encontrou-os na sala de estar. O sol já havia se posto e Inês estava alimentando Conny enquanto orientava Victoriano sobre como pentear o cabelo das meninas. Com seu jeito um tanto brusco, Diana fazia caretas de desconforto, enquanto Alejandro e Cassandra observavam a cena com sorrisos divertidos, apesar do receio de serem os próximos a terem seus cabelos penteados pelo pai.

Deborah parou na entrada, observando por alguns instantes a interação afetuosa entre seu noivo, as crianças e a governanta. Depois de um breve silêncio, limpou a garganta para anunciar sua presença. Victoriano, as crianças e Inês se viraram surpresos, e a atmosfera leve rapidamente se transformou em algo mais sério.

- Boa noite! - Ela os cumprimentou com um belo sorriso no rosto, e com o olhar de todos sobre ela, ela caminhou até Victoriano. - Senti saudades, meu amor! – Murmurou, envolvendo-o em um beijo, enquanto seus braços se enrolaram ao redor do pescoço dele. Então, se voltou novamente para as crianças e Inês, que, assim como Victoriano, permaneciam em completo silêncio.

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