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O tempo não está melhorando essa dor

Ele adentrou a casa de mãos dadas com as dela, enquanto a mulher exibia um sorriso radiante, como se fosse a mulher mais feliz do mundo. No entanto, ele continuava sendo uma incógnita para todos.

Apesar da aparente felicidade estampada em seu rosto, aqueles que realmente o conheciam não conseguiam acreditar no que viam.

Inês os observou de longe. Cada gesto deles era como uma facada em seu coração, mas ela engoliu o choro e fingiu não sentir nada ao vê-lo fazer planos com outra mulher. Ele havia feito sua escolha, e essa escolha não era ela.

Mais uma vez, o destino parecia brincar com ela.

- Nana! – Diana veio correndo em sua direção, seguida por Cassandra, que também ansiava por atenção. Alejandro, por sua vez, permaneceu à distância.

Alejandro tinha nove anos, Diana oito, Cassandra seis, e a pequena Conny, com apenas um ano, mal começava a dar seus primeiros passos. Inês tentava se manter firme, por eles, apesar da tempestade de emoções que a tomava.

...

Por uma dessas ironias da vida, Diana Elisa cruzou o caminho de Inês quando ela trabalhava como técnica de enfermagem em um hospital de outro estado. Victoriano, como sempre, mal tinha tempo para a esposa e raramente a acompanhava em seus compromissos, o que facilitou a aproximação de Diana Elisa. Desde o primeiro encontro, Diana Elisa se encantou por Inês de uma maneira que não esperava. A amizade entre elas cresceu naturalmente durante os primeiros meses de gestação, e, a três meses do nascimento de Conny, Diana Elisa conseguiu convencer Inês a trabalhar para ela na fazenda.

Ela argumentou que queria o melhor para suas filhas, oferecendo um salário generoso e a promessa de uma vida sem preocupações com aluguel. Na fazenda, seu filho poderia crescer livre, aproveitando o ar puro e a vida tranquila do campo.

Entretanto, por trás dessa proposta aparentemente generosa, havia uma mulher sofrendo de depressão, incapaz de suportar as imposições do marido e sua personalidade autoritária. Um dia, ao vasculhar as coisas dele, encontrou a foto de uma mulher de cabelos negros e olhos verdes, junto com um endereço. A princípio, pensou que se tratava de mais uma amante, mas ao investigar mais a fundo, percebeu que havia algo muito mais complexo por trás daquela história.

Inês foi levada para a fazenda com seu filho e, após se instalar em um dos quartos, decidiu explorar o restante da casa e conhecer os funcionários. Enquanto esperava pela patroa, um homem entrou abruptamente na casa, visivelmente furioso, soltando fumaça pelo nariz e fogo pela boca. Ele havia acabado de perder uma corrida de cavalos e sua raiva era palpável.

Ao ouvir a voz dele, o coração de Inês disparou e de imediato ela se sentiu como se fosse levada de volta ao passado. Ele, por sua vez, ao perceber que não estava sozinho, amaldiçoou em silêncio, sem paciência para receber visitas ou fazer qualquer tipo de cortesia.

- Boa tarde! – Cumprimentou ele, com má vontade, enquanto ela ainda estava de costas para ele.

- Boa tarde, Victoriano! – Diana Elisa, ao ouvir o cumprimento de Victoriano, respondeu de forma fria enquanto descia as escadas. Ela se dirigiu a ele sem esperar que Inês o respondesse.

Ele a observou, mas sua expressão não melhorou muito.

- Deixe-me apresentar a babá de nossas filhas. – Diana Elisa aproximou-se de Inês, que permaneceu imóvel, desejando apenas fugir dali.

Victoriano retirou o chapéu enquanto Inês, de cabeça baixa, girava lentamente na sua direção. Ela respirou fundo e levantou o olhar para encará-lo.

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