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- Não precisamos de apresentações, filho! - Loreto sorria, mantendo os olhos fixos em Inês. - Já nos conhecemos muito bem.

- Como assim? Papai, você não me disse que os conhecia. - Elias perguntou, confuso.

- Quis fazer uma surpresa. - Loreto continuou, agora com um sorriso debochado. - Mas eu e a mãe da sua namorada tivemos um... - Ele não teve tempo de terminar a frase. O soco de Victoriano atingiu-o em cheio.

Victoriano estava se segurando por respeito aos filhos e à esposa, mas o cinismo em cada palavra e gesto de Loreto foi a gota d'água. Como se toda a raiva do passado ressurgisse de uma só vez, partiu para cima dele com o mesmo ódio que o consumira antes.

Dois socos o derrubaram, mas antes que pudesse continuar, foi puxado para longe por Elias, Alejandro e Emiliano. Foram necessários três para contê-lo.

Inês se colocou entre eles, tentando acalmar o marido, enquanto Diana e os demais olhavam a cena, sem entender o que estava acontecendo.

...

Loreto e Elias foram embora, e Diana chorava no quarto, sendo consolada pelos irmãos. Inês já havia pedido perdão à filha e agora, sentada sozinha, lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto enquanto seu olhar vagava perdido pela janela. Ela esperava ver o carro de Victoriano chegar, mas o silêncio da estrada apenas aumentava sua angústia.

Victoriano havia prometido deixar o passado para trás, mas ver Loreto novamente, o homem que a roubou dele, reacendeu um ódio que ele mal conseguia conter. Incapaz de suportar a raiva, ele não conseguiu ficar em casa. Em vez disso, saiu para beber em um bar de beira de estrada, buscando afogar os sentimentos que não queria, mas que não podia ignorar.

...

- Eu preciso saber o que houve... – Victoriano disse com a voz arrastada.

Cansada de esperar, Inês ligou para Artêmio, e foi até o bar onde Victoriano estava.

- Victoriano, por favor. – Disse ela, enquanto, com a ajuda de Artêmio, o levava para o carro.

- Por favor, digo eu, Inês. – Ele a olhou com olhos pesados de ciúmes e medo. – Como você acha que me senti, sabendo que o homem que me roubou você uma vez, está de volta? 

- Ele nunca me roubou de você! – Inês tocou delicadamente o rosto dele antes de dispensar Artêmio e entrar no carro para dirigir.

- Como não? - Mesmo bêbado, Victoriano a olhava, com sinceridade, esperando respostas. — Você... você foi pra cama com ele. Achou que meu filho fosse dele. - Ele estava embriagado, mas não fora de si.

Ela suspirou, cansada de ver o mesmo fantasma do passado assombrar o presente.

- Eu nunca fui pra cama com ele... - Seu coração pesou, e algumas lágrimas desceram por seu rosto. - Não por vontade própria. - Confessou em um sussurro, ligando o carro.

- O quê? O que está querendo dizer? - A voz de Victoriano vacilou, confusa e atordoada.

- ... Respirou fundo. – Por enquanto, é tudo o que você precisa saber. – Ela respondeu encerrando o assunto. – E você me prometeu... prometeu que esqueceria o passado. – A imagem de Victoriano atacando Loreto ainda estava fresca em sua mente, e ela sabia que, se ele descobrisse toda a verdade, o mataria.

- Inês, a presença dele aqui muda tudo! — Victoriano exclamou, a raiva transparecendo.

- Não muda nada para mim. – Inês o olhou de relance, com seriedade. – Eu amo você. Todos esses anos juntos não são prova suficiente disso? – Sua voz carregava a dor de quem temia perder tudo. Ela então parou o carro no acostamento, virando-se para encará-lo. – Eu não tenho sido uma boa esposa?

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