...
- Eu não tinha certeza. - Inês tentou se explicar, mas sua voz soou fraca, quase inaudível.
No escritório da fazenda, a tensão no ar era palpável.
- Não tinha certeza? - Ele riu amargamente, balançando a cabeça em descrença. - Claro que não tinha! E quando voltou, nem sequer se deu ao trabalho de me contar que ele poderia ser meu! - A fúria na voz dele ecoava pelo escritório, sufocando o ar entre eles. - Meu filho, Inês! Meu! - Ele apontou para si, seus olhos ardendo de raiva, a presença intimidante a fazendo estremecer.
- E o que queria que eu dissesse?... "Olá, Victoriano, acho que temos um filho"? - A exaustão em sua voz era palpável. Estavam presos naquele ciclo interminável de acusações, e ela já sabia que essa conversa não levaria a lugar algum. - Você estava casado, com duas filhas, uma esposa doente e grávida! O que eu poderia fazer?
- Faz mais de um ano que você voltou... mais de um ano, Inês! - Ele bateu as mãos na mesa, fazendo-a saltar. - E, para começar, você nunca deveria ter ido embora! - Vociferou, a frustração transbordando. – Afinal, o que te deu? Não ficou comigo, não ficou com o Loreto. O que queria? – Com desdém, ele se aproximou dela. – Estava desconfiada que o filho era de outro? – Ela o encarou, o ódio queimando em seus olhos. – Não, porque, do jeito que estou vendo, você andava nos braços de um de outro. Talvez procurasse alguém mais rico que Loreto, e esse te rejeitou ao descobrir quem você realmente era. – Ele mal terminou a frase quando sentiu o estalo dos cinco dedos da mão dela em seu rosto.
- Você é um desgraçado! – Ela o empurrou e se dirigiu à porta, mas a encontrou trancada. – Abre essa porta.
- Ainda não terminamos!
- Os insultos ainda não acabaram? – Mesmo exausta, ela o desafiou com o olhar. – O senhor já me julgou e condenou. O que mais quer de mim? – A dor em suas palavras era evidente, e o peso das acusações começava a esmagá-la.
- Eu preciso saber!... Por quê? - Ele parou, a voz agora vacilante. - Você dizia que me amava. Eu te amava. Eu faria qualquer coisa por você. Sabia o quanto eu queria esse filho. E você me escondeu isso... privou o meu filho de ter um pai. - Sua voz falhou, enquanto a raiva misturava-se à dor. - E pensar que, mesmo depois de tudo o que você fez, eu ainda estava disposto a casar com você.
- E te amava... te amo! - A voz dela era um sussurro, carregada de dor.
- E me traiu. Foi embora sem nem se despedir! - Victoriano fechou os olhos por um momento, lembrando-se do anel de compromisso que ela deixou para trás. - E agora descubro que levou o meu filho junto! Não consigo acreditar em uma única palavra que venha de você.
- Eu não podia ficar... era inexperiente. Queria proteger vocês... – Inês hesitou, a verdade presa em sua garganta. – Não tinha maturidade para lidar com tudo aquilo. – Viajou para um passado distante e doloroso.
- Não tinha maturidade para ficar comigo, mas teve para fugir com... - Ele rebateu, ácido.
- Com quem, Victoriano?- Ela o interrompeu, sua voz cortante. - Eu sai daqui sozinha e sozinha vivi até meu filho nascer. - Olhou-o com raiva. - Quer saber, pense o que quiser! Estou cansada de você me olhando como se eu tivesse cometido algum crime. Agora por favor, abre essa porta.
- Inês... - Ele começou, mas ela o cortou novamente.
- Não me diga que ainda não acabou, porque eu não aguento mais isso! - Ela secou as lágrimas que desciam pelo rosto. - Já sabemos que ele é seu filho. Aproveite. – Respirou fundo, tentando manter o controle.
- Quero reconhecer a paternidade. Que ele tenha meu nome!
- Certo! - Respondeu sem olhar para ele, torcendo para que esse momento acabasse logo.
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Las Amazonas
FanfictionUm mini conto ;) Era para ter sido só um capítulo, mas quando percebi, já tinha 20 folhas.